quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

'Lindemberg é apaixonado por Eloá', diz advogada de acusado

16/02/2012 13h29 - Atualizado em 16/02/2012 13h50


Defensora de réu pediu para que ele seja condenado por homicídio culposo.
Ana Lúcia Assad falou por uma hora e meia.

Rosane D'Agostino e Kleber TomazDo G1 SP
A advogada de Lindemberg Alves, acusado de matar a ex-namorada Eloá Pimentel, disse durante a fase de debates do julgamento dele, no Fórum de Santo André, no ABC, nesta quinta-feira (16), que seu cliente ainda é apaixonado pela vítima. Segundo Ana Lúcia Assad, Lindemberg não premeditou matar Eloá e pediu que ele seja condenado por homicídio culposo – quando não há intenção de matar. A defensora falou por cerca de uma hora e meia. A juíza Milena Dias determinou em seguida, às 13h30, um intervalo para almoço de uma hora.
“Ele não é marginal ou um criminoso. Os senhores [jurados] são pessoas de bem, assim como Lindemberg. Peço que o enxerguem como um irmão, pai dos senhores, um amigo. Ele não é bandido. Ele confessou que atirou em Eloá. Lindemberg é apaixonado por Eloá. Foi o grande e único amor da vida dele. Tanto é que ele não recebe visita íntima porque ele não quer ter outra mulher”, disse. “Lindemberg
"Não vou pedir a absolvição dele. Ele errou, tomou as decisões erradas e deve pagar por isso, mas na medida do que ele efetivamente fez", disse a advogada. "Peço que os senhores [jurados] condenem o Lindemberg pelo homicídio culposo, pois ele não desejou o resultado. Ele sofre pela morte dela."
Durante a fala de Ana Lúcia, os familiares de Eloá esboçaram reações de incredulidade. O público chegou a se manifestar em alguns momentos.
A advogada disse que seu cliente era querido pela família da vítima e tentou responsabilizar a imprensa e a Polícia Militar pelo ocorrido.
“Lindemberg era muito querido pela família de Eloá. Esse caso só é esse caso por causa da cobertura da mídia, não devia estar acontecendo nada mais importante naquele dia.” Segundo ela, os PMs que invadiram o apartamento são os responsáveis morais pela morte de Eloá e a mídia, co-responsável. "A imprensa fez do sequestro um 'reality show'."  "Ele não pode pagar a conta sozinho. A própria família de Eloá está responsabilizando os policiais que erraram."
ana lúcia assad (Foto: Nelson Antoine/Foto Arena/AE)Para advogada, imprensa transformou réu em
monstro (Foto: Nelson Antoine/Foto Arena/AE)
Para ela, Lindemberg está sendo tratado como "bode expiatório".  "Ele é a bola da vez porque ele é pobre, porque não tem influências importantes como o jornalista Pimenta Neves que ficou solto no processo. Foi decidido que esse pobre aqui vai pagar por todos”, disse a advogada .“Esse caso é uma aberração jurídica. Ele responde preso porque foi pintado na imprensa como um monstro, um anticristo. Que ministro vai querer assinar o alvará [de soltura] dele?", questionou.
A defensora ressaltou o temperamento de Eloá em sua fala, definindo-a como geniosa e explosiva. “Eloá contribuiu para deixar a situação pior que estava”. Ao dizer isso, a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, se irritou no plenário.
“Lindemberg tomou decisões erradas, mas penso que ele deve pagar pelo que fez. Eu, como defensora dele, não pretendo passar a mão na cabeça dele. Ele errou, mas não errou sozinho.” Ana Lúcia pediu que os jurados considerassem o tiro que acertou Nayara como lesão corporal culposa. Segundo ela, Lindemberg se assustou com o barulho da porta. Em seu depoimento, na quarta-feira (15), o réu disse não se lembrar se havia atirado contra a adolescente.
Cárcere privadoA advogada Ana Lúcia Assad afirmou que Lindemberg deve responder, sim, pelo crime de cárcere privado de Eloá. “Mas a Nayara voltou porque quis [ao apartamento]”, rebateu.
Vítima sorria
A advogada distribuiu uma foto aos jurados. Segundo ela, é possível ver que Eloá sorri na imagem divulgada na internet. “Eloá sai à janela da cozinha e sorri. Eu estou presumindo que se ela sorriu, o ambiente lá dentro [do apartamento] não era horroroso. Por que ela sorriu na janela então?! Você sai na janela e vai sorrir sendo torturada?!”. A promotora Daniela Hashimoto interveio e disse que não era possível ver se a estudante sorria na foto.

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