sábado, 26 de maio de 2012

Hospital do Crato ameaçado de fechar



Hospital Regional Manuel de Abreu está atravessando uma grande crise financeira (Foto: Diário do Nordeste)

Funcionando desde 1970, o Hospital Regional Manuel de Abreu, neste Município, está atravessando uma grande crise financeira. Devido à falta de verbas, a unidade já reduziu o número de atendimentos e ainda não fechou as portas graças ao esforço dos sócios mantenedores. Atualmente, o hospital disponibiliza apenas 43 leitos, sendo 23 deles destinados a pacientes do sexo feminino e 20 na ala masculina. Mas, a capacidade de atendimento é bem maior, chega a ultrapassar os 100 leitos. A estrutura física do hospital dispõe de quatro enfermarias, duas salas de cirurgias, cinco consultórios, ambulatórios e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), atualmente desativada.

Ao longo dos anos, o Município já teve dois grandes hospitais de atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) fechados. O Hospital Monsenhor Rocha, de atendimento na Pediatria, e a Casa de Saúde São Miguel. A situação do Hospital Manuel de Abreu é crítica, o empenho em mantê-lo é grande. Os gastos com o funcionamento da unidade de saúde são pagos com os recursos do SUS, que disponibiliza, através do Município, aproximadamente R$75 mil por mês. Entretanto, o valor é insuficiente para a manutenção da estrutura física e pagamento do pessoal.

Além disso, ainda há atrasos no repasse da verba. Devido aos problemas, o atendimento aos pacientes tem ficado cada vez mais precários.

Para tentar regularizar o atendimento nos hospitais da cidade, a Secretaria de Saúde convocou a direção das unidades credenciadas ao SUS, como forma de garantir que, até o dia 25 de cada mês, os repasses serão realizados. Para funcionar plenamente, o Hospital Manuel de Abreu precisaria de melhorias de até 50% no valor do teto financeiro atual. As Autorizações de Internamentos Hospitalares (AIH), que hoje são apenas 43, deveriam ser 100.

Mensalmente, são atendidos no hospital 180 pacientes. Porém, a demanda é superior. Mas, por falta de leitos disponíveis, alguns pacientes chegam a voltar para casa sem ser consultado. Como forma de evitar que isso aconteça, o hospital encaminha os doentes a leitos particulares e ambulatoriais, sem a cobrança de taxas, até que surja uma vaga nos leitos das enfermarias. Geralmente, dependendo da patologia, os pacientes permanecem por cerca de cinco dias internados.

O custo diário de um internamento pode variar entre R$ 35 a R$ 40. Porém, o pagamento dos gastos pelo Sistema Único de Saúde é feito por procedimentos realizados. O hospital também é conveniado a planos de saúde.

Além da falta de recursos, outro problema que afeta a direção do Hospital Manuel de Abreu é a carga tributária da empresa, o que onera ainda mais a manutenção da unidade. Ao todo, o hospital emprega 45 funcionários, os gastos com a folha de pagamento também são elevados. Se o hospital chegar a fechar, afora o desemprego, poderá haver uma superlotação dos demais hospitais e uma ampliação da crise no setor da saúde. O apelo da direção do Hospital Manuel de Abreu é para que haja uma sensibilização e humanização das esferas governamentais que possam apontar algumas soluções que viabilizem a alocação de verbas para a manutenção dos hospitais privados que atendem a pacientes do SUS.

De acordo com a direção administrativa, essa não é a primeira crise que o Hospital enfrenta. Desde que o Município comprometeu-se em transferir as verbas destinadas à Casa de Saúde São Miguel ao hospital, o que não aconteceu, a unidade teve suas dificuldades pioradas.

Para a atual gestão do hospital, esse foi um dos principais motivos que acarretou na diminuição dos atendimentos. Sem as mudanças nos repasses de verbas, foi necessário haver uma reorganização da estrutura física, onde tiveram que ser fechadas duas enfermarias e consequentemente, também houve demissão de vários funcionários. Hoje, mesmo com todos os problemas, a tentativa da administração ainda é de manter a unidade funcionando.

A localização do Manuel de Abreu é próxima ao bairro mais populoso do Crato, o Seminário. Além da demanda da localidade, a unidade atende aos pacientes dos bairros Gisélia Pinheiro, Independência, Recreio, Vila Alta e também de outros Estados vizinhos, como Pernambuco.

Fonte: Diário do Nordeste

Nenhum comentário: