O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, pediu licença do cargo nesta quinta-feira, alegando problemas médicos. A licença será de, no máximo de 60 dias, prazo estabelecido pelo estatuto da entidade. Em seu lugar assume José Maria Marin, vice escolhido por ele em e-mail enviado a presidentes de federações.
A assessoria da CBF diz desconhecer o fato, confirmado por Francisco Noveletto, presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF). Por telefone, ele disse ter recebido um e-mail de Ricardo Teixeira com o anúncio, que já era esperado pelos seus pares.
"Nós já havíamos pedido para ele que houvesse um rodízio, vamos ver se ele vai nos atender e deixar que cada vice ocupe o cargo por 12 dias", disse o cartola, um dos que mais protestaram contra a possibilidade de José Maria Marin assumir a entidade. Além de Noveletto, todos os outros presidentes de federações também receberam o comunicado por e-mail.
Marin é o vice mais velho da CBF. Pelo estatuto, ele é que comandaria a entidade caso Ricardo Teixeira renunciasse. Só que Marin é muito ligado à Federação Paulista de Futebol (FPF), e os demais cartolas não queriam que o poder ficasse concentrado na mão dos paulistas.
Marco Polo del Nero, presidente da FPF e um dos principais beneficiários da possível ascensão de Marin, se irritou com a sugestão de Noveletto. "Eu não acredito que ele esteja falando disso de novo. Ele continua querendo administrar a CBF? Manda ele administrar melhor a Gaúcha. Ele participou da assembleia e não levantou a voz, não pediu a palavra", disse o cartola.
O pedido dos dirigentes de federações estaduais teria sido feito na semana passada, em uma assembleia-geral na sede da entidade. Del Nero nega que o tema tenha sequer sido aventado. Ricardo Teixeira estava envolvido em diversos boatos sobre uma possível renúncia, mas anunciou que ficaria. Uma semana depois, no entanto, se afasta da CBF.
Fábio Marcel Nogueira, presidente da FCF (Federação Catarinense de Futebol) e vice-presidente da CBF pela região Sul, afirmou que Teixeira já havia sinalizado que poderia se afastar de seu cargo em um futuro próximo, por problemas de saúde. “Ele (Teixeira) nos avisou que não descartava a hipótese de pedir uma licença médica, pois precisava tratar da saúde”, contou o cartola, que também confirmou a intenção de fazer um rodízio.
“Mas esta é uma decisão que cabe exclusivamente a ele [Teixeira]. Se ele designou o [José Maria] Marin, estou pronto para trabalhar e colaborar com ele”, afirmou Nogueira. Por fim, o cartola disse não esperar problemas na gestão interina de Marin. “A CBF possui uma engrenagem que funciona sozinha, com diretorias e departamentos consolidados. Não acredito que o novo presidente chegará disposto a fazer enormes mudanças. Assim, não antevejo maiores problemas ou mudanças”.
Histórico médico
Os problemas de saúde de Ricardo Teixeira já levaram o cartola a ser internado por dois dias em outubro do ano passado. À época, ele foi atendido no hospital Pró-Cardíaco, no bairro de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. Teixeira deu entrada no hospital queixando-se de dores abdominais. Após uma série de exames, os médicos identificaram um quadro de diverticulite, processo inflamatório no intestino grosso. O dirigente passou a ser medicado e ficou 48 horas em observação.
Além da diverticulite, Teixeira tem um histórico de problemas cardíacos, possui dois stents (tubo perfurado que auxilia o fluxo sanguíneo nas artérias) e se consultava com o cardiologista e ex-presidente do Fluminense, Roberto Horcades.
Fonte: UOL
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