Antônio Vicelmo Fonte:http://www.miseria.com.br
O espetro da seca continua presente na cabeça do nordestino que está
cansado de levantar as mãos para cima e pedir a Deus e aos homens que
tenham compaixão (Foto: Antônio Vicelmo)
O fantasma da seca ainda ronda os lares nordestinos , transformando o
sertão num cemitério de ruinas de casas. . No meio da paisagem cinzenta ,
debaixo do Sol causticante renasce o mandacaru , riscando de verde a
paisagem estorricada. O gado esquelético caminha em busca das últimas
reservas de água. Desolado, o vaqueiro quebra o silêncio com um aboio
dolente que ecoa nas quebradas da serra. O agricultor estica o olhar
para o nascente a procura de um sinal de chuva. Este é o triste quadro
que se repete, á séculos, no semiárido nordestino.
O fantasma da seca ainda ronda os lares nordestinos (Foto: Antônio
Vicelmo)
O espetro da seca continua presente na cabeça do nordestino que está
cansado de levantar as mãos para cima e pedir a Deus e aos homens que
tenham compaixão. É claro que a seca não é mais como antigamente. Os
agricultores de hoje não morrem de fome, morrem de humilhação . Os
programas sociais do Governo matam de vergonha quem tem um mínimo de
dignidade.
Não assistimos mais o drama narrado por Patativa do Assaré na música
“Atriste Partida”. Mas o êxodo rural continua. A falta de água para o
consumo humano e doméstico obriga as pessoas abandonarem casas e saírem
em retirada para os centros urbanos em busca de sobrevivência e terminam
morrendo nas filas dos hospitais , no trânsito , nos presídios, nas
favelas. É a realidade nua e crua do sertanejo que um dia foi descrito
por Euclides da Cunha como “antes de tudo, um forte”.
Faltam soluções para resolver a sua má distribuição e as dificuldades de
seu aproveitamento (Foto: Antônio Vicelmo)
A seca não é a falta de chuvas. É apenas um agravante do estado de
miséria do povo nordestino No período chuvoso, por exemplo, a população
residente nas margens de lagoas, riachos e rios sofrem com as enchentes e
chegam a perder tudo com o alagamento.
A seca sempre existiu. É um fenômeno natural cíclico, nunca vai se
acabar. Geralmente o problema da seca costuma ser exagerado, de tal
maneira que a maioria das pessoas pensa que ela é a maior causa da
pobreza no Nordeste. Na verdade, o problema principal do Nordeste é de
ordem social e tem origem não na escassez ou falta de chuvas, mas na
desigual distribuição da terra e da renda gerada na região. Ao
transformar a seca na grande culpada pelos males nordestinos, é uma
distorção da realidade.
A rigor, não falta água no Nordeste. Faltam soluções para resolver a sua
má distribuição e as dificuldades de seu
aproveitamento. É "necessário desmistificar a seca como elemento
desestabilizador da economia e da vida social nordestina e como fonte de
elevadas despesas para a União ...desmistificar a idéia de que a seca,
sendo um fenômeno natural, é responsável pela fome e pela miséria que
dominam na região, como se esses elementos estivessem presentes só aí".
Alimentando de forma dramática o noticiário sobre a seca veiculado pelos
meios de comunicação, esses grupos conseguem obter do governo verbas e
auxílios a título de socorro às regiões atingidas pela falta de chuvas. É
ai que começa a ser montada a “indústria da Seca” .
Antônio Vicelmo retrata a realidade do sertão nordestino (Foto:
Divulgação/ Centro Cultural Banco do Nordeste)
Nenhum comentário:
Postar um comentário