Declarações
de Virgínia Souza gravadas pela polícia foram divulgadas. Advogado da
médica contesta investigação e aponta erro de interpretação
A
Polícia Civil do Paraná divulgou o inquérito que indiciou a médica
Virgínia Soares Souza por homicídios na UTI do Hospital Evangélico de
Curitiba. O documento, que estava sob sigilo judicial, traz transcrições
de gravações feitas por um policial que se infiltrou na UTI comandada
por Virgínia. Em determinado trecho transcrito, a suspeita indaga outro
médico: “Nós estamos com a cabeça bem tranquila para assassinar, pra
tudo, né?”.
A
médica foi indiciada por homicídio qualificado, ou seja, por acelerar a
morte de pacientes sem chances de defesa. A ação, de acordo com a
polícia, tinha como objetivo liberar leitos na UTI do Evangélico. Além
dela, outros três médicos foram presos no sábado (23). Em depoimento ao
programa Fantástico, os suspeitos negaram as acusações. Na segunda-feira
(25), uma enfermeira, que também é suspeita de envolvimento no caso, se
apresentou à Polícia Civil. Ela estava foragida desde sábado, quando
foram expedidos os mandados contra os médicos que foram presos. A mulher
prestou depoimento e deve continuar presa.
O
diálogo captado pelo policial infiltrado foi efetuado no dia 24 de
janeiro de 2013, segundo o inquérito. O policial com formação superior
em enfermagem tinha autorização judicial para gravação de áudio e vídeo,
além de gravações telefônicas, com a justificativa de que apenas a
autópsia dos corpos investigados não seria suficiente para comprovar o
uso de medicamentos para abreviar a morte e pacientes. Veja o trecho
gravado a partir de ligações em ramais da UTI:
Virgínia - “Esse foi caprichado, né?”.
Médico – “Esse foi. Quadro clínico bonito, caprichou. Bem na hora que nós estamos tranquilos”.
Virgínia - “Nós estamos com a cabeça bem tranquila para assassinar, para tudo, né?”.
No dia anterior, a polícia já havia capturado outro diálogo entre a médica e outro funcionário não identificado:
Virgínia – “Pode ser que ele diga o sobrenome, porque ele está bem espertinho. Agora o outro está morto”.
Médico – “O outro está feio na foto”.
Virgínia – “Está quieto, tem que deixar quieto. A hora em que parar o respirador – foi – pelo amor de Deus”.
Médico – “Ah, tá. Não, tranquilo”.
O
advogado de defesa da médica, Elias Mattar Assad, contestou o conteúdo
do inquérito. “Vai ficar provado neste processo que a Polícia Civil do
Paraná não conhece Medicina Legal”, sustentou. Anteriormente, o advogado
já havia desqualificado o conteúdo das gravações, alegando que elas
foram interpretadas fora de contexto. “Há uma série de equívocos”,
disse.
A
delegada do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde de Curitiba,
Paula Brisola, não concede entrevistas sobre o caso. Até o momento,
segundo a polícia, mais de cem pessoas já procuraram a delegacia para
depor sobre o caso investigado.
FONTE: G1
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