Yaçanã Neponucena
Com a nova cultivar introduzida pela Embrapa, os agricultores envolvidos
na cultura do amendoim no Cariri esperam alcançar mais lucros. A
produtividade promete ser maior. (Foto: Yaçanã Neponucena)
Mesmo com uma produtividade baixa, entorno de 600 quilos por hectare, o
Cariri tem condições climáticas de produzir amendoim de excelente
qualidade. Entretanto, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), ainda é necessário que os produtores adotem
técnicas de manejo que contribuam para a elevação da produção. Na manhã
de ontem, técnicos do órgão apresentaram uma nova variedade da
leguminosa.
O objetivo é demonstrar as formas de manejo e colheita adequadas que
permitam a obtenção de mais vantagens.
Atualmente, um dos grandes entraves para os agricultores é a falta de
atributos das sementes, que geralmente vem de outras regiões,
principalmente do Sudeste do País.
Os grãos oferecem baixo poder germinativo, levando a frequentes
frustrações de safras. Para melhorar a situação regional, ainda no fim
do ano passado, o órgão desenvolveu uma nova variedade do amendoim.
Para os técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
(Ematerce) e produtores que estão envolvidos no agronegócio do amendoim
em nove municípios da região, a Embrapa realizou um dia de campo, onde
esclareceu as dúvidas e orientou sobre a nova variedade, que é chamada
de BRs Pérola Branca. A oleaginosa foi desenvolvida após a Petrobras ter
sugerido, ainda em 2005, a inclusão de uma linha de pesquisa voltada
para o mercado de óleo. Para a pesquisadora da área de melhoramento
genético e responsável pelas cultivares de amendoim da Embrapa no
Brasil, Roseane Cavalcanti dos Santos, os benefícios da nova variedade
são significativos tanto para a indústria como para os produtores.
Segundo ela, o amendoim tem capacidade de produção entre 2,5 e três
toneladas por hectare.
"A variedade é adaptada ao ambiente semiárido e tolerante a doenças de
folhagens. Somente a última característica citada possibilita o manejo
mais barato na ordem de 15%. Além de poder produzir acima do esperado,
desde que sejam seguidas as recomendações especializadas para o manejo
da cultivar", afirma.
O amendoim BRs Pérola Branca foi elaborado por meios convencionais do
melhoramento genético, envolvendo apenas cruzamentos de seleção.
Possuindo em torno de 51% de óleo bruto nas sementes, a cultivar é
destinada a atender ao emergente mercado produtor de óleo de fontes
renováveis.
Por meio de testes, realizados no Instituto de Tecnologia de Paraná
(Tecpar), os pesquisadores atestaram a excelente resistência oxidativa
do óleo, o que confere maior vida de prateleira para os produtos
processados pelas indústrias oleoquímicas, a exemplo dos
biocombustíveis.
O calendário de plantio da variedade é durante a estação chuvosa, mas,
em regime irrigado, a produtividade duplica. Atualmente, a maioria dos
produtores adotam o método de sequeiro. Além deste segmento, a parte
aérea da planta pode servir de alimentação para animais ruminantes, nas
formas de feno e silagem, quando misturadas a pequenas quantidades de
cana de açúcar. Apenas um hectare de amendoim produz, em média, 3.500
quilos de matéria seca de alto valor nutritivo, com aproximadamente 13% a
17% de proteína bruta e 55% de Nutrientes Digestivos Totais (NDT), o
que representam a porção energética do alimento.
Ainda possui grande potencial digestivo, de cerca de 62%. Em alguns
municípios do Cariri, o aproveitamento está sendo realizado com mais
intensidade.
A inovação da cultivar BRs Pérola Branca está nas características da
planta, que é rasteira e de copa densa. O que facilita também a colheita
manual. No Nordeste, grande parte dos produtores plantam materiais de
porte ereto, que embora sejam menos produtivos, facilitam a retirada do
solo. No momento, a Embrapa dispõe de quatro cultivares que foram
testadas no Cariri. Todas elas demonstraram-se adaptáveis à região nos
dois regimes de cultivo. A produção local é direcionada para o mercado
de consumo in natura, composta pelo amendoim cozido e torrado que é
distribuído por meio de feiras livres ou vendido para outros Estados.
Hoje, uma das grandes dificuldades para a cultura do amendoim é o custo
da produção. Em casos de contratação de mão de obra externa, o gastos
podem chegar a até R$ 2 mil. No entanto, na safra, o valor do produto
não deixa margens para os prejuízos. Este ano, o amendoim em casca teve
preço de R$ 2,30 em média. Para os agricultores, o rendimento bruto
chega a ser de R$ 3.500 por hectare.
Mais informações:
Embrapa Algodão
Avenida José Bernadino- 4000
Sítio Buriti
CE-293-Barbalha
Telefone: (88) 3532.3031
Fonte: Diário do Nordeste
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