O estudante Marcelo Pesseghini, de 13 anos, é suspeito de ter matado o pai, a mãe, a avó e a tia-avó. (Foto: Reprodução)
Os laudos não têm uma conclusão sobre a hora exata das mortes, mas indicam que algumas das vítimas agonizaram antes de morrer. A perícia confirma o quádruplo homicídio seguido de suicídio de Marcelo Pesseghini. O laudo do pai, o sargento das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) Luís Marcelo Pesseghini, aponta que ele foi morto com um tiro atrás da orelha esquerda. A arma não foi encostada na cabeça dele. Luís demorou um pouco para morrer, segundo o laudo. O exame toxicológico também deu negativo.
A mãe do menino, a cabo da Polícia Militar Andréia Pesseghini, levou um tiro na nuca que veio de cima para baixo, porque ela estava ajoelhada. Ela morreu na hora, com um disparo à queima roupa. Ela tomava remédios para dores na coluna.
A avó do menino, Benedita de Oliveira Bovo, levou um tiro à queima roupa na boca. Ela também agonizou antes de morrer. A avó tomava remédios para dormir. A tia-avó, Bernadete Oliveira da Silva, morreu com dois tiros. O primeiro atingiu o rosto, um pouco acima do maxilar. O disparo foi feito a uma distância entre 50 e 75 centímetros. O segundo acertou a região entre o nariz e a boca. Ela também agonizou antes de morrer. A tia-avó também tomava remédios.
A perícia apontou, ainda, que o menino Marcelo Pesseghini atirou na própria cabeça. A bala entrou do lado esquerdo e saiu do lado direito, pouco acima da orelha. Ele era canhoto. A arma estava encostada na cabeça e ele morreu na hora. O menino não havia tomado nenhum remédio ou drogas.
Confira detalhes dos laudos de cada uma das vítimas:
Marcelo Pesseghini
- Lesões: ferimento pérfuro-contuso um pouco à frente da orelha esquerda (entrada) e ferimento pérfuro-contuso um pouco acima da orelha direita (saída)
- Tiro encostado
- Ausência de sinais de morte agônica
- Exame toxicológico resultou negativo
Luís Marcelo Pesseghini, sargento da Rota e pai de Marcelo
- Lesões: ferimento pérfuro-contuso um pouco atrás da orelha esquerda
- Disparo com contato frouxo
- Morte agônica com sobrevida limitada
- Exame toxicológico resultou negativo
Andréia Pesseghini, cabo da PM e mãe de Marcelo
- Lesões: equimose com edema traumático na pálpebra superior do olho esquerdo; ferimento de entrada de projétil de arma de fogo na região occipital direita (nuca, de cima para baixo)
- Ausência de sinais de morte agônica
- Tiro a curta distância
- Exame toxicológico positivo
Benedita Oliveira Boco, avó de Marcelo
- Lesões: ferimento pérfuro-contuso na boca
- Tiro encostado
- Morte imediata com sobrevida limitada
- Exame toxicológico positivo
Bernardete Oliveira Silva, tia-avó de Marcelo
- Lesões: ferimento pérfuro-contundente em região cervical posterior (entrada) e ferimento pérfuro-contundente em região cervical lateral esquerda (saída)
- Disparo a distância intermediária entre 50 a 75 cm
- Ferimento pérfuro- contundente em região de sulco naso labial direito (entrada) e ferimento na hemiface esquerda (saída)
- Disparo com contato frouxo
- Morte agônica
- Exame toxicológico positivo
Os delegados estão analisando esta semana os nove laudos periciais e os 25 relatórios anexados aos documentos. E aguardam das operadoras de telefonia o resultado da quebra do sigilo telefônico das vítimas, autorizado pela Justiça.
Parentes
Representantes da família Pesseghini disseram nesta quinta-feira (5) que ainda aguardam a conclusão do inquérito policial para saber se o estudante Marcelo, de 13 anos, foi responsável pela chacina ocorrida em 5 de agosto na Zona Norte de São Paulo. Um mês após os crimes, a investigação pediu mais 30 dias à Justiça para encerrar o caso.
Sete parentes de Marcelo estiveram nesta manhã no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), no Centro, com os responsáveis pela investigação e viram parte dos laudos já produzidos sobre os assassinatos. "Se ficar comprovado pela polícia e perícia que foi Marcelinho, a gente vai ter que ficar quieto e aceitar", disse o empresário Sebastião de Oliveira Costa, tio-avô do garoto, que mesmo após o encontro deixou o local sem acreditar que seu sobrinho-neto tenha cometido os crimes.
"Os policiais nos falaram para aguardar os laudos e a conclusão da polícia. Até lá, a família continua com a mesma tese: acredita que não foi Marcelo. Não têm relatórios ainda provando. A família continua dizendo que não acredita nessa fatalidade."
Questionado se a família está preparada para receber a notícia da polícia de que foi Marcelo, Oliveira respondeu: "O que a gente pode fazer? A gente não é nenhuma família diferente. Existe fatalidade em qualquer família. Se isso acontecer, nós vamos sofrer bastante, mas vamos ter de aceitar. A gente não pode aceitar assim: estão acusando a criança sem ter provas ainda. Agora, a hora que tiver provas concretas, infelizmente a gente vai ter que aceitar."
A família Pesseghini foi encontrada morta em duas casas no início do mês passado. Os parentes que estiveram no DHPP deixaram o local sem ter acesso a todos os laudos que explicam as cinco mortes. "Nós viemos hoje para saber se tinha uma definição do caso, mas ainda estão faltando exames", disse.
Oliveira afirmou que, mesmo depois de ter acesso a parte dos laudos, não mudou de opinião. "Os laudos ainda não dizem nada. Faltam ser analisados pela polícia. Estão acusando a criança sem ter prova ainda. São 48 pessoas acusando a criança e 30 mil pessoas achando que não foi", disse o tio-avô, citando as testemunhas já ouvidas pela Polícia Civil.
O tio-avô afirmou que a família só teve acesso a alguns exames. "Só apresentaram os exames. Eu não vou falar nada ainda porque faltam alguns laudos. A gente tinha vindo nesse pensamento de poder ter alguma notícia para ficar em paz. O que disseram é que estão aguardando o resultado de outros exames."
Ele pediu aos policiais para ter acesso às conclusões do inquérito antes da imprensa. "Quando a polícia tiver a certeza e falar: ´Foi Marcelinho´, eu vou ser o primeiro a informar para vocês. A gente quer sossego também. A gente quer paz", concluiu.
As mais de 100 páginas de laudos entregues aos responsáveis pela investigação "fortalecem" a suspeita de que Marcelo matou a família e se suicidou em seguida, segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Luiz Maurício Blazeck, afirmou na terça-feira (3).
"Os laudos apontam para a mesma linha de investigação, que é a questão da morte seguida de suicídio”, disse Blazek. "No sentido geral, eles caminham para o mesmo norte, a mesma linha da investigação. Agora temos de verificar os detalhes de cada um deles, se necessário formar quesitos para alguma dúvida que possa ocorrer."
Segundo Blazeck, é possível que testemunhas sejam ouvidas novamente para fortalecer a investigação e as provas. "Pode ter divergência de alguns dados, mas, o que eu digo é que, de forma geral, eles corroboram a linha de investigação, eles fortalecem a investigação", disse.
Nota à imprensa
Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo confirmou que o DHPP recebeu nesta quinta-feira seis membros da família Pesseghini para que tomassem ciência do conteúdo dos nove laudos periciais que integram o Inquérito Policial da investigação sobre as mortes.
“Todos os laudos periciais e demais documentos disponibilizados aos familiares foram lidos pelo sr. Sebastião de Oliveira Costa, irmão de duas das vítimas (avó e tia-avó). A equipe de investigação prestou todos os esclarecimentos solicitados pela família, acrescentando que o conjunto de laudos está coerente com a linha de investigação, que aponta para o quádruplo homicídio seguido de suicídio pelo adolescente”, completou o comunicado.
Os parentes deixaram a sede do DHPPas dependências do Palácio da Polícia Civil às 13h45, após três horas e quarenta e cinco minutos. Segundo a secretaria, o grupo foi indagado sobre se restava alguma dúvida a respeito da investigação, o que foi negado pelos familiares.
Perícia
Peritos adiantaram que os exames mostram que as vítimas não foram dopadas e que foi achado "cabelo queimado" no cano da pistola, uma suposta prova do suicídio do garoto. Os peritos concluíram, também, que o jovem sofreu uma distensão muscular na mão esquerda quando atirou.
Assim como a investigação, os testes apontam que o adolescente de 13 anos usou uma pistola .40 da mãe para assassinar os pais, a avó materna, a tia-avó e depois se matar na residência onde a família morava. Todos foram mortos com tiros na cabeça.
Fonte: G1 São Paulo
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