quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A seca está transformando o sertão num cemitério de ruinas de casa

 

 

 

 

Antônio Vicelmo Fonte:http://www.miseria.com.br O espetro da seca continua presente na cabeça do nordestino que está cansado de levantar as mãos para cima e pedir a Deus e aos homens que tenham compaixão (Foto: Antônio Vicelmo) O fantasma da seca ainda ronda os lares nordestinos , transformando o sertão num cemitério de ruinas de casas. . No meio da paisagem cinzenta , debaixo do Sol causticante renasce o mandacaru , riscando de verde a paisagem estorricada. O gado esquelético caminha em busca das últimas reservas de água. Desolado, o vaqueiro quebra o silêncio com um aboio dolente que ecoa nas quebradas da serra. O agricultor estica o olhar para o nascente a procura de um sinal de chuva. Este é o triste quadro que se repete, á séculos, no semiárido nordestino. O fantasma da seca ainda ronda os lares nordestinos (Foto: Antônio Vicelmo) O espetro da seca continua presente na cabeça do nordestino que está cansado de levantar as mãos para cima e pedir a Deus e aos homens que tenham compaixão. É claro que a seca não é mais como antigamente. Os agricultores de hoje não morrem de fome, morrem de humilhação . Os programas sociais do Governo matam de vergonha quem tem um mínimo de dignidade. Não assistimos mais o drama narrado por Patativa do Assaré na música “Atriste Partida”. Mas o êxodo rural continua. A falta de água para o consumo humano e doméstico obriga as pessoas abandonarem casas e saírem em retirada para os centros urbanos em busca de sobrevivência e terminam morrendo nas filas dos hospitais , no trânsito , nos presídios, nas favelas. É a realidade nua e crua do sertanejo que um dia foi descrito por Euclides da Cunha como “antes de tudo, um forte”. Faltam soluções para resolver a sua má distribuição e as dificuldades de seu aproveitamento (Foto: Antônio Vicelmo) A seca não é a falta de chuvas. É apenas um agravante do estado de miséria do povo nordestino No período chuvoso, por exemplo, a população residente nas margens de lagoas, riachos e rios sofrem com as enchentes e chegam a perder tudo com o alagamento. A seca sempre existiu. É um fenômeno natural cíclico, nunca vai se acabar. Geralmente o problema da seca costuma ser exagerado, de tal maneira que a maioria das pessoas pensa que ela é a maior causa da pobreza no Nordeste. Na verdade, o problema principal do Nordeste é de ordem social e tem origem não na escassez ou falta de chuvas, mas na desigual distribuição da terra e da renda gerada na região. Ao transformar a seca na grande culpada pelos males nordestinos, é uma distorção da realidade. A rigor, não falta água no Nordeste. Faltam soluções para resolver a sua má distribuição e as dificuldades de seu aproveitamento. É "necessário desmistificar a seca como elemento desestabilizador da economia e da vida social nordestina e como fonte de elevadas despesas para a União ...desmistificar a idéia de que a seca, sendo um fenômeno natural, é responsável pela fome e pela miséria que dominam na região, como se esses elementos estivessem presentes só aí". Alimentando de forma dramática o noticiário sobre a seca veiculado pelos meios de comunicação, esses grupos conseguem obter do governo verbas e auxílios a título de socorro às regiões atingidas pela falta de chuvas. É ai que começa a ser montada a “indústria da Seca” . Antônio Vicelmo retrata a realidade do sertão nordestino (Foto: Divulgação/ Centro Cultural Banco do Nordeste)

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