Atualizado em
12/04/2013 21h42
O Instituto do Coração, da Universidade de São Paulo, teve nesta sexta (12) um momento comovente.
Logo na entrada da UTI, já se percebia a agitação típica dos grandes acontecimentos. No leito, uma cena que espantaria um desavisado. O paciente calça sapatos, usa gravata e diz como se sente.
“É a mesma coisa de subir nem uma montanha e aquela sensação de ter alcançado o topo da montanha”, descreve William Marques, noivo.
William vivia cercado pelas montanhas de Minas Gerais, trabalhando como mecânico e criando os filhos quando o coração começou a fraquejar. Há quase dois meses o caso piorou, ele foi para o Incor e entrou na fila do transplante.
“O coração com insuficiência cardíaca é muito grande e funciona mal, por isso precisa de um transplante”, explica Sandrigo Mangini, médico.
Mas além de um coração grande, William tem uma esperança enorme e um amor gigantesco por Gislene. Era vizinha, virou amiga, confidente até que: “Dá amizade, nasceu um bebê”, conta. E depois mais outro.
Já são 16 anos de união. William faz falta. “Sem ele lá é difícil. Muito difícil. Principalmente na hora de dormir, que não tem o meu preto para brigar, que não tem o meu preto para conversar comigo”, lamenta Gislene Maria de Paula, noiva.
Os dois sempre sonharam com uma cerimônia. E o que vinha sendo adiado virou urgência, William está vivendo a base de drogas pesadas e equipamentos. E foi por ele e por todos os mais de 200 brasileiros que esperam por um coração que a equipe se desdobrou.
“Ontem a gente passou a tarde toda recortando papel para fazer a decoração. Eu acho que é importante mostrar para as pessoas quem são as pessoas que estão esperando os órgãos. Eles também têm família e filhos”, conta a médica Andréia Furlani, residente de cardiologia.
E eles têm sonhos que se realizam. Em seus pequenos detalhes. Em toda a sua grandeza.
Os dois filhos não puderam ir para a cerimônia, ficaram em Minas esperando pela volta dos pais e pelo presente que eles ganharam de casamento do pessoal do Incor. William não é de pedir as coisas, mas dessa vez abriu duas exceções.
“Eu estava com uma geladeira em casa muito ruim. Juntou todo mundo e me deram uma geladeira de presente. Agora só falta o coração novinho para eu poder ir lá beber água desta geladeira, água geladinha”, diz.
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