Atualizado em
29/03/2013 14h15
Moradora de São Carlos, garota de 11 anos experimentou gelatina e suco.
Problema no aparelho digestivo obriga garota a utilizar bombas infusoras.
Caliane tomou suco de uva, água e experimentou gelatina (Foto: Gislaine Clara Boni/Arquivo pessoal)
Após 11 anos se alimentando por sonda, Caliane Boni Roque da Silva, de São Carlos (SP), comeu pela boca pela primeira
vez na vida. A menina experimentou gelatina de framboesa, tomou água e
suco de uva na terça-feira (26) depois de realizar uma endoscopia. “Ela
já tinha paladar, mas pela ansiedade do que está acontecendo disse que a
experiência foi bem diferente. Quando tomou o suco, falou que era
gelado e que sentiu um arrepio. Agora é tudo uma questão de adaptação”,
contou a mãe, Gislaine Clara Boni.
Caliane está internada no Hospital Sírio Libanês, na capital paulista,
onde passa por tratamento para reverter um problema no aparelho
digestivo que até então a impedia de se alimentar pela boca. A menina,
que passou por 11 cirurgias durante a vida, ficou cinco meses na Unidade
de Terapia Intensiva (UTI). Na última semana de fevereiro deste ano,
ela foi transferida para o setor de pediatria após se recuperar de um procedimento para reconstrução do intestino, feito no dia 30 de janeiro.
Desde o nascimento, a garota recebe alimento líquido, injetado por duas
bombas infusoras. O nutriente especial tem custo mensal de R$ 5 mil,
que é coberto pelo plano de saúde da família. A mãe de Caliane diz que a
filha foi vítima de um erro médico quando tinha três dias de vida.
Diagnosticada com hérnia de hiato, a bebê passou por um procedimento
cirúrgico que deu errado. Desde então, ela convive com as sequelas.
Caliane ganhou ovo de Páscoa das enfermeiras no
hospital (Foto: Gislaine Clara Boni/Arquivo pessoal)
Na última terça-feira (26), Caliane passou por uma endoscopia para
dilatar o esôfago. O resultado do exame surpreendeu a equipe médica e a
família. “Os médicos, os enfermeiros, todo mundo vibrou com os avanços.
Fiquei até meio passada, não conseguia comemorar, achava que era um
sonho. Eu e a Cali não acreditávamos”, relatou a mãe.
Melhoras
Depois de realizar o procedimento, Caliane tomou um remédio protetor
gástrico pela boca e no mesmo dia bebeu suco e comeu gelatina. Feliz,
ela brincou com a fisioterapeuta, com os tios da mãe que vieram dos
Estados Unidos para visitá-la no hospital e até usou uma tiara de coelho
para comemorar a Páscoa com as enfermeiras.
“Às vezes ela fica muito quieta. Eu pergunto: Cali, você está
acreditando no que está acontecendo? Ela responde: não mãe, eu não
consigo. O que ela fala muito é dos sonhos de ter uma vida normal, poder
passear com as amigas, ir à escola e ninguém ficar olhando para ela.
Poder vestir um biquíni, além de não usar mais as bombas infusoras”,
disse Gislaine.
A menina deve realizar outra endoscopia neste sábado (30). Apesar dos
avanços, os médicos ainda não sabem definir quantas vezes mais ela
precisará repetir o procedimento. Segundo a mãe, a expectativa é que a
filha receba alta e possa voltar para casa no próximo mês.
“Não consigo explicar, mas ver ela bem é uma sensação de sonho
realizado. Mesmo tendo passado momentos de sofrimento, como ficar longe
da minha casa, do meu filho, parar a minha vida, me afastar do trabalho,
valeu muito a pena. Ver ela comendo pela primeira vez é algo difícil de
descrever. Foi uma sensação única, algo novo para mim, que esperei por
11 anos, busquei e consegui”, explicou Gislaine.
Caliane brinca com os tios da mãe dela que moram nos EUA (Foto: Gislaine Clara Boni/Arquivo pessoal)
Campanha
A história da menina de São Carlos ficou
conhecida depois que os pais dela decidiram ir às ruas e iniciar uma
campanha para arrecadar recursos para a operação, com custo estimado em
R$ 120 mil. A princípio, o plano de saúde se recusou a pagar o valor.
Desesperada com a situação, a família utilizou as redes sociais para
conseguir ajuda. O apelo atingiu um grande número de pessoas que se
sensibilizaram com o caso. Em um mês, foram arrecadados cerca de R$ 50
mil.
Por fim, um dia antes da internação da garota, uma liminar concedida pela 2ª Vara Cível de São Carlos obrigou a Fundação Cesp a arcar com o custo de uma cirurgia.
A mãe de Caliane afirma que o dinheiro arrecadado continua na conta da
menina e, caso não precise ser usado, na hipótese de a decisão judicial
ser definitiva, doará tudo para outra criança que precise de ajuda e que
não tenha condições. “Faremos isso em comum acordo com os empresários
que nos ajudaram e de uma forma transparente para toda a população”,
garantiu Gislaine.
Atualizado em
29/03/2013 14h15
Moradora de São Carlos, garota de 11 anos experimentou gelatina e suco.
Problema no aparelho digestivo obriga garota a utilizar bombas infusoras.
Caliane tomou suco de uva, água e experimentou gelatina (Foto: Gislaine Clara Boni/Arquivo pessoal)
Após 11 anos se alimentando por sonda, Caliane Boni Roque da Silva, de São Carlos (SP), comeu pela boca pela primeira
vez na vida. A menina experimentou gelatina de framboesa, tomou água e
suco de uva na terça-feira (26) depois de realizar uma endoscopia. “Ela
já tinha paladar, mas pela ansiedade do que está acontecendo disse que a
experiência foi bem diferente. Quando tomou o suco, falou que era
gelado e que sentiu um arrepio. Agora é tudo uma questão de adaptação”,
contou a mãe, Gislaine Clara Boni.Caliane está internada no Hospital Sírio Libanês, na capital paulista, onde passa por tratamento para reverter um problema no aparelho digestivo que até então a impedia de se alimentar pela boca. A menina, que passou por 11 cirurgias durante a vida, ficou cinco meses na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Na última semana de fevereiro deste ano, ela foi transferida para o setor de pediatria após se recuperar de um procedimento para reconstrução do intestino, feito no dia 30 de janeiro.
Desde o nascimento, a garota recebe alimento líquido, injetado por duas bombas infusoras. O nutriente especial tem custo mensal de R$ 5 mil, que é coberto pelo plano de saúde da família. A mãe de Caliane diz que a filha foi vítima de um erro médico quando tinha três dias de vida. Diagnosticada com hérnia de hiato, a bebê passou por um procedimento cirúrgico que deu errado. Desde então, ela convive com as sequelas.
Caliane ganhou ovo de Páscoa das enfermeiras no
hospital (Foto: Gislaine Clara Boni/Arquivo pessoal)
Na última terça-feira (26), Caliane passou por uma endoscopia para
dilatar o esôfago. O resultado do exame surpreendeu a equipe médica e a
família. “Os médicos, os enfermeiros, todo mundo vibrou com os avanços.
Fiquei até meio passada, não conseguia comemorar, achava que era um
sonho. Eu e a Cali não acreditávamos”, relatou a mãe.hospital (Foto: Gislaine Clara Boni/Arquivo pessoal)
Melhoras
Depois de realizar o procedimento, Caliane tomou um remédio protetor gástrico pela boca e no mesmo dia bebeu suco e comeu gelatina. Feliz, ela brincou com a fisioterapeuta, com os tios da mãe que vieram dos Estados Unidos para visitá-la no hospital e até usou uma tiara de coelho para comemorar a Páscoa com as enfermeiras.
“Às vezes ela fica muito quieta. Eu pergunto: Cali, você está acreditando no que está acontecendo? Ela responde: não mãe, eu não consigo. O que ela fala muito é dos sonhos de ter uma vida normal, poder passear com as amigas, ir à escola e ninguém ficar olhando para ela. Poder vestir um biquíni, além de não usar mais as bombas infusoras”, disse Gislaine.
A menina deve realizar outra endoscopia neste sábado (30). Apesar dos avanços, os médicos ainda não sabem definir quantas vezes mais ela precisará repetir o procedimento. Segundo a mãe, a expectativa é que a filha receba alta e possa voltar para casa no próximo mês.
“Não consigo explicar, mas ver ela bem é uma sensação de sonho realizado. Mesmo tendo passado momentos de sofrimento, como ficar longe da minha casa, do meu filho, parar a minha vida, me afastar do trabalho, valeu muito a pena. Ver ela comendo pela primeira vez é algo difícil de descrever. Foi uma sensação única, algo novo para mim, que esperei por 11 anos, busquei e consegui”, explicou Gislaine.
Caliane brinca com os tios da mãe dela que moram nos EUA (Foto: Gislaine Clara Boni/Arquivo pessoal)
Campanha
A história da menina de São Carlos ficou conhecida depois que os pais dela decidiram ir às ruas e iniciar uma campanha para arrecadar recursos para a operação, com custo estimado em R$ 120 mil. A princípio, o plano de saúde se recusou a pagar o valor.
Desesperada com a situação, a família utilizou as redes sociais para conseguir ajuda. O apelo atingiu um grande número de pessoas que se sensibilizaram com o caso. Em um mês, foram arrecadados cerca de R$ 50 mil.
A história da menina de São Carlos ficou conhecida depois que os pais dela decidiram ir às ruas e iniciar uma campanha para arrecadar recursos para a operação, com custo estimado em R$ 120 mil. A princípio, o plano de saúde se recusou a pagar o valor.
Desesperada com a situação, a família utilizou as redes sociais para conseguir ajuda. O apelo atingiu um grande número de pessoas que se sensibilizaram com o caso. Em um mês, foram arrecadados cerca de R$ 50 mil.
Por fim, um dia antes da internação da garota, uma liminar concedida pela 2ª Vara Cível de São Carlos obrigou a Fundação Cesp a arcar com o custo de uma cirurgia.
A mãe de Caliane afirma que o dinheiro arrecadado continua na conta da
menina e, caso não precise ser usado, na hipótese de a decisão judicial
ser definitiva, doará tudo para outra criança que precise de ajuda e que
não tenha condições. “Faremos isso em comum acordo com os empresários
que nos ajudaram e de uma forma transparente para toda a população”,
garantiu Gislaine.
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