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Massa, Kimi, Maldonado, Pérez, Ricciardo, Hulk e cia. mudam de ares e promovem uma das maiores chacoalhadas no grid da categoria. Ainda há cinco vagas em aberto
Raikkonen, Maldonado e Massa são alguns dos pilotos que protagonizam a dança das cadeiras para 2014 (InfoEsporte)
Em 2014, a Fórmula 1 experimentará uma das mais profundas
mudanças em seu regulamento técnico, motivada, principalmente, pela introdução
dos motores V6 turbo no lugar dos V8. Tudo praticamente
“começará do zero”, o que torna o próximo ano uma grande oportunidade para
romper com a relação atual de forças entre as equipes, onde reina a RBR.
E parece que as escuderias aproveitaram a mudança radical para mexer
também em seus representantes ao
volante. Até o momento, apenas uma das onze equipes continuará com a
mesma
dupla, a Mercedes. As demais estão promovendo uma das maiores “dança das
cadeiras” já vista no grid nos últimos anos. Tem Ferrari tirando Kimi
Raikkonen da Lotus, Felipe Massa indo para a Williams, e outro brasileiro de olho nos cockpits restantes. Das 22 vagas, cinco seguem em aberto. Confira como está ficando o grid da F-1 para a próxima
temporada:
RBR: Sebastian Vettel segue, enquanto Daniel Ricciardo substitui o compatriota Mark Webber (Foto: InfoEsporte)
Em julho, o australiano Mark Webber anunciou que se
retiraria da Fórmula 1 no fim da temporada, deixando vago o cobiçado cockpit da
RBR. Insatisfeito com os salários
atrasados na Lotus, Kimi Raikkonen – que já foi patrocinado pela empresa de
energéticos em suas aventuras no rali – logo ficou de olho na vaga e chegou
balançar o chefe da equipe, Christian Horner. Até Fernando Alonso, irritado com
mais um carro limitado da Ferrari, sondou o time austríaco. Em vão. No fim,
prevaleceu a voz do poderoso consultor Helmut Marko, que fez questão de
prestigiar o programa de desenvolvimento de pilotos da RBR e promoveu o também
australiano Daniel Ricciardo, que competiu nos dois últimos anos pela co-irmã
STR. Em junho, o tetracampeão Sebastian Vettel renovou seu contrato com a RBR
até 2015.
Lewis Hamilton e Nico Rosberg seguem como pilotos da Mercedes em 2014 (Foto: InfoEsporte)
Vice-campeã do Mundial de Construtores e satisfeita com sua
dupla de pilotos, a Mercedes é, até o momento, a única equipe que seguirá
intocada para 2014. Lewis Hamilton, que estreou na equipe neste ano, possui
contrato até 2016. Enquanto o prestigiado Nico Rosberg, que defende o time
desde sua criação, em 2010, assinou, em 2011, um vínculo que o mantém na
escuderia para “além de 2013”.
Ferrari: Fernando Alonso segue, Kimi Raikkonen chega para lugar de Felipe Massa (Foto: InfoEsporte)
Incomodado com a falta de competitividade da Ferrari em comparação
à RBR, Alonso chegou a cogitar deixar a equipe, mesmo tendo vínculo até 2016. Além de ter sondado a RBR, o espanhol flertou também com a McLaren,
time do qual saiu pela porta dos fundos em 2007. As constantes reclamações do
carro e as conversas paralelas acabaram com o mar de flores que era a relação
entre piloto e equipe, rendendo até puxão de orelha do presidente. No entanto, Alonso
acabou seguindo na escuderia de Maranello, pelo menos por mais um ano.
Decidida a não renovar com Felipe Massa para 2014, a
Ferrari, a princípio, tinha um acordo para trazer Nico Hulkenberg, que havia
ingressado na Sauber em 2013 justamente como último degrau para o time italiano. Mas
com a possibilidade de perder Alonso, a escuderia preferiu trazer Raikkonen, que
estava “dando sopa”. Resultado: terá em 2014 uma dupla de campeões mundiais pela
primeira vez desde a parceria Alberto Ascari/Nino Farina em 1953.
Lotus: Romain Grosjean segue; Kimi Raikkonen dá lugar a Pastor Maldonado (Foto: InfoEsporte)
A Lotus foi uma das grandes responsáveis por chacoalhar o
mercado da F-1. Primeiro, deixou escapar o consagrado Raikkonen, que perdeu a
paciência com os salários atrasados e acertou com a Ferrari. A partir daí, a equipe
via na venda de parte das ações para o grupo de investidores Quantum Motorsport
a solução para a crise financeira e a viabilização da contratação do badalado
Nico Hulkenberg, sua preferência. Mas o negócio emperrou e não saiu até agora. “Refém”
economicamente, a Lotus teve que abrir mão do promissor alemão e se rendeu aos encantos
monetários de Pastor Maldonado, que se desligou da Williams, e chega com o
aporte dos petrodólares da PDVSA.
Já Romain Grosjean, um dos destaques da temporada, segue na
equipe. Por causa das incertezas sobre o futuro da Lotus, sua vaga chegou a
ficar ameaçada. Mas o franco-suíço mostrou maturidade e talento ao liderar a
equipe na segunda parte do campeonato após o anúncio da saída de Kimi, deixou o
apelido de “maluco da primeira volta” para trás e provou que merece o voto de
confiança.
McLaren: Jenson Button continua; Sergip Pérez é substituído por Kevin Magnussen (Foto: InfoEsporte)
Com Jenson Button e Sergio Pérez amarrados por contratos, o
grid da McLaren para 2014 deve seguir sem mudanças, certo? Errado. Com
cláusulas contratuais como carta na manga, a escuderia britânica estendeu enquanto
pôde a decisão sobre a dupla da próxima temporada. Chegou a cogitar a
substituição de Button ao sondar Alonso e Massa, e, no fim, acabou dispensando
Pérez para trazer o jovem dinamarquês Kevin Magnussen, de 21 anos.
Com um dos carros mais fracos produzidos pela equipe, o
mexicano teve pouca oportunidade de mostrar serviço. Batido pelo veterano
britânico, Pérez chegou a fazer frente ao companheiro em algumas ocasiões. No
entanto, não caiu nas graças do povo de Woking e deixará a equipe após apenas
uma temporada: parte pelo desempenho, parte pelo mau relacionamento com os
mecânicos e parte pelas frustradas negociações de patrocínio da McLaren com Carlos
Slim, dono de empresas como Telmex e Claro, e principal investidor da carreira
de Pérez.A McLaren então resolveu apostar no jovem promissor Magnussen. Filho do ex-F-1 Jan Magnussen, Kevin faz parte do programa de jovens pilotos da McLaren e foi campeão da F-Renault 3.5 Series, uma das principais categorias de acesso à Fórmula 1. Com a promoção de Kevin, a escuderia espera repetir o sucesso de 2007 quando apostou na prata da casa Lewis Hamilton, vice daquele ano e campeão do ano seguinte.
Force India: Saem Adrian Sutil e Paul di Resta; entram Nico Hulkenberg e Sergio Pérez (Foto: Infoesporte)
A saída
tardia da McLaren deixou Pérez em uma situação complicada para seguir na
Fórmula 1 em 2014. Mas o mexicano ligeirinho rapidamente arranjou um cockpit para a próxima temporada: foi anunciado nesta quarta-feira pela Force India. A outra vaga será de
Nico Hulkenberg. Após as frustradas negociações com Ferrari e Lotus, o alemão
assinou, durante o fim de semana do GP do Brasil, um contrato com o time indiano, retornando à equipe que defendeu em 2012.
A confirmações de Hulk e Pérez deixam os pilotos que competiram
pelo time em 2013 em situação delicada.
Após três anos, o clima de Paul di Resta na equipe azedou. O piloto chegou até
a ficar sem falar com mecânicos durante algum tempo. Sem lugar garantido, o
escocês estuda voltar ao DTM, campeonato de turismo alemão, onde foi campeão em
2010, ou seguir para a Indy. Já Adrian Sutil, que ainda alimenta esperanças de
seguir no time, negocia também com a Sauber.
Sauber: Nico Hulkenberg está de saída; Esteban Gutiérrez em situação indefinida (Foto: InfoEsporte)
Neste cenário, dois pilotos aparecem como fortes candidatos a, pelo menos, uma dessas vagas. Um deles, como já mencionado, é Adrian Sutil. O outro é o brasileiro Felipe Nasr, quarto colocado na GP2 em 2013. Na busca por um lugar ao sol, o brasiliense de 21 anos conta com um currículo respeitável na base (campeão da F-3 britânica em 2011 e da F-BMW europeia em 2009) e com o aporte financeiro de empresas nacionais.
STR: Jean-Eric Vergne segue; Daniel Ricciardo abre espaço para Daniil Kvyat (Foto: InfoEsporte)
Co-irmã da RBR, a STRé uma espécie de “time de
juniores” da escuderia austríaca. Após revelar Sebastian Vettel em 2008, a
equipe italiana promoveu agora o australiano Daniel Ricciardo à RBR. Para repor
a saída do australiano, a STR surpreendeu. Ao invés de convocar o português
Antonio Félix da Costa, de 22 anos, o mais cotado, optou por apostar no jovem
russo Daniil Kvyat, de apenas 19 anos, campeão da GP3. Além do currículo
promissor de Kvyat, campeão também da F-Renault 2.0 em 2012, o potencial comercial
com a entrada do GP da Rússia no calendário em 2014 pesou na escolha. O outro
piloto do time, Jean-Eric Vergne, segue por, pelo menos, mais uma temporada.
Williams: Felipe Massa chega para lugar de Pastor Maldonado; Valtteri Bottas segue (Foto: InfoEsporte)
Irritado com uma das piores temporadas da história da
Williams, Pastor Maldonado decidiu mudar de ares. Seduzido pela vaga aberta na
Lotus, o venezuelano passou a costurar sua saída do time de Grove. Outrora
querido por quebrar o jejum de vitórias do time, com o triunfo de 2012 na
Espanha, Maldonado passou a não ter clima após as seguidas críticas públicas ao
time. O venezuelano então pagou a multa rescisória, quebrou seu contrato com a
Williams e levou a os petrodólares da PDVSA consigo para a equipe preta e
dourada.
Com a iminente saída de Maldonado, a Williams decidiu então trazer a experiência de Felipe Massa
para tentar resgatar, a partir de 2014, as glórias do
passado. Assim que o brasileiro anunciou que não teria o contrato
renovado pela
Ferrari, a escuderia inglesa logo o procurou. Após oito anos como
titular na Ferrari, o brasileiro chega com status de
primeiro piloto. Também em busca de voltar aos bons momentos, o
vice-campeão de 2008 fará parceria com o finlandês Valtteri Bottas, que
fez uma
estreia discreta, mas consistente em 2013, e chamou a atenção com boas
atuações nas etapas finais.
Marussia: Jules Bianchi continua; Max Chilton é dúvida (Foto: InfoEsporte)
Relegadas às últimas
posições do grid, as nanicas Marussia e Caterham parecem aguardar as definições
das demais equipes para então ter mais poder de barganha na hora de negociar
com os pilotos em busca de bons patrocínios. A Marussia, pelo menos, definiu um
de seus pilotos. Jules Bianchi, francês que ganhou a vaga de Luiz Razia a poucos dias do início da
temporada de 2013, sobrou na disputa com os demais pilotos das equipes
nanicas e renovou por mais um ano. A permanência de Bianchi também tem relação
direta com a parceria técnica da Marussia com a Ferrari. O piloto é membro da
Academia de Pilotos da escuderia de Maranello, que fornecerá motores para o
time britânico, a partir de 2014. O outro piloto do time, Max Chilton, ainda
não foi confirmado. O piloto britânico espera que o aporte financeiro de seus
patrocinadores sejam suficientes para seguir na equipe.
Caterham: Charles Pic e Giedo van der Garde não estão assegurados (Foto: arte esporte)
Já
na Caterham, nada definido. O holandês Giedo van der Garde tentou, sem
sucesso, vaga em times maiores como Force India e Williams. Em paralelo,
ele mantém conversas
para seguir na equipe. O francês Charles Pic, que veio da Marussia
no último ano, também está em situação incerta.
À sombra da dupla de 2013 está o experiente Heikki
Kovalainen. Sacado da própria Caterham no fim de 2012, o finlandês foi
chamado
de volta como piloto de testes para ajudar no desenvolvimento do carro
deste
ano e ainda substitui Kimi na Lotus nas duas últimas etapas. Outro
candidato é Esteban Gutiérrez, da Sauber, que teria, inclusive, visitado a sede da equipe recentemente. Também são
cotados: o americano Alexander Rossi, que guiou o carro do time na GP2 e o
sueco Marcus Ericsson, um dos destaques da segunda metade da temporada desta
mesma categoria, pela DAMS.
* colaboração de Pedro Lopes, estagiário
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