quarta-feira, 29 de maio de 2013

'Quem fez isso tem que pagar', diz irmã de gay agredido em boate no Rio


  Atualizado em 29/05/2013 12h47

Luiz será enterrado na tarde desta quarta-feira em Jacarepaguá.
Morte será investigada como homofobia, diz polícia.

Renata Soares Do G1 Rio

A sobrinha de Luiz Antônio de Jesus, Elizabeth Jesus de Brito e a irmã Rosalina Jesus estavam no IML na manhã desta quarta-feira (29). (Foto: Renata Soares / G1)A sobrinha de Luiz Antônio de Jesus, Elizabeth Jesus de Brito, e a irmã Rosalina Jesus estavam no IML na manhã desta quarta-feira (29). (Foto: Renata Soares / G1)
Familiares e amigos estão inconformados com a morte do cabeleireiro Luiz Antônio de Jesus, de 49 anos, agredido em uma casa noturna na Zona Oeste do Rio na madrugada de domingo (26). O caso será investigado como crime de homofobia, segundo a Polícia Civil.
"Quem fez isso tem que pagar pelo crime! Queremos justiça", declarou a irmã da vítima, Angelina de Jesus, ao Bom Dia Rio desta quarta-feira (29). "Ele era uma pessoa tranquila, muito amiga, muito alegre. Não é de caçar confusão. Com certeza alguma coisa muito ruim aconteceu porque ele não é de confusão com ninguém", garantiu a amiga Inês Rocha.
Ele foi encontrado desacordado no banheiro da Boate Queen, em Jacarepaguá e morreu nesta terça-feira (28), no Hospital Lourenço Jorge, na Barra, segundo Secretaria Municipal de Saúde.
"Era a primeira vez que ele tinha ido nessa boate para conhecer. E tudo acabou nessa tragédia", comentou Elizabeth Jesus de Brito, de 35 anos, sobrinha da vítima.
Luiz estava internado em estado gravíssimo com traumatismo craniano, com ferimentos no rosto e no pescoço. Ele será enterrado às 16h desta quarta, no Cemitério do Pechincha, em Jacarepaguá.
"Ele já sofreu alguns preconceitos, mas  estava muito caseiro. E foi nesse dia que ele acordou alegre e decidiu dançar. Nós queremos uma resposta para saber o que de fato ocorreu com o meu irmão dentro daquela boate", desabafou irmã de Luiz Antonio, Rosalina de Jesus, que esteve no IML na manhã desta quarta-feira para a liberação do corpo.
Câmeras
De acordo com o delegado titular da 32ª DP (Taquara), Antônio Ricardo Lima, que inicialmente estava investigando o caso, seguranças, funcionários e parentes da vítima já prestaram depoimento, as imagens do estabelecimento já estão sendo analisadas e o local passa por perícia.
Segundo a polícia, as imagens podem ajudar a esclarecer o caso. Conforme mostrou o Bom Dia Rio, das 12 câmeras instaladas na boate, uma fica em frente ao banheiro do estabelecimento.
De acordo com Rosalina, a dona da boate informou que o local possui 40 câmeras no circuito interno de segurança, mas o equipamento do banheiro não estava funcionando no momento do incidente.
Segundo a Polícia Civil, "o caso foi encaminhado para a Divisão de Homicídios (DH) e está sendo investigado como crime de homofobia, seguindo a portaria 574 criada em 9 de fevereiro de 2012, pela chefia de Polícia Civil. O documento determina entre outras providências, a inclusão do nome social de travestis e transexuais no registro de ocorrência, bem como a inserção do termo homofobia no campo referente ao motivo presumido do crime."
Cabelereiro não voltou pra casa
Segundo familiares, o cabeleireiro não voltou para dormir em casa e não avisou nada. Por isso, a família ficou preocupada e foi até a casa noturna para saber alguma informação. Segundo Rosalina Brito, a dona do estabelecimento, Jade Lima, informou para a filha e para a irmã que Luiz Antônio foi encontrado passando mal e vomitando no banheiro e foi levado pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, por volta das 3h.
Rosalina contou ainda que elas viram manchas de sangue na porta do banheiro, mas a proprietária disse que a sujeira era antiga. “Ela [Jade] ficou tentando despistar elas.”
Jade Lima confirmou em um site de relacionamento que na madrugada de sábado (25) para domingo um cliente foi encontrado caído em um dos banheiros do estabelecimento. Segundo ela, “havia no momento do ocorrido algumas pessoas na fila, que ouviram o barulho da queda e foram elas que acionaram o staff da casa para socorrer esse cliente. Não houve qualquer tipo de agressão”.
Rosalina de Jesus informou que a família encontrou Luiz Antônio com o rosto muito machucado. “Debaixo do queixo tem um corte de um lado para o outro. Ele está com o rosto desfigurado, está cheio de ponto, com o pescoço roxo, parece que enforcaram ele”, contou.
Outro cliente prestou queixa
Segundo informações do RJTV desta terça, outro cliente da boate procurou a 32ª DP no domingo (26) para relatar uma agressão de um suposto agente de segurança da boate. Sobre o segundo caso, Jade Lima disse também em uma rede social que no domingo um cliente foi convidado, pelos seguranças da casa, a se retirar da boate por estar importunando outros clientes.
"Também não houve agressão nesse caso, entretanto o cliente, decidiu dar queixa na delegacia por se sentir ofendido por tal acontecido", explicou a proprietária.
A jornalista contou que todos os outros irmãos estão empenhados para resolver o caso. “Não podem ter feito isso com ele porque ele era gay, ninguém merece passar por isso.”
A família fez um apelo para qualquer pessoa que tenha informações sobre o caso ligue para o Disque-Denúncia pelo telefone 2253-1177.

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