Yoshio Takaoka é presidente da câmara de Marília (Foto: Câmara
Municipal/Divulgação)
Menos de 24 horas após ter sido levado para a carceragem da cadeia de
Lutécia, a Justiça de Marília (SP) acatou o pedido de relaxamento de
prisão feito pela defesa e concedeu liberdade provisória ao presidente
da Câmara do município, Yoshio Sérgio Takaoka (PSB), que havia sido
preso na última quarta-feira sob a suspeita de compra de votos.
O vereador reeleito e dois assessores - um motorista e uma assessora -
são acusados de fraudar documentos para tentar atrapalhar a investigação
que apura uma possível compra de votos durante as eleições. Ele vinha
sendo investigado desde o início da semana.
Os três foram presos em flagrante por fraude processual e falsidade de
documentos públicos e haviam sido encaminhados às cadeias de Garça, Vera
Cruz (feminina) e Lutécia. Para o parlamentar, a Justiça estipulou
fiança de 35 salários mínimos, o equivalente a R$ 21.770. Já para a
assessora, o valor estipulado foi de R$ 6.220 e, para o motorista, de R$
3.110. O representante do departamento jurídico da Câmara esteve em uma
agência bancária para pagar as fianças e, de lá, seguiria até o fórum
da Justiça Federal para retirar o alvará de soltura dos suspeitos.
Policiais federais flagraram Takaoka e os funcionários do Legislativo
mariliense, em um carro oficial, tentando atrapalhar as investigações.
De acordo com a PF, no veículo foram encontrados diversos contratos de
prestação de serviços, folhas de cheque com valores em branco, porém
assinadas; além de uma lista com nomes de centenas de eleitores,
incluindo os que já haviam sido intimados pela Polícia Federal durante
inquérito policial para apurar compra de votos.
"Contratava-se alguém com contrato assinado, pagava-se em cheque - que é
obrigatório, não pode se pagar em dinheiro - e, com isso, se dava um ar
de legalidade à compra de votos. Só que, em muitos casos, essa pessoa
sequer trabalhava na campanha", disse o delegado-chefe da PF em Marília
Aníbio Roberto Turíbio.
Segundo o delegado que comanda as investigações, 30 pessoas foram
ouvidas na terça-feira. As informações coletadas pela polícia dão conta
de que os assessores ligados ao vereador estariam coletando assinaturas
em contratos de trabalho "de fachada" para justificar a emissão de cerca
de 500 cheques, no valor de R$ 100 cada, durante a campanha. Os
contratos de prestação de serviço serviriam para justificar os
pagamentos, até então sem explicação.
O Ministério Público deve pedir a cassação do registro de candidatura de
Takaoka. Caso ele tenha o mandato cassado pela Justiça, o primeiro
suplente da coligação PSB/PSC, Herval Rosa Seabra, será diplomado. "O
crime eleitoral possibilita uma ação de cassação do registro do vereador
ou do candidato a vereador eleito ou não eleito. E a consequência,
cassando-se o registro se ele foi eleito, é a perda do mandato e aquele
que não foi eleito fica inelegível por 8 anos", disse o promotor
eleitoral que acompanha o caso Jairo José Gênova. Se condenados, os três
podem pegar pena de até 8 anos de prisão, além de multa. O advogado do
parlamentar, Cristiano Mazeto, nega que tenha havido compra de votos. "A
assessora estava regularizando a prestação de contas, mas ele não sabia
que ela fazia isso. Não há esse tipo de conduta de compra de votos e
isso tudo será provado no decorrer do processo", disse Mazeto.
Vereadores de oposição defendem o afastamento imediato de Takaoka da
presidência do Legislativo. "Não existe clima para continuidade do
vereador. Ele tem e deve receber o direito da ampla defesa. Lá no final,
cada vereador deve decidir o que deve ser imputado ao vereador
Takaoka", explica o vereador e delegado Wilson Alves Damasceno (PSDB).
Yoshio Takaoka foi secretário Municipal do Verde e Meio Ambiente entre
2001 e 2004. Atuou como diretor adjunto da Codemar (Companhia de
Desenvolvimento Econômico de Marília) de 2004 a 2008, além de ser
suplente de vereador por duas legislaturas. O político foi eleito
vereador em 2008 com 2.512 votos pelo PSB e reeleito para o mesmo cargo
nas eleições de 7 de outubro deste ano recebendo 2.125 votos.
Fonte: Terra
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