O cantor baiano Tayroe Cigano fatura com a fama de ter matado a própria mulher e o amante
Imagem: Divulgação/reprodução
É possível encontrar no interior do Nordeste quem jure de pé junto tê-lo visto chegar às cidades antes dos shows a bordo de um camburão da polícia. Outros dizem conhecer a família da mulher assassinada, uns vão além e fixam em dez anos a pena cumprida, atualmente em regime semiaberto, o que lhe permite realizar shows monitorado pela Justiça. As versões abundam. O empresário, o tecladista e até o irmão mais velho do cantor alternam o posto de vítima e "pés de lã", como são conhecidos os amantes na região.
Aos 23 anos de idade e seis de carreira, iniciada depois de gravar um disco para ser ouvido por familiares, mas que estourou nas paradas populares ao cair nas mãos dos "pirateiros" (vendedores de discos piratas), Tayrone Cigano revela: "É tudo mentira. Eu sou inocente".
De fato, não houve crime algum. Para o público, nenhum desmentido. Faixas e cartazes são levantados nos shows indagando sobre o assunto, Tayrone ri, manda beijos e volta a cantar.
SÓ NA FULEIRAGEM
Com dois discos e um DVD lançados, ostentando mullets realçados por mechas louras, solteiro, pai de dois filhos e tendo morado parte da vida em barracos de lona, como é costume entre ciganos nômades, Tayrone diz que só quer saber "da fuleiragem". Trip o localizou em Jeremoabo, interior da Bahia, pouco antes de realizar um concerto para 6 mil pessoas.
Por fuleiragem leiam-se festas, mulheres, carros, relógios, tênis ("uma coleção de 40 pares") e roupas de grife, ao seu alcance graças à gorda renda mensal de R$ 100 mil, advinda de uma média de um show a cada dois dias, alvos da curiosidade do público por causa da história tida como verdade. "Pra que mexer nisso, né? Se está dando certo pra mim, deixa o boato correr. Mas é tudo mentira, não matei ninguém", alega o cantor.
A boataria que sustenta o sucesso do Cigano tem um tanto de realidade, mesmo atravessada. O pai dele, Antonio Machado, morreu assassinado diante do juiz no dia em que estava sendo julgado pela morte de três ciganos de famílias rivais.
Para o jornalista e escritor Xico Sá, entusiasta das composições do baiano e surpreso ao ser informado pela reportagem que os crimes atribuídos a Tayrone não passam de intriga da oposição, "Tayrone representa a vingança, para o macho traído; para as mulheres, virilidade. O boato das mortes e a carreira romântica são a síntese do bruto que também ama e hoje canta seu arrependimento".
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