Policiais percorrem ruas da comunidade a cavalo (Foto: Tonny
Campos/Estadão Conteúdo)
Atentados contra policiais militares foram ordenados por traficantes de
Paraisópolis, na zona sul, admitiu o governo pela primeia vez nesta
segunda-feira (29).
A declaração foi dada pelo secretário de Segurança Pública, Antônio
Ferreira Pinto, minutos antes de chegar à favela, ocupada horas antes
por 600 homens da Tropa de Choque da PM. O objetivo é asfixiar o tráfico
de drogas e causar prejuízos ao PCC (Primeiro Comando da Capital). A
ação na segunda maior favela de São Paulo deve durar pelo menos um mês.
A guerra não declarada entre PCC e PM é apontada por especialistas como a
principal causa do aumento de homicídios - no mês de setembro, eles
cresceram 96% na capital, em comparação com o mesmo mês do ano passado.
Muitas das execuções de policiais são seguidas por ações de criminosos
em motos ou carros, que, mascarados, atiram indiscriminadamente contra
suspeitos de usar drogas ou supostos ladrões ou traficantes. Famílias de
vítimas denunciam a ação de policiais.
Oficialmente, a secretaria informa que o objetivo da operação em
Paraisópolis é "combater o tráfico de drogas e diminuir roubos na
região, além de dar sossego a quem vive na comunidade". Mas dados de
criminalidade mostram que a região registrou apenas um assassinato no
mês passado e queda de roubos e furtos, em relação a agosto.
O que torna Paraisópolis importante do ponto de vista criminal é o fato
de a comunidade ter virado uma espécie de esconderijo de traficantes do
PCC e ladrões que agem no Morumbi. Policiais ocuparam a comunidade após
investigação que contou com grampos telefônicos e infiltração de agentes
na região. Foram apreendidos 130 kg de maconha, 6 kg de cocaína, 50
frascos de lança-perfume, um fuzil. Também foi preso Edson Santos, de 31
anos, o Nenê. Ele é acusado de ser o "disciplina" do PCC em
Paraisópolis, responsável pelo "tribunal do crime" na região.
Os "julgamentos" ocorriam no campo do Palmeirinha, tomado nesta pela
Tropa de Choque. Nenê era o braço direito do chefão do tráfico na
favela: Francisco Antônio Cesário da Silva, o Piauí, preso em 26 de
agosto pela Polícia Federal em Itajaí (SC).
Segundo o deputado Major Olímpio, o traficante disse aos policiais que o
prenderam que a ordem da facção é matar um PM a cada integrante do PCC
preso e matar dois PMs a cada bandido morto. O vereador eleito Conte
Lopes (PTB) disse que ouviu a mesma informação.
— Nossa área de inteligência o localizou [Piauí] e entrou em contato com
a PF, que fez a prisão.
Ferreira Pinto afirmou ainda que a operação em Paraisópolis é "só a
primeira de outras que devem ser feitas pela PM para combater a onda de
homicídios". Mas tentou mais uma vez minimizar o poder do PCC, afirmando
que o tráfico não é monopólio da facção.
Críticas
Na favela, a presença de PMs a cavalo e fortemente armados causou
estranheza e críticas. Moradores reclamam de não terem sido informados.
Apesar do aparato policial, até o início da noite o comércio funcionava
normalmente. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Fonte: R7
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