Especialista explica que muitas pessoas, atualmente, buscam o casamento
muito mais no sentido de viver uma experiência amorosa, uma relação e
uma história de amor, do que no sentido de formalizar a união (Foto:
Fabiane de Paula/Diário do Nordeste)
No ano de 2010, 68% das uniões entre jovens, de 15 a 24 anos,
aconteceram de maneira informal. Os dados são do último Censo
Demográfico, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
divulgados, ontem, e que aponta a proporção de pessoas que vivem por
união consensual, ou seja, quando o casal vive sem a união civil ou
religiosa, como a maior em crescimento no País em dez anos. Conforme o
Censo, no Estado, 35,65% das uniões conjugais entre pessoas a partir de
10 anos, ocorrem apenas de forma consensual.
Segundo o levantamento, das 388.310 uniões conjugais entre jovens no
Estado no ano de 2010, 263.976 delas ocorreram de forma consensual, o
equivalente a 68%. Já 61.837 dos jovens casados se uniram apenas no
civil, representando 16% das uniões. O casamento civil e religioso
ocorreu em 10,5% dos casos, com o total de 40.554 uniões, e a união
apenas pelo religioso representa apenas 5,5% dos casos, com 21.943
casamentos.
A auxiliar administrativa Diana Carmem Pereira dos Santos, de 21 anos,
está casada de forma consensual há dois anos com o técnico em
Informática José Valderlan Almeida Arruda, de 18 anos. Para ela, que tem
planos de legalizar a união perante a Justiça, o fato ainda não
aconteceu por questões econômicas do casal. Pais de uma menina de quatro
anos, a jovem explica que, por ela, a união formal já teria ocorrido,
mas por opção do companheiro, resolveram esperar por melhores condições
financeiras. "Quando nos juntamos, ele apenas estudava e, hoje, ele
espera por um emprego mais estável e uma casa melhor antes de
oficializarmos a relação", explica Diana.
Para a coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre Gênero, Idade
e Família (Negif) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Maria Dolores
Mota, essa é uma das questões que faz com que as pessoas busquem a
informalidade nas uniões conjugais. Conforme explica, o casamento como
ritual, hoje, se transformou em uma verdadeira indústria, onde é
destinado diversos recursos, mobilizando, assim, diferentes setores para
se construir a celebração. "É uma escolha que sai muito caro", diz.
Relação
Por outro lado, aponta, muitas pessoas atualmente buscam o casar muito
mais no sentido de viver uma experiência amorosa, uma relação, e uma
história de amor, do que no sentido de formalizar a união. Conforme ela,
o casamento, nesse aspecto, muda de sentido, deixando de ser visto como
uma obrigação, se tornando mais importante viver a relação de
afetividade do que construir um ritual obrigatório.
"Isso foi uma revolução muito grande do olhar das pessoas sobre o
casamento. As pessoas querem viver uma liberdade maior e junto com isso
há uma busca amorosa totalmente diferente de 50 anos atrás, e que só vem
se acentuando com o tempo. Elas querem apenas conquistar o direito de
amar", observa.
Dados
O percentual de uniões consensuais no Brasil cresceu em dez anos,
passando de 28,6%, em 2000, para 36,4 %, em 2010, conforme dados do
IBGE. Segundo aponta o Censo Demográfico, no Ceará, os números são ainda
mais significativos. Com 692.045 uniões consensuais em 2000 para
1.219,171, em 2010, o Estado registra aumento de 76,16% nos casamentos
informais, o topo do crescimento em se tratando de uniões conjugais.
Em segundo lugar está o casamento civil, que passou de 485.010 para
621.716 em 10 anos, um crescimento de 28,18%, seguido dos casamentos
religiosos, que passaram de 305.606 para 309.605, representando um
aumento de 1,3 % no número de uniões.
Já em se tratando do casamento civil e religioso, a mudança na proporção
foi mínima. De 1.274.164 uniões em 2000 para 1.269.566 em 2010, o
aumento registrado é de apenas 0,36%.
Fonte: Diário do Nordeste
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