sexta-feira, 19 de julho de 2013

Buracos na pista e árvores sem poda afetam novas faixas de ônibus em SP


  Atualizado em 19/07/2013 06h59

Profissionais dizem que invasões da faixa são difíceis de ser evitadas.
CET começará a multar infratores nesta segunda-feira (22).

Letícia Macedo Do G1 São Paulo

Faixa exclusiva na Avenida Paulista  foi implantada em julho (Foto: Letícia Macedo/ G1)Faixa exclusiva na Avenida Paulista foi implantada em julho (Foto: Letícia Macedo/ G1)
A eficácia das novas faixas exclusivas de ônibus nas avenidas Paulista e Doutor Arnaldo ainda levanta dúvidas dos motoristas de coletivos em São Paulo. A maioria dos ouvidos pelo G1 diz que espera alívio no trânsito, mas aguarda o fim das férias e início da fiscalização. Até lá, os profissionais já apontaram ao menos dois vilões nos trechos de quase três quilômetros de novas faixas: buracos no asfalto e árvores sem poda.
O prefeito Fernando Haddad (PT) anunciou que vai priorizar investimentos no transporte público. Ele determinou até o final do ano a instalação de 220 km de faixas exclusivas para ônibus nas principais vias da cidade, para tentar melhorar a fluidez no trânsito dos coletivos.
Coletivos precisam deixar faixa exclusiva para não encostarem em árvore (Foto: Letícia Macedo/ G1)Ônibus precisa deixar faixa exclusiva para
não encostar em árvore (Foto: Letícia Macedo/ G1)
Novas faixas começaram a funcionar no dia 10 deste mês em algumas vias da cidade. Na Avenida Paulista, ela funciona entre a Praça Oswaldo Cruz e a Rua Augusta, nos dois sentidos, em um trecho de 2 km de extensão.

Na Avenida Doutor Arnaldo, a nova faixa tem 710 metros e está implantada no sentido Centro, entre a Rua Galeno de Almeida e as proximidades da Rua Teodoro Sampaio. No sentido bairro, a faixa está entre as ruas Professor Ernest Marcus e Teodoro Sampaio.
Em frente ao cemitério do Araçá, são árvores que prejudicam a fluidez do trânsito. Para evitarem o contato dos galhos com o retrovisor, os motoristas são obrigados a invadir um pouco da faixa da esquerda. “Em quase todos os corredores da cidade, a gente enfrenta esse problema”, afirma o motorista Kleber Eduardo Borges, de 33 anos, da linha Brasilândia – Terminal Ana Rosa.

Borges não demonstra muita empolgação com as faixas. “O impacto mesmo a gente só vai saber depois da volta às aulas, mas eu acho que essa faixa na Paulista não deve ajudar muito. Para dar certo, ela precisaria estar na esquerda, como na [avenida] Rebouças e na Nove de Julho”, afirmou. Nas duas vias citadas por ele, há corredores de ônibus e não faixas (entenda a diferença no quadro abaixo).
Na Avenida Paulista, os motoristas também reclamam da qualidade da pavimentação nos trechos da faixa. “O asfalto está esburacado na Paulista, principalmente, no sentido Consolação”, observou Borges. “Se a gente desvia, corre o risco de bater nos carros. Imagina se a gente bate em um carro importado? Se continua na faixa, a gente faz todo mundo pular”, afirmou.
Nesta quinta-feira (18), a reportagem constatou, no entanto, que o trecho passou por obra de recapeamento recentemente. “Deu uma boa melhorada”, afirmou um motorista que pediu para não ser identificado. No sentido Paraíso, os motoristas ainda encontram problemas no asfalto.
Fernando acredita que fiscalização garantirá sucesso da faixa (Foto: Letícia Macedo/ G1)Fernando acredita que fiscalização garantirá
sucesso da faixa (Foto: Letícia Macedo/ G1)
Fiscalização
Nessa etapa de adaptação, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) não multou os motoristas que desrespeitaram a faixa exclusiva. No entanto, a partir desta segunda-feira (22), quem não respeitar a sinalização cometerá infração leve - R$ 53,20 e três pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Dias após a implantação na Avenida Paulista, o G1 observou que outros veículos invadem com frequência a faixa, que funciona das 6h às 22h, de segunda a sábado. Pela avenida, trafegam 26 linhas de ônibus, que atendem aproximadamente 265 mil passageiros em dias úteis.
“Na Paulista, muitos carros precisam entrar à direita. Outros precisam estacionar e não conseguem porque os pedestres não deixam”, afirmou Kleber, que faz da linha 975A-10 há mais de um ano. O motorista Carlos Augusto Lima da Costa, de 33 anos, divide a mesma opinião do colega de linha. “Acho que não vai melhorar muito, não, porque na Paulista todo mundo entra à direita”, afirmou Carlos.
Ônibus que param em ponto caem em buraco (Foto: Letícia Macedo/ G1)Ônibus que param em ponto caem em buraco
(Foto: Letícia Macedo/ G1)
Já o motorista Fernando Salvador da Silva, de 33 anos, que também faz a Brasilândia – Terminal Ana Rosa, parece otimista, mas destaca a importância da fiscalização para o sucesso das novas faixas. “Eu acho que vai ajudar a reduzir o tempo de viagem, sim, mas a fiscalização é fundamental. Se não tiver, o pessoal não respeita. Por enquanto, está dando resultado”, afirmou.
Recuo
As faixas em toda a extensão não possuem recuo para ultrapassagem, o que é apontado por motoristas como uma necessidade, principalmente na região da Avenida Paulista. “O que acontece agora é que, se tiver uma fila de carros esperando para entrar em um estacionamento, por exemplo, a gente tem que ficar esperando porque a SPTrans multa quem deixa a faixa de ônibus. O ideal seria ter pelo menos uma área para ultrapassagem na região da Brigadeiro”, afirmou Borges.
A CET informou que projeto da faixa exclusiva de ônibus "será readequado se for necessário". No momento, não estão previstas faixas de ultrapassagem.

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