Algumas coisas parecem óbvias, desnecessárias de serem ditas, mas
justamente por possuírem este estatuto acabam por ser desapercebidas e
convenientemente ignoradas. Não é novidade que o grupo dos policiais é
mais vulnerável a mortes não naturais do que as demais pessoas da
sociedade, por motivos que parecem unânimes e evidentes, mas nem sempre
estudados e considerado no desenvolvimento de políticas pública na área
de segurança pública.
Após o levantamento parcial feito pelo jornal Folha de São Paulo,
apontando que um policial morre a cada 32 horas no Brasil, vale a pena
investigar quais são as peculiaridades da atividade policial que levam
esses profissionais a estarem mais expostos do que outros trabalhadores:
Confrontos em Serviço
Triste cena
Esta parece ser a causa mais óbvia, pois até mesmo os filmes de
Hollywood demonstram que policiais podem, durante o serviço, se
confrontar com criminosos que estejam dispostos a fazer frente à força
legítima do Estado. Nem sempre esta força incide de modo a evitar
tragédias, e policiais acabam tombando assassinados no desempenho da
função.
Represálias
Ser policial, muitas vezes, é contrariar interesses de pessoas mal
intencionadas e interessadas em lucrar a partir da lesão ao outro.
Quando a polícia intervém evitando que tais práticas se propaguem é
possível que o criminoso tome a ação como “pessoal”, e resolva
exterminar os responsáveis por frustrar seus negócios ilegais. Assim,
policiais morrem, simplesmente, por terem cumprido seu papel.
Acidentes no exercício função
Em uma perseguição policial, ou num salvamento a uma vítima, o motorista
de uma viatura às vezes se vê compelido a exceder os limites de
velocidade e a desobedecer as normas de trânsito visando ter êxito em
uma ocorrência. Há muitos casos em que acidentes graves e fatais ocorrem
por causa desta exposição às vezes necessária. Também se enquadra neste
caso acidentes com armas de fogo.
Reconhecimento fora de serviço
Um assalto está em pleno andamento quando um policial fardado, voltando
do serviço, acaba sendo visto pelos criminosos, que resolvem investir
contra o policial evitando qualquer rechaça a seus atos criminosos. O
mesmo ocorre quando o policial é identificado por documentos, apetrechos
em seu veículo etc.
Reação a assalto
Com a muito frequente ocorrência de roubos atualmente, não é difícil que
um policial seja vítima dessa modalidade delituosa, e, no caso de estar
portando arma de fogo, quase sempre a alternativa é reagir, correndo o
risco do erro e consequente desfecho trágico.
Como se vê, existem pelo menos cinco motivos que expõem o policial à
letalidade que o resto da população é imune. A pergunta que fica é sobre
as medidas adotadas pelos governos para reduzir estas possibilidades,
resguardando o máximo possível o direito dos policiais à vida.
Autor: Danillo Ferreira - Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado
ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em Filosofia pela
UEFS-BA.
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