04/04/2013 às 07:48
A
análise nos restos da Dona Leopoldina, a primeira mulher de Dom Pedro
1º, não constatou nenhuma fratura nos ossos da imperatriz. (Foto:
Divulgação/Ceninper)
"O que temos condições de dizer, hoje, é do que a imperatriz não morreu. Se houve mesmo uma briga por causa da traição de Dom Pedro 1º, ela não tem a ver com a morte de dona Leopoldina", explica o legista ao público. "Ela teve uma infecção grave, mas não sabemos ainda qual é essa doença. Precisamos de mais análises para descobrir a causa da morte", finalizou.
Fontes afirmou em palestra no MusIAL (Museu do Instituto Adolfo Lutz), nesta quarta-feira (3) que uma doença grave causou o aborto e o óbito de dona Leopoldina, e não uma briga entre o casal na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. "A tomografia não mostrou fratura no fêmur ou outro osso, descartando a lenda da queda de uma escada ou do acidente [provocado por Dom Pedro]. Pelos exames, vimos que a causa pode ser uma grave infecção que ela teve por três semanas."
A primeira ameaça de aborto ocorreu em 19 de novembro, quando a imperatriz teve um pequeno sangramento. Com a piora do quadro no decorrer da semana, ela passou a sofrer, também, de febre e fortes diarreias, que indicam uma hemorragia intestinal perigosa para uma gestante.
Em 30 de novembro, somaram-se os delírios até que os registros médicos apontaram o aborto de um feto masculino, com cerca de três meses, em 2 de dezembro, dias antes de Leopoldina falecer. Mesmo após perder o bebê, Leopoldina não melhorou e passou a ter cada vez mais delírios, febre e hemorragias, "ou seja, ela estava em um claro quadro séptico, um quadro de morte", disse o legista.
Pesquisadora do Ipiranga
O ambicioso trabalho de mestrado da historiadora e arqueóloga não
tratou de exumar os restos mortais do imperador Dom Pedro 1º e de suas
duas mulheres, dona Leopoldina e dona Amélia, mas também de desenterrar
uma história do século 19 que estava abandonada à umidade e aos cupins.Goteiras, urnas internas mal conservadas (cada corpo é mantido dentro de três caixões, além do sarcófago de granito) e até erros nas placas comemorativas – o nome de dona Amélia de Leuchtenberg, por exemplo, ganhou um Maria – foram encontrados na cripta imperial, que fica no Monumento à Independência, na zona sul de São Paulo.
Uma equipe ajudou a pesquisadora nesse trabalho de exumação. O Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo) fez a cromatografia gasosa e a análise fúngica, que descartaram a presença de gases inflamáveis nos caixões ou o risco de contágio da equipe, e o Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas fez os exames de ressonância magnética e as tomografias.
"O que me motivou a fazer esse trabalho de exumação da família imperial foi o problema com a umidade na cripta. Uma reforma ocorreu na década de 1980, quando os corpos foram trasladados temporariamente, mas as infiltrações continuaram depois", disse a pesquisadora em palestra no MusIAL.
Fonte: UOL
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