O acusado do rapto veio no mesmo voo que trouxe a vítima de volta ao Ceará. Ele será ouvido, hoje, no DIP.
A garota que foi induzida por um homem a fugir de casa, em Pacajus, no
dia 19 de fevereiro, desembarcou, no fim da tarde de ontem, ao Aeroporto
Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, procedente do Paraná. O
acusado de ter aliciado a estudante Larissa Gadelha de Sousa, 14, chegou
preso, no mesmo voo comercial que trouxe a menina.
Daniel
de Oliveira, 32, foi capturado em flagrante, anteontem, quando, munido
por um mandado de prisão preventiva, delegado Andrade Júnior, diretor da
Coordenadoria de Operações Policiais (Copol); e major Cícero Henrique,
da Coordenadoria de Inteligência (Coin), da Secretaria da Segurança
Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), localizaram o imóvel onde
suspeito estava vivendo com Larissa, na cidade de Paranaguá (97Km de
Curitiba).
Apenas leite
De acordo com informações do delegado Andrade Júnior, a adolescente
“comprou a ideia” de que seu raptor era uma “príncipe”, mas já estava
percebendo que não era bem assim. “Ela mesma disse que ele a alimentava
somente com leite e achocolatado. A cabeça e o corpo dela mostram que,
independente da idade, é uma criança”.
Andrade Junior disse que quando o local foi descoberto, a Polícia do
Paraná ofereceu total apoio para que a prisão de Oliveira fosse
realizada com sucesso.
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Daniel de Oliveira, 32, é suspeito de ter aliciado outras adolescentes. Ele teve prisão decretada e foi localizado no Interior do Paraná fotos: Kléber Gonçalves |
O coordenador da Copol disse também que há indícios de que outras
meninas tenham sido vítimas de Daniel de Oliveira, inclusive aqui no
Ceará. “Ele procurava essas meninas por fotos na rede social. Temos
informações de que cinco outras cearenses de Fortaleza e Juazeiro do
Norte tenham sido atraídas por ele. Suspeitamos que ele também agia nos
Estados de São Paulo e Pernambuco. Uma garota de Manaus, que foi
aliciada, acabou sendo abandonada no Rio de Janeiro”.
O delegado disse ainda, que o comportamento de Oliveira configura o crime de pedofilia.
Material
pornográfico encontrado no local foi recolhido e será periciado.
“Trata-se de um notebook, onde haviam imagens de garotas, CDs em que ele
gravava esses arquivos e outros equipamentos”, disse Andrade.
Ouvido
Quando chegava à Delegacia Geral da Polícia Civil, onde passou a noite
de ontem, Daniel de Oliveira negou ter envolvimento com este tipo de
crime, mas assumiu que o relacionamento dele com Larissa tenha começado
pela internet.
O acusado será ouvido hoje, no Departamento de Inteligência Policial
(DIP), pela presidência do inquérito, delegada Viviane Apolônio
Machado.
O secretário de Segurança Pública do Estado, coronel Francisco José
Bezerra, compareceu ao desembarque da garota e do homem preso. Ele disse
que, daqui em diante, o Ceará toma para si todas as responsabilidades
pelas investigações. “A Polícia cearense assume por inteiro o caso, para
elucidar totalmente até onde e em qual proporção esta pessoa agia”.
Bezerra disse ainda, que as investigações deverão esclarecer como uma
garota de 14 anos conseguiu sair do Estado, em um voo comercial, sem
autorização dos pais, portando apenas o registro de nascimento.
O delegado da Copol revelou que a poder de persuasão de Daniel é muito
grande e que, com facilidade, ele conseguia induzir suas vítimas a fazer
o que ele queria. “Ele as conquistava. Fazia promessas de presentes e
acabava as convencendo. O poder que ele tem de convencimento é enorme”.
Andrade disse também, que a Polícia ainda não sabe o que acontecia com
as garotas depois que ele abusava delas.
“Somente da vítima de Manaus, sabemos que foi abandonada no Rio de
Janeiro. As demais ainda vamos investigar o que aconteceu com elas”,
declarou.
O raptor não costumava levar as meninas para o mesmo lugar. Há registros
dele em várias partes do País atraindo suas vítimas. As mudanças
facilitavam o esquema e dificultava que ele fosse identificado pela
Polícia.
Daniel de Oliveira, é natural do Rio de Janeiro e declarou que,
atualmente, morava em Paranaguá. Ele planejou todo o trajeto que faria
com Larissa e comprou as passagens uma semana antes. “No plano, ele
escolheu, inclusive, a companhia área que seria mais fácil conseguir
embarcar com a menor”.
O delegado lembrou a luta que o País inteiro trava contra a pedofilia.
“Este é um crime bárbaro contra as nossas crianças. Este homem sempre
conseguia se safar sem ser descoberto, mas dessa vez, ainda bem, que
acabou preso”.
Síndrome de Estocolmo
Mesmo já tendo percebido que a vida prometida por Daniel de Oliveira não
era a que ela estava levando, Larissa de Oliveira ainda estava muito
envolvida com ele. “Ela estava totalmente ‘estocolmizada’. Repetia
sempre que foi porque quis e que ele não a fez mal”, disse o delegado.
O termo a que Andrade se referiu, remete a um estado psicológico
conhecido como ‘Síndrome de Estocolmo’, em que a vítima de um cárcere
privado, ou, sequestro, acaba se apaixonando por seu sequestrador. A
delegada Viviane Apolônio disse que já foi solicitado acompanhamento
psicológico para a garota.
NÚMERO
15 dias durou o desaparecimento da estudante cearense, desde o momento
que ela foi levada da cidade de Pacajus para o Estado do Paraná, onde
foi encontrada
Fonte: DN
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