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Cerca de 70 desempregados marroquinos ameaçaram nesta sexta-feira cometer suicídio coletivo entrando em uma pedreira de fosfato repleta de explosivos, caso não sejam contratados pela estatal de exploração de fosfato OCP, segundo autoridades locais.
A polícia interveio para dissolver à força o protesto ocorrido perto da localidade de Benguerir, no sul do país, e prendeu seis pessoas suspeitas de instigar os manifestantes, segundo autoridades. Outros detalhes do caso não foram divulgados.
O Marrocos vem registrando incidentes sociais chamativos. Na quarta-feira, quadro desempregados com diploma universitário atearam fogo aos próprios corpos no centro de Rabat, a capital, ecoando o gesto do ambulante tunisiano que desencadeou a onda de protestos conhecida como Primavera Árabe ao se imolar no final de 2010.
Os manifestantes da quarta-feira sofreram queimaduras, mas sobreviveram. A imprensa marroquina disse que eles realizaram o protesto durante uma manifestação que pedia empregos públicos para profissionais com formação universitária.
Nesta sexta-feira, um tribunal da cidade litorânea de Safi sentenciou 10 pessoas a quatro anos de prisão e multas pesadas por incendiar propriedades públicas e atacar policiais durante um protesto contra o desemprego em agosto.
A entidade de direitos humanos AMDH disse que um desses condenados, Abdeljalil Akadil, foi torturado durante três dias para admitir seu envolvimento nos distúrbios. Outras seis pessoas foram condenadas a até quatro meses de detenção por participação nos protestos.
Safi e Benguerir ficam em uma das regiões mais pobres do país.
No ano passado, diante de manifestações com centenas de milhares de pessoas que reivindicavam uma monarquia constitucional, um Judiciário independente e combate à corrupção, o rei Mohammed concedeu alguns poderes a ocupantes de cargos eletivos, e antecipou em quase um ano, para novembro passado, uma eleição que acabou sendo vencida pelo Partido da Justiça e Desenvolvimento, de linha islâmica moderada.
Na localidade de Imider (sudeste), onde ficam as maiores minas de prata do Marrocos, centenas de moradores realizam protestos há mais de dois meses contra danos supostamente causados pela mineração aos aquíferos locais.
Quase um terço dos jovens marroquinos está desempregado, e a pobreza atinge mais de um quarto dos 33 milhões de habitantes do país norte-africano.
´As pessoas estão tentando chamar a atenção dos dirigentes para o seu drama. Elas não se sentem iguais perante a Justiça ou em termos de acesso a quaisquer oportunidades disponíveis´, disse Khadija Ryadi, que dirige a entidade AMDH.
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