Estado é o 2º em projetos eólicos no Nordeste, mas é o líder no País em
geração (Foto: Kid Júnior/Diário do Nordeste)
Os recentes apagões no sistema elétrico do País trazem novamente à tona
as discussões acerca da segurança energética brasileira. Embora,
diferentemente de 2001, desta vez, as falhas venham sendo atribuídas aos
equipamentos de transmissão, a preocupação com a geração de energia
ainda é constante.
Atualmente, ao lado das hidrelétricas, as térmicas são quem entram em
cena em caso de interrupções. Por gerar uma energia mais cara, estas
tendem a elevar as contas de luz.
Assim, os olhares se voltam, mais uma vez, para a evolução do conjunto
de fontes renováveis. Como anda a capacidade instalada de energia eólica
e solar, por exemplo, grandes apostas governamentais para a
diversificação da matriz energética nacional e quais as perspectiva para
o setor nos próximos anos?
Nordeste na frente
Segunda fonte de energia mais competitiva em termos de preço hoje no
Brasil - só perde para a hidráulica -, a eólica caminha, literalmente,
de vento em popa.
Até 2016, segundo a presidente executiva da Associação Brasileira de
Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo, cerca de R$ 40 bilhões serão
aplicados no setor, em virtude dos parques em construção, vencedores dos
últimos leilões de energia.
Nesse contexto, o Nordeste parte na frente. Os estados do Ceará, Rio
Grande do Norte e Bahia, receberão a maior parte dos projetos. "Dos 7 GW
previstos para entrar em operação até 2014, que somam cerca de R$ 30
bilhões em investimentos, aproximadamente R$ 22 bilhões serão aplicados
no Nordeste, concentrados nos Estados do Ceará, Bahia e Rio Grande do
Norte", avalia o presidente da Câmara Setorial de Energia Eólica do
Ceará, Adão Linhares. "Destes projetos, o Rio Grande do Norte lidera com
3 GW, com o Ceará vindo em seguida com 2 GW. No entanto, em termos de
capacidade atualmente instalada, o Ceará é líder, sendo responsável pela
geração de 38% de toda a energia eólica produzida no País. Em média, os
despachos mensais têm sido de 170 megawatts (MW), o que dá para atender
1,2 milhão de habitantes ou o equivalente a 400 mil residências",
complementa Elbia Melo, da Abeeólica.
Falta transmissão
No entanto, explica, a ressalva fica por conta das linhas de
transmissão. "Os projetos estão sendo entregues no prazo. Porém, quando
eles estão prontos para despachar a energia, não existem as linhas de
transmissão próximas aos parques eólicos para permitir a distribuição",
afirma.
"Hoje, temos 622 MW adicionais prontos para entrar em operação no País e
as linhas de transmissão não estão lá para distribuir", emenda. "Caso a
questão da transmissão acompanhasse o potencial da geração eólica, esta
fonte teria um grande papel na geração local, por estar mais próxima do
consumidor, em caso de falhas no Sistema Interligado Nacional", sugere.
De fato, avalia, Linhares, a segurança energética do Brasil hoje é
crítica porque combina fatores como falhas nos equipamentos, refletida
pela falta de manutenção, e o baixo nível de energia armazenada nos
reservatórios das hidrelétricas, o que deixa o sistema próximo da curva
de aversão ao risco. "Será que em não ocorrendo chuvas todas as térmicas
seriam acionadas? O País pagaria esse custo? Elas suportariam o
abastecimento?", questiona Linhares.
Dessa forma, a entrada em operação das eólicas é fundamental. "Sem elas
hoje estaríamos em situação mais crítica. "Mas, ainda se enfrenta o
problema das linhas de transmissão, que não estão prontas para atender
os projetos de eólica que estão sendo entregues", fala.
Solar
Conforme Adão Linhares, nesse contexto de apagões, a geração de energia
solar ainda não teria tanta influência. "À geração fotovoltaica ainda é
muito pequena no Brasil. Por enquanto, em operação comercial, temos
apenas a usina de Tauá, no Ceará. Os demais projetos são particulares",
conta o especialista.
Apesar de nos últimos dez anos o custo dos painéis fotovoltaicos terem
diminuído consideravelmente, afirma o especialista, por enquanto apenas
pequenos projetos estão sendo viáveis. "Para geração em maior escala, o
governo precisaria intervir mais, promovendo leilões para viabilizar a
sua inserção na matriz energética nacional, com tarifas teto para ajudar
a cair os valores", destaca. Outras fontes como as Pequenas Centrais
Hidrelétricas (PCHs) e Biomassa já estão consolidadas, complementa
Linhares, mas a geração ainda é muito pequena. "O que tende a crescer
são mesmo as fontes eólica e solar", finaliza.
Fonte: Diário do Nordeste
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