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Todos os policiais presos eram do Batalhão de Duque de Caxias (Foto:
Osvaldo Praddo/Agência O Dia)
A ganância dos policiais do Batalhão de Duque de Caxias (15º BPM) que
mantinham envolvimento com o tráfico em 13 favelas da cidade, na Baixada
Fluminense, era tão grande que eles chegaram a disputar a mesma
propina, deixando confusos até mesmo os traficantes e provocando a baixa
no valor do chamado “arrego”. Durante a operação Purificação,
desencadeada na última terça-feira (4), 63 PMs e 11 traficantes foram
presos.
Um exemplo da disputa pelo dinheiro do tráfico de drogas foi registrado
no dia 6 de maio. Segundo denúncia da Promotoria, interceptações
telefônicas flagraram o primeiro sargento Wagner Teixeira Gonçalves
perguntando a um traficante da favela Corte Oito a que horas ele poderia
passar na comunidade para receber o arrego.
O traficante diz que os “caras do postinho” já estavam pegando o
dinheiro, em referência aos policiais do DPO (Destacamento de
Policiamento Ostensivo) do bairro. O PM então demonstra indignação e
lembra que havia ligado há uma semana e que, durante o plantão dele, em
uma quarta-feira, os criminosos não haviam sido incomodados.
O traficante responde que, na quinta-feira, policiais ocuparam o DPO e
disseram que a propina daquela região era para ser paga a eles. O
sargento Gonçalves ameaça reprimir a venda de drogas e o traficante
sugere que os policiais interessados entrassem em acordo e dividissem a
propina. O traficante diz que deu o dinheiro para três “barcas” do DPO,
como chama os carros usados pelos policiais, modelo Blazer.
O sargento Gonçalves rebate o traficante e diz: “você não sabe que a
nossa são duas [viaturas], que tu já não manda R$ 500 para cada?”. O
policial tenta convencer o criminoso a pagar o arrego a ele, dizendo que
a escala de plantão dos policiais do DPO é de 12 horas de trabalho e
que, por isso, o traficante teria de fazer pagamentos praticamente todo
os dias, enquanto a escala dele é de 24 horas de trabalho por 72 horas
de descanso. Com isso, o pagamento seria feito em intervalos de tempo
maiores.
O sargento insiste e diz que o acerto entre eles era “coisa antiga e a
do DPO era outra parada”. Na tentativa de mostrar que o arrego pago a
ele causava menos prejuízo para os traficantes, o PM reforça: “a deles
são três, a minha são duas”. O PM diz que não tem como pedir que os
colegas parem de pegar o dinheiro. O traficante se justifica, alegando
que as viaturas são todas iguais e ele não tem como saber de qual grupo
são os PMs. Gonçalves ameaça e diz que, se no próximo plantão, o “arrego
não for pago”, vai “bagunçar”, ou seja, fazer operações de repressão ao
tráfico.
"Acabou o amor"
O traficante diz ao PM que, se ele quiser “cortar a parada”, pode
cortar, porque ele não tem como fazer mais nada. Inconformado, o
sargento entra em contato com o cabo Dario Fabrício Barbosa da Silva, às
20h55, explica o ocorrido e pede para ele ligar novamente ao traficante
e dizer que “acabou o amor”. Fabrício diz já ter ligado e que o
criminoso havia informado que só pagaria à “casinha”, outra referência
ao DPO.
Por fim, o traficante cede, diz que quer tranquilidade e que o problema
que está acontecendo precisa ser resolvido entre os próprios PMs. Ele
diz que o chefe do tráfico só autorizou que o pagamento fosse feito a
quatro viaturas, mas que os policiais do DPO trabalham em turnos de 12
horas e que acaba pagando quatro viaturas por dia, duas de manhã e duas à
noite.
O criminoso sugere que Gonçalves divida esse dinheiro com os policiais
do DPO. No dia 14 de maio, oito dias depois da conversa, o sargento
Gonçalves acerta o recebimento de propina da favela Corte Oito referente
a três viaturas. Como o traficante manda R$ 1.200, o PM reclama do
valor, dizendo que deveria ser “uma caixa e meia” (R$ 1.500). O
traficante responde que o chefe do tráfico só estava pagando R$ 400 por
cada barca por causa do aumento do efetivo.
Aumento da criminalidade
As investigações sobre o envolvimento de PMs do 15º BPM com traficantes
de Duque de Caxias, todos ligados à maior facção criminosa do Estado,
começaram após a Subsecretaria de Inteligência ter detectado um aumento
da criminalidade da região. A partir de então, a Polícia Federal foi
acionada e a investigação foi dividida: a PF ficou responsável pelos
traficantes e a Coordenadoria de Inteligência da PM, pelos militares.
A operação contou com a participação de quase mil policiais. De acordo
com o comandante-geral da PM, coronel Erir da Costa Filho, todos os
policiais militares serão presos no prazo máximo de 30 dias.
Fonte: R7
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