A revista fez um ranking com os líderes mais ricos.
28/01/2013 - 18:57
"Religião sempre foi um negócio lucrativo." Assim começa uma reportagem
da revista americana "Forbes" sobre os milionários bispos fundadores das
maiores igrejas evangélicas do Brasil.
A revista fez um ranking com os líderes mais ricos. No topo da lista,
está o bispo Edir Macedo, que tem uma fortuna estimada em R$ 2 bilhões,
segundo a revista.
Em seguida, vem Valdemiro Santiago, com R$ 400 milhões; Silas Malafaia,
com R$ 300 milhões; R. R. Soares, com R$ 250 milhões; e Estevan
Hernandes Filho e a bispa Sônia, com R$ 120 milhões juntos.
Edir Macedo, fundador e líder da Igreja Universal do Reino de Deus, além
de ser o pastor mais rico do Brasil, possui templos até nos Estados e
um jato bimotor particular, de modelo Bombardier Global Express XRS,
estimado em R$ 90 milhões.
Macedo tem 10 milhões de livros vendidos, alguns deles extremamente críticos à Igreja Católica e a algumas religiões africanas.
Seu maior movimento aconteceu na década de 1980, quando adquiriu a rede
Record, a segunda maior emissora do Brasil. Além disso, é dono do jornal
"Folha Universal", que tem uma circulação de 2,5 milhões de exemplares,
e do canal de notícias Record News.
Seguindo os passos de Macedo, Valdemiro Santiago é ex-pastor da Igreja
Universal do Reino de Deus. Após se desentender com o chefe, ele fundou
sua própria igreja: a Igreja Mundial do Poder de Deus, que tem 900 mil
seguidores e mais de 4.000 templos, muitos deles adornados com imagens
dele. Sua fortuna é estimada em R$ 400 milhões.
Silas Malafaia é líder da Assembleia de Deus, a maior igreja pentecostal
brasileira. Entre os pastores, ele é o mais polêmico, e se envolve
frequentemente em controvérsias com a comunidade gay do Brasil, já que
declara ser o maior opositor ao casamento gay.
Ele também é uma figura proeminente no Twitter, onde possui mais de 440 mil seguidores.
Em 2011, Malafaia, cuja fortuna é estimada em R$ 300 milhões, lançou uma
campanha a fim de arrecadar R$ 1 bilhão para a sua igreja, com o
intuito de criar uma emissora de televisão global, que seria transmitida
em 137 países. Os interessados podem contribuir com somas a partir de
R$ 1.000, e em troca receberão um livro.
Já o cantor, compositor e televangelista Romildo Ribeiro Soares,
conhecido como R. R. Soares, é possivelmente o mais multimídia entre os
pastores brasileiros. Fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus,
R. R. Soares é uma das faces mais regulares da TV brasileira.
Ele também é ex-membro da Igreja Universal do Reino de Deus, além de ser
cunhado de Macedo. Autointitulado "missionário", tem uma fortuna
estimada em R$ 250 milhões. Sua aeronave particular, de modelo King Air
350, custa "apenas" R$ 10 milhões.
Fundadores da Renascer em Cristo, o "apóstolo" Estevam Hernandes Filho e
sua mulher, a "bispa" Sônia, possuem mais de mil igrejas no Brasil e no
exterior – várias delas na Flórida, nos Estados Unidos.
Com uma fortuna estimada em R$ 120 milhões, o casal foi manchete dos
jornais internacionais em 2007,quando foram presos em Miami sob a
acusação de levarem consigo mais de R$ 100 mil não–declarados. Algumas
notas estavam escondidas em meio às páginas da Bíblia, segundo agentes
norte-americanos.
Eles voltaram ao Brasil um ano depois, onde respondem por outros crimes,
entre eles a queda do teto de um de seus templos, que deixou nove
pessoas mortas em 2009.
Entre seus ex-fiéis mais conhecidos, está o jogador de futebol Kaká, que
doou mais de R$ 2 milhões no período em que frequentou a igreja. Ele
deixou a instituição após as denúncias de fraude envolvendo o casal
Hernandes.
Ser um pastor evangélico no Brasil é o sonho de muitas pessoas, de
acordo com a Forbes. Diferente de muitas igrejas protestantes, que
requerem que seus pastores tenham uma graduação, as igrejas
neopentecostais brasileiras oferecem cursos intensivos para "criar"
pastores com um custo de R$ 700, para poucos dias de aula.
Não é apenas uma questão de dinheiro – Malafaia, por exemplo, chega a
pagar salários de R$ 20 mil a seus pastores mais talentosos – mas também
de poder, segundo a reportagem.
Muitos pastores brasileiros conseguiram passaportes diplomáticos nos
últimos anos. Alguns, especialmente os mais ricos, são cortejados por
políticos em época de eleições. Para finalizar, igrejas são imunes a
impostos.
Crescimento dos evangélicos
A Forbes também destaca o crescimento dos evangélicos no Brasil --de
15,4% para 22,2% da população na última década--, em detrimento dos
católicos. Hoje, os católicos romanos somam 64,6% da população, ou 123
milhões de brasileiros. Os evangélicos, por sua vez, já somam 42
milhões, em uma população total de 191 milhões de pessoas.
Para a revista, um dos motivos do crescimento de religiões evangélicas
se dá graças à teologia da prosperidade, segundo a qual o progresso
material é resultado dos favores de Deus. Enquanto o catolicismo ainda
prega um olhar conservador sobre o além-vida, os evangélicos --sobretudo
os neopentecostais-- são ensinados a ter prosperidade nesta vida.
A fórmula parece estar funcionando. De acordo com a revista, os
evangélicos formam uma parte da nova classe média brasileira, conhecida
como classe C. Enquanto isso, os mais ricos e os mais pobres permanecem
católicos.
Os evangélicos não só usufruem de seus bens como doam uma parte de sua
renda à igreja – prática conhecida como "dízimo" e que também está
presente em outras religiões cristãs. Isto faz com que certas igrejas
pentecostais sejam negócios altamente lucrativos, e seus líderes,
milionários. É a chamada "indústria da fé".
Outro lado
O pastor Silas Malafaia afirmou, por sua vez, que sua renda pessoal não é
a informada pela revista Forbes. "Se juntarmos a receita da igreja
Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que não é minha, mais a renda da
Associação Vitória em Cristo, que não é minha, mais o faturamento da
Editora Central Gospel, que é de minha propriedade, mais as ofertas
voluntárias que recebo pelas palestras ministradas, chegaremos
aproximadamente à metade do que foi anunciado pela Forbes como minha
renda pessoal anual", disse, em uma nota.
"Tudo o que tenho está declarado na Receita Federal. Não devo e não temo
a nada", continuou. Malafaia ainda destacou que "o que está em jogo é
uma mensagem para criar na sociedade preconceito contra pastores e
igrejas evangélicas".
Ele reiterou que não recebe "salário de igreja nenhuma" e informou que a Forbes "será inquirida judicialmente".
FONTE: UOL
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