O goleiro Bruno Souza, do Flamengo (dir.), se apresenta na Polinter
(Polícia Interestadual), no Andaraí, zona norte do Rio de Janeiro, ao
lado de seu advogado Michel Assef Jr, no dia 07 de julho de 2010 (Foto:
Luis Alvarenga/Agência O Globo)
Acusado de ter ordenado o sequestro e morte da modelo Eliza Samudio,
além de ter ocultado o cadáver da vítima, o goleiro Bruno Fernandes irá a
júri popular a partir desta segunda-feira (3), no fórum Doutor Pedro
Aleixo, em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte), quase três
anos após o crime. Dayanne Souza, ex-mulher do atleta, também será
julgada por supostamente ter ajudado no sequestro Bruninho Samudio,
filho Eliza e Bruno.
O julgamento de Bruno ocorre quatro meses depois do júri que
condenou Luiz Henrique Romão, o Macarrão, a 15 anos pelo sequestro das
duas vítimas e por participação na morte de Eliza. Bruno só não foi
julgado com Macarrão porque, no meio do júri, dispensou o advogado Rui
Pimenta, com o argumento de que não se sentia seguro com o defensor.
O goleiro nomeou Lúcio Adolfo da Silva para o lugar de Pimenta, mas
pediu que seu julgamento fosse adiado para que o novo defensor pudesse
tomar conhecimento dos autos. A manobra do goleiro provocou também o
desmembramento do júri de Dayanne, cujo advogado, Francisco Simim,
também compunha a defesa de Bruno.
O júri de novembro passado foi marcado por uma grande reviravolta:
Macarrão, que sempre jurou amizade eterna a Bruno, confessou
participação nos crimes e acusou o goleiro de ter mandado matar a
modelo.
Macarrão, que silenciou durante o inquérito e a fase de instrução, disse em seu depoimento no júri que tentou demover Bruno da ideia de matar Eliza.
Macarrão, que silenciou durante o inquérito e a fase de instrução, disse em seu depoimento no júri que tentou demover Bruno da ideia de matar Eliza.
Diante da recusa do amigo, Macarrão afirmou que só aceitou levar Eliza
para o que "pressentia" ser a sua morte por ser subordinado a Bruno.
Pela confissão, Romão teve a pena reduzida em oito anos --caso contrário
seria condenado a 23 anos.
Na avaliação de advogados criminalistas, o depoimento de
Macarrão complicou a situação do goleiro. "A tese de Bruno como mandante
foi admitida no julgamento anterior, que teve a participação da mesma
juíza e do mesmo promotor. É uma prova forte. A tendência é que o novo
corpo de jurados admita isso também", afirma o jurista Luiz Flávio
Gomes, ex-promotor e ex-juiz.
"A situação fica muito difícil quando se tem um réu confesso delatando [Bruno] e um conjunto probatório tão grande. A confissão do Macarrão, que coloca Bruno como autor, vai ter uma influência grande", opina Fernando José da Costa, presidente da Comissão de Direito Criminal da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo).
"A situação fica muito difícil quando se tem um réu confesso delatando [Bruno] e um conjunto probatório tão grande. A confissão do Macarrão, que coloca Bruno como autor, vai ter uma influência grande", opina Fernando José da Costa, presidente da Comissão de Direito Criminal da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo).
Além da delação de Macarrão, pesa contra Bruno o fato de que, após a
condenação do ex-amigo e de Fernanda Gomes de Castro, a morte de Eliza
foi legalmente reconhecida.
Estratégias
Diante do cenário adverso, a estratégia que restou à defesa de Bruno
será a de desqualificar o depoimento de Macarrão e tentar convencer os
jurados de que a morte foi decidida pelo delator do goleiro.
Já a acusação tem certeza que o goleiro será condenado e promete apresentar uma testemunha que "sabe de tudo", conforme disse o advogado-assistente da acusação José Arteiro de Almeida, que auxiliará o promotor Henry Wagner de Castro.
Bruno está preso desde julho de 2010 na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, assim como Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, também acusado pela morte de Eliza. O goleiro, que recentemente passou a coordenar a faxina do presídio, está preocupado com "fatores externos" ao julgamento, segundo sua defesa.
Já a acusação tem certeza que o goleiro será condenado e promete apresentar uma testemunha que "sabe de tudo", conforme disse o advogado-assistente da acusação José Arteiro de Almeida, que auxiliará o promotor Henry Wagner de Castro.
Bruno está preso desde julho de 2010 na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, assim como Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, também acusado pela morte de Eliza. O goleiro, que recentemente passou a coordenar a faxina do presídio, está preocupado com "fatores externos" ao julgamento, segundo sua defesa.
Dayanne chegou a ficar presa por mais de cinco meses, entre julho e
dezembro de 2010. Desde então, aguarda o julgamento em liberdade.
Delator do crime será testemunha
No total, 15 testemunhas foram arroladas pela acusação e defesa. Um dos
depoimentos mais aguardados no julgamento será de Jorge Luís Rosa, 19,
primo de Bruno que admitiu ter participado do sequestro e da morte de
Samudio. Menor à época do sumiço da moça, Rosa foi o delator e principal
testemunha dos crimes. Ele foi arrolado como testemunha tanto pela
acusação como pela defesa do goleiro.
Ao longo do processo, Rosa por diversas vezes mudou a sua versão para o
crime, entrando em contradição mais de uma vez. No último domingo (24),
em entrevista ao "Fantástico", da "TV Globo", acusou Macarrão de ter
planejado a morte de Eliza. Inicialmente, na entrevista, disse que Bruno
não sabia da intenção de matar a modelo. Minutos depois, voltou atrás e
afirmou que era impossível que o goleiro não soubesse do plano para
matá-la.
Além de Bruno, Dayanne, Fernanda e Macarrão, irão a júri, em maio
próximo, Elenílson Vítor da Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas,
acusado de ajudar a manter Eliza e o bebê em cárcere; e Wemerson Marques
dos Santos, o Coxinha, ex-motorista de Bruno que responde pelos crimes
de sequestro e cárcere privado de ambos.
Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o autor da morte de Eliza, também deveria ter sido julgado em novembro passado, mas seu júri foi adiado para abril deste ano após Ercio Quaresma, seu advogado, ter abandonado o julgamento.
Fonte: UOL
Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o autor da morte de Eliza, também deveria ter sido julgado em novembro passado, mas seu júri foi adiado para abril deste ano após Ercio Quaresma, seu advogado, ter abandonado o julgamento.
Fonte: UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário