No fim do mês, o governo federal mobilizará Estados e municípios para
testagens de HIV, que é o vírus da Aids, sífilis e hepatite viral (Foto:
Marília Camelo/Diário do Nordeste)
Nos últimos 15 anos, o Ceará registrou crescimento considerável do
número de casos de Aids. Com taxa de incidência da doença de 9,7 para
cada grupo de 100 mil habitantes, o ano de 2011 aparece com o maior
registro, até o momento, neste período, com 815 casos. Os dados são do
último Informe Epidemiológico da doença, divulgados pela Secretaria da
Saúde do Estado (Sesa), e revelam também o aumento de casos entre
heterossexuais.
Conforme o levantamento, o número de ocorrências de Aids no período de
1996 à 2011caracterizou-se por evolução lenta e progressiva, tendo
destaque para grande incidência nos anos de 2003 e 2004. Em seguida,
registrou-se um declínio até o ano de 2006 e, nos anos seguintes, novo
crescimento, chegando a maior incidência no ano de 2011.
Na análise por categoria de exposição entre pessoas com 13 anos ou mais,
tendo como principal forma de transmissão a sexual, a grande
predominância dos casos está no grupo heterossexual, a partir do ano de
1997. Em 2011, foram 401 casos contra 119 em homossexuais, e 32 em
bissexuais. Se levado em consideração os índices por cor, faixa etária e
sexo, o boletim aponta que o perfil da doença se concentra mais em
homens, pardos, e de 20 a 49 anos.
Embora a maior incidência tenha sido registrada no grupo heterossexual,
Manoel Fonsêca, coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa,
revela que os números são superiores em virtude de ser uma população bem
maior e que, de fato, a maior proporção de casos está no grupo de
homens que fazem sexo com homens (HSH). "Essa ainda é a maior pendência.
Muitos não se protegem", diz.
Sobre os casos na população em geral, Fonsêca afirma que a tendência,
não apenas no Ceará, mas em todo o País, varia entre uma certa
estabilização e um crescimento lento. Segundo explica, três componentes
favorecem o aumento dos números: a interiorização da doença no Ceará,
que indica a presença da doença em 98% dos municípios, a feminização da
Aids, reflexo do comportamento das mulheres, que muitas vezes, por
vulnerabilidade biológica, se sujeitam a relações sem preservativos e
com homens que têm várias parceiras, e o aumento de relações sexuais na
terceira idade, público em risco potencial pela prática sexual sem
proteção.
Sobre a transmissão vertical, que ocorre quando a gestante passa a
doença ao bebê, Manoel Fonsêca acredita que não haverá crescimento em
virtude da liberação de testes da doença para todos os municípios pelo
Governo do Estado.
"Cada uma tem direito a dois testes, um no primeiro trimestre, e outro
no último. Se detectado logo, inicia-se o tratamento até o nascimento da
criança que, após nascida, passa por novo tratamento durante seis
meses. Isso reduz em 90% as chances de infecção ao bebê", explica o
médico e coordenador.
Campanha
Nos dez dias que antecedem o Dia Mundial de Luta contra a Aids, em 1º de
dezembro, o governo federal mobilizará Estados e municípios para uma
grande campanha de testagem de HIV, sífilis e hepatites virais.
Estimando-se que 200 mil a 250 mil brasileiros têm HIV e não estão
diagnosticados, a expectativa é realizar 500 mil testes entre 22 de
novembro e 1º de dezembro.
Fonte: Diário do Nordeste
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