quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Aos 35 anos, aluna passa em Medicina após tentar 12 anos




Foto: Tuno Vieira
Éricka Gomes, Daniel Albuquerque, Jéssyca Sousa, Cynthia Corvello e Édipo Barros, respectivamente, dentista, estudante universitário, aluna do ensino médio e os últimos dois apenados da Secretaria de Justiça do Estado, sequer se conhecem, mas possuem muito em comum. Nos últimos meses, eles foram alvo de boas notícias devido aos seus feitos individuais garantidos por uma característica difícil de ser encontrada neste início de século XXI: persistência.

Éricka teve trigêmeos após quatro anos tentando engravidar. Daniel, de família de baixo poder aquisitivo, começou 2012 fazendo intercâmbio nos Estados Unidos. A estudante de escola pública Jéssyca passou em primeiro lugar para a faculdade de Letras da UFC, assim como Cynthia e Édipo também conseguiram vaga na universidade.

Ontem, foi a vez da funcionária pública Nágela Pinto Machado, de 35 anos, entrar nesse grupo de pessoas que não desistem de modificar suas vidas por uma primeira dificuldade. Após longos 12 anos tentando entrar no tão concorrido curso de Medicina, foi aprovada em 18º lugar no vestibular da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Aprendizado

Foram mais de 20 tentativas. Na maioria delas, sempre conseguia passar nas primeiras fases, mas, depois, vinham as decepções. As várias frustrações sempre doeram e, por um instante, fizeram Nágela pensar em parar, mas, ao mesmo tempo, serviram para deixá-la com mais vontade de atingir seu objetivo.

"Todos os anos, eu dizia que não iria mais tentar. Porém, tinha alguma coisa dentro de mim, que eu não sei explicar, dizendo para eu não desistir. Hoje, depois de todas as tentativas, me sinto uma pessoa melhor, mais humana", afirma.

O amor pela Medicina começou quando Nágela teve de fazer um tratamento devido à uma doença neurológica, no ano 2000. Na época, ela estudava Letras, mas abandonou o curso e fez da faculdade de Medicina uma meta. "No hospital, os médicos falavam que eu era para esquecer essa ideia, mas não dei ouvidos. Sabia que queria Medicina não por causa de status ou dinheiro, mas pelo amor que sinto pela profissão", revela.

Em 2003, com o objetivo de se preparar melhor para os vestibulares, entrou em um cursinho. No Farias Brito, colégio onde estudou, fez muitos amigos.

Alguns estão cursando, outros já se formaram. Nágela diz que ficava feliz pelos amigos que conseguiam passar, mas, ao mesmo tempo, vinha o "baque". Ontem, antes do resultado ser divulgado, alguns amigos foram ao colégio torcer pela aprovação da guerreira. Após horas esperando, o "sim" finalmente chegou para Nágela e logo o choro se misturou ao riso. "Ela é um exemplo de vida", ressalta o diretor da escola, Jorge Cruz.

No pátio do colégio, enquanto todos comemoravam a vitória de Nágela, uma frase fixada em um quadro branco chamava a atenção e, de certa forma, pode ser direcionada aos persistentes: "o futuro pertence àqueles que acreditam nos seus sonhos".

Fonte: Diário do Nordeste

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