quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Advogada diz que não pedirá absolvição de Lindemberg

16/02/2012 12h32 - Atualizado em 16/02/2012 13h14


Defesa quer que ele seja condenado por homicídio culposo.
Promotora disse que réu é 'mentiroso e manipulador'.

Do G1 SP

A advogada de Lindemberg Alves, acusado de matar a ex-namorada Eloá Pimentel em outubro de 2008, disse ao Tribunal do Júri que seu cliente não é um “bandido” e que não pedirá a absolvição dele. Ana Lúcia iniciou o debate no Fórum de Santo André, no ABC, por volta das 12h desta quinta-feira (16). Ela terá direito a falar durante uma hora e meia.
"Enxerguem esse rapaz como um parente dos senhores, pois ele não é bandido", pediu Ana Lúcia aos jurados. "Não vou pedir a absolvição dele. Ele errou, tomou as decisões erradas e deve pagar por isso, mas na medida do que ele efetivamente fez."  Ela pediu que seu cliente seja condenado por homicídio culposo - quando não há intenção de matar. "Peço que os senhores condenem o Lindemberg pelo homicídio culposo, pois ele não desejou o resultado. Ele sofre pela morte dela", fala.
Nesta quarta-feira (15), o réu admitiu pela primeira vez durante o júri ter atirado em Eloá. Foi a primeira vez que se pronunciou desde o crime. "Lindemberg não falou antes porque eu sabia que ele seria pronunciado e a decisão caberia aos senhores", disse Ana Lúcia aos jurados.
Antes de Ana Lúcia iniciar sua fala, o debate contou com o pronunciamento da promotora Daniela Hashimoto. Ela afirmou que o réu é “mentiroso, manipulador e dissimulado”. “É esse rapazinho, bonzinho, coitadinho, arrependido, que veio aqui pedir perdão, ele fez um pedido sincero em frente à mídia, mas ele é uma pessoa que simula e é dissimuladora”, disse a promotora em relação ao pedido de perdão feito por Lindemberg nesta quarta-feira durante seu depoimento.
Durante sua apresentação, Daniela manipulou o revólver calibre 32 usado pelo réu para manter Eloá refém. Foi dessa arma que partiu o tiro que matou a ex-namorada do motoboy. A promotora andou com o revólver pelo plenário e puxou o gatilho algumas vezes. “Lindemberg atirou para matar, sim.”
ana lúcia assad (Foto: Nelson Antoine/Foto Arena/AE)Advogada de Lindemberg disse que seu cliente
não é bandido (Foto: Nelson Antoine/Foto Arena/AE)
Intenção de matarApós distribuir cópias dos autos aos jurados - seis homens e uma mulher -, a promotora Daniela Hashimoto disse que Lindemberg já sabia o que iria fazer no apartamento onde manteve Eloá refém por mais de cem horas. Segundo a promotora, uma prova de que o motoboy estava disposto a matar a ex-namorada foi dada quando ele libertou Victor e disse: “Não olhe para trás porque essa porta não é de papel”, teria dito. Ele também teria dito às vítimas que manteve no cárcere, segundo ela, “A PM só vai botar fé em mim se eu matar alguém.”
Ela pediu a condenação de Lindemberg por todos os crimes que ele é acusado. Além do assassinato de Eloá, o motoboy responde por duas tentativas de homicídio contra Nayara Rodrigues da Silva, amiga de Eloá, e o sargento da Polícia Militar Atos Valeriano, assim como por cinco cárceres privados (dois com Nayara e o restante com relação à Eloá, Iago Vilera e Victor Campos) e quatro disparos de arma de fogo. Os crimes aconteceram há três anos, durante os dias 13 a 17 de outubro, em um apartamento em Santo André.
“Ele atirou na Nayara e manteve cárcere privado das vítimas. Prova disso é que chegou a colocar arma na cabeça dela”, afirmou a promotora. "Lindemberg finge ser um cidadãozinho, um coitadinho, um bobinho... Ele teve todas as garantias para se entregar e não o fez porque estava determinado a matar Eloá.”
Na quarta-feira, o terceiro dia de julgamento do caso Eloá terminou às 19h40. Lindemberg Alves, acusado de matar a garota, admitiu pela primeira vez durante o júri ter atirado nela dentro do apartamento em Santo André, no ABC, em 2008. Ele falou por mais de cinco horas, contando os intervalos determinados pela juíza Milena Dias. Foi a primeira vez que se pronunciou desde o crime.
Questionado se atirou em Nayara, Lindemberg disse não se lembrar do fato: "Não me recordo". "Quando fui ver, já estava sendo agredido pelos policiais. Foi tudo muito rápido. Não tinha intenção", disse nesta quarta. A promotora Daniela rebateu a afirmação nesta quinta. "A perícia comprovou que a Nayara foi atingida por um projétil de calibre 32. Só o Lindemberg tinha essa arma no dia dos fatos", disse.

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