José Serra (à esq.) e Fernando Haddad (dir.) superaram Celso Russomanno
na reta final da campanha (Foto: UOL)
Com uma virada na reta final da disputa, o tucano José Serra e o petista
Fernando Haddad superaram o candidato do PRB, Celso Russomanno, e farão
o segundo turno na maior cidade do país. Com a apuração quase
encerrada, Serra tem uma vantagem de pouco mais de cem mil votos sobre o
petista. Haddad e Serra contaram com o maior tempo de propaganda na TV
durante a campanha. O petista, apostou todas as fichas no padrinho, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já tucano, defendeu a gestão do
prefeito, Gilberto Kassab (PSD), e contou com o apoio do governador do
Estado, Geraldo Alckmin (PSDB).
No início da campanha, em julho, o candidato do PRB aparecia em segundo
lugar nas pesquisas, atrás de Serra, mas conseguiu ultrapassar o tucano
já no mês seguinte e manteve a ponta durante quase todo o período de
propaganda eleitoral gratuita.
Na reta final, porém, Russomanno começou a sofrer ataques de Serra e
Haddad --e também de Gabriel Chalita, candidato do PMDB à prefeitura-- e
perdeu a liderança isolada da disputa.
Serra trabalhou desde o início da campanha para convencer o eleitor de
que vai permanecer no cargo de prefeito até o fim do mandato --e não
deixar o cargo para disputar a Presidência da República ou o governo do
Estado, como aconteceu em 2006. Após ser abordado sobre o tema em
entrevistas e debates, ele exibiu depoimento no horário eleitoral
gratuito afirmando que, caso eleito, vai cumprir o mandato.
O tucano, que tem 70 anos e já foi deputado federal e senador por São
Paulo e ministro da Saúde e do Planejamento durante o governo Fernando
Henrique Cardoso, apresentou ainda propostas como a criação de 30 AMAs
(Assistência Médica Ambulatorial) 24 horas e a instalação de creches nas
estações de metrô e de trem.
Haddad, que tem 49 anos e foi ministro da Educação dos governos Luiz
Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, fez promessas como a criação do
Bilhete Único Mensal --que custaria R$ 140 ou R$ 70, no caso de
estudantes-- e a construção do Arco do Futuro, um projeto para acabar
com os bairros-dormitório e com o trânsito carregado por meio de
incentivos para empresas que se instalassem em torno do arco formado
pela avenida Cupecê e pelas marginais Tietê e Pinheiros até a avenida
Jacu-Pêssego.
Prestação de contas parcial referente aos dois primeiros meses de
campanha (julho e agosto), enviada ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral),
mostra que a campanha de Haddad foi a mais cara do país: R$ 16,5
milhões. Já Serra e Russomanno informaram gastos de R$ 8,4 milhões e R$
1,3 milhão, respectivamente. Haddad contou com o apoio direto de Lula,
que priorizou a campanha petista em São Paulo.
A presidente Dilma Rousseff também escolheu o palanque de Haddad para
fazer sua estreia em comícios nestas eleições. Dilma participou de
evento do petista na última segunda-feira e já vinha aparecendo na
propaganda eleitoral de Haddad desde o dia 10 de setembro. A entrada da
presidente em campanhas contrariou a expectativa de que ela o faria
apenas no segundo turno para evitar conflitos onde houvesse mais de um
candidato da base aliada.
O início da candidatura de Haddad foi marcado por momentos de tensão.
Indicado por Lula para disputar o cargo de prefeito de São Paulo
--contrariando a intenção de Marta Suplicy em concorrer--, Haddad
amargou falta de apoio da ex-prefeita até o dia 5 de setembro, quando
ela entrou na campanha. Dias depois, Dilma nomeou Marta ministra da
Cultura, o que foi classificado por Serra como “uso do governo como
propriedade privada”. O PT nega que a nomeação tenha relação com o apoio
a Haddad.
O apoio recebido do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), adversário
histórico do PT em São Paulo, também acabou se tornando um problema para
Haddad. A aliança, que foi selada com a foto de um aperto de mão entre
Lula e Maluf, ao lado de Haddad, nos jardins da casa do deputado,
provocou a saída da então vice da chapa do petista, deputada federal
Luiza Erundina (PSB-SP). A coligação, então, lançou o nome de Nádia
Campeão (PC do B).
A aliança com Maluf, bem como a ligação do petista com José Dirceu e
Delúbio Soares, réus no processo do mensalão --que está sendo julgado no
STF (Supremo Tribunal Federal)--, foram usados pela campanha de Serra
para atacar Haddad em comerciais na TV e no rádio.
Fonte: UOL
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