Parentes e amigos velaram corpo no cemitério N. S. de Fátima (Foto:
Reprodução / TV Tem)
O corpo do ex-policial Florisvaldo de Oliveira, conhecido como Cabo
Bruno, será enterrado às 14h no Cemitério Nossa Senhora de Fátima, em
Catanduva. O corpo já está sendo velado na cidade onde o cabo nasceu.
Para Moacir Oliveira, 66 anos, irmão do ex-policial, Bruno não
acreditava que poderia ser morto. “Ele não achava que poderia ser morto.
Se tivesse essa suspeitoa, ele poderia ter sumido, mas não chegou a
receber nenhuma ameaça”, afirma.
Moacir se encontrou com Bruno logo depois que ele saiu da prisão, há
pouco mais de um mês. O ex-policial veio para Catanduva para rever
familiares e amigos, onde ficou por quatro dias.
Conhecido por chefiar um esquadrão da morte na capital paulista na
década de 1980, Florisvaldo foi executado na noite de quarta-feira (26)
com cerca de 20 tiros. Ele havia saído da prisão no dia 23 de agosto,
depois de cumprir uma pena de 27 anos, dez deles na penitenciária Doutor
José Augusto César Salgado, a P2 de Tremembé(SP).
“Ele estava muito feliz com a liberdade. Ele falava que tinha quitado
sua dívida e que agora iria viver livre como um pássaro. Era um rapaz
muito bom. Para mim, um dos momentos mais marcantes foi quando fui ao
casamento dele. Foi dentro da penitenciária de Tremembé, e foi a coisa
mais linda que eu vi”, afirma o irmão, que mora em Catanduva.
Durante a manhã, cerca de 50 pessoas passaram pelo velório, entre
amigos, familiares e curiosos.
Nesta quinta-feira, o corpo do policial também foi velado em um
cemitério de Pindamonhangaba(SP), cidade onde estava morando com a
mulher e pastora Daisy França. Daisy chegou ao velório por volta das 7h,
mas não quis falar com a imprensa por medo de represálias.
A irmã de Florisvaldo, Clarisse de Oliveira, viveu com o irmão durante
oito anos, quando ele trabalhava como policial em São Paulo. Atualmente
ela mora em Peruíbe e o irmão tinha combinado de visitá-la neste sábado.
“A gente não imaginava que isso iria acontecer. Ele tinha virado
pastor, estava feliz, indo sempre aos cultos, nem andava mais armado.
Foi um choque para a família”, diz a irmã, que ficou sabendo da morte na
madrugada de quinta-feira.
Emocionada com a morte do irmão, Clarisse afirma que Florisvaldo era
muito amoroso e atencioso com a família e que, mesmo longe e preso,
sempre se preocupava com a família. “Morei com ele em São Paulo. Era uma
época muito boa, não dá nem para entender tudo isso que aconteceu com
ele. De coração, ele era uma pessoa muito boa, não sabia falar `não´
para ninguém”, diz a irmã.
Notícia pelo rádio
Alonso Correa, primo de Florisvaldo, afirma que ficou sabendo da notícia
da morte do primo às 4h da quinta-feira (27), pelo rádio. Ele também
conviveu com o primo em São Paulo, antes de se mudar para São José do
Rio Preto (SP). Apesar de o irmão falar que Florisvaldo não recebeu
ameaças, Alonso afirma que a família era perseguida. “A família já
estava sendo ameaçada, principalmente ele. Estamos com medo de falar
qualquer coisa. Ele estava chegando de um culto quando foi abordado e
morreu com a bíblia debaixo do braço”, diz.
Correa morou, em São Paulo, em um dos bairros em que Florisvaldo
trabalhava. A Justiça acredita que o esquadrão da morte chefiado pelo
Cabo Bruno tenha matado mais de 50 pessoas. “O que falavam no bairro, na
época, é que ele era um justiceiro. A gente não tem muita informação
porque estes fatos são meio complicados da gente ficar sabendo", diz.
Fonte: G1
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