sexta-feira, 12 de junho de 2015

Ramón Díaz tenta controlar Messi e revela recusa recente ao São Paulo

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Técnico multicampeão com o River Plate, comandante do Paraguai não foge das perguntas sobre o camisa 10, e ainda cultiva sonho de um dia trabalhar no Brasil

Por La Serena, Chile
A estreia do Paraguai na Copa América de 2015 colocará Ramón Díaz diante de um inimigo íntimo. Técnico multicampeão com o River Plate, o argentino de 55 anos terá pela frente a seleção de Gerardo Martino no próximo sábado, às 18h30 (de Brasília), em La Serena. E a difícil missão de tentar controlar Messi. Em meio ao primeiro desafio importante do novo trabalho e do desejo de chegar pelo menos às quartas de final da competição, Ramón cultiva um sonho: trabalhar no futebol brasileiro. Recentemente ele disse ter recusado uma proposta do São Paulo.

- Tive uma oferta recente do Brasil, a oportunidade de ir para o São Paulo. Mas como já estava bem encaminhado na seleção paraguaia, decidir ficar aqui. Mas tomara que possa ir um dia trabalhar no Brasil.  É futebol que eu gosto, ofensivo - disse em entrevista ao GloboEsporte.com.
Campeão da Libertadores em 1996 com o River e outras sete vezes campeão argentino, Ramón assumiu o Paraguai em dezembro do ano passado com a missão de reorganizar a seleção que terminou as Eliminatórias para a Copa do Mundo do Brasil em último lugar. Nesta entrevista exclusiva no hotel que serve de concentração para a seleção albiroja em La Serena, o comandante minimizou a má fase de sua equipe, disse que encontrou uma federação sem organização e explicou como vai tentar controlar Messi.
- Temos que tentar pressioná-lo e também àqueles que lhe dão as assistências. Temos que apertar o setor perto dele, estar sempre atentos. Ele desequilibra demais o jogo (...) É um jogador que pode resolver até sem espaço - lembrou.
Confira a entrevista abaixo:
O que esperar do Paraguai na Copa América 2015?

A expectativa é boa como todos. Queremos passar da primeira fase. Para nós vai ser fundamental esse primeiro jogo. Estamos convencidos de vamos ter uma boa atuação. Sabemos que iremos enfrentar um dos melhores times do mundo, mas estamos preparados. Isso é bom.

Osvaldo Martínez falou sobre a falta de respeito com o Paraguaipor causa dos resultados negativos do último ano. Recentemente o Chilavert criticou a seleção. Como vê essa questão?

O problema é que o Paraguai terminou em último nas Eliminatórias para a Copa do Mundo. Por causa de uma mudança de processo, coisas que não funcionaram bem... Acontece. Quando chegamos não havia organização. Hoje consideramos que demos passos importantes nesse sentido na Federação. Estamos muito felizes com a chance e os recursos para a seleção ser bem sucedida. Os mais experientes e jovens estão caminhando para algo muito importante. Quando as coisas não funcionam bem, os resultados não aparecem. Agora isso mudou.

O futebol brasileiro tem apostado em técnicos estrangeiros recentemente. Ricardo Gareca passou pelo Palmeiras, Juan Carlos Osorio acabou de chegar ao São Paulo. É um mercado que te atrai?

Gosto das características do futebol brasileiro. São times que sempre tentam fazer um bom espetáculo. Tive uma oferta recente do Brasil, a oportunidade de ir para o São Paulo. Mas como já estava bem encaminhado na seleção paraguaia, decidir ficar aqui. Mas tomara que possa ir um dia trabalhar no Brasil.  É futebol que eu gosto, ofensivo. O futebol brasileiro me encanta.

Como parar Messi?

Vamos tentar controlá-lo como um grupo. Sabemos que é difícil. Messi está em grande fase, ganhou tudo na Espanha. Ele desequilibra. Nossa intenção é tratar de controlá-lo como um grupo. Não é fácil. A Argentina tem um dos melhores times do mundo. Estamos preparados mentalmente e fisicamente. Trabalhamos muito para essa partida.
ramon diaz tecnico paraguai (Foto: Divulgação / apf.org.py)Ramón sorri em La Serena: encontro com sua Argentina na estreia (Foto: Divulgação / apf.org.py)
Marcação individual?

Temos que tentar pressioná-lo e também àqueles que lhe dão as assistências. Temos que apertar o setor perto dele, estar sempre atentos. Ele desequilibra demais o jogo. Temos que estar sempre agrupados, compactos, não dar espaço. É um jogador que pode resolver até sem espaço. Mas acreditamos nos nossos jogadores, no trabalho que estamos fazendo. O jogador paraguaio é temperamental. Chegaram à final da última Copa América sem vencerem nenhum jogo. Nossos jogadores muitas vezes contra ele e o conhecem bem. Isso nos dá tranquilidade.

Você é argentino e hoje está como adversário. Como é enfrentar seu país e Messi logo na estreia da competição?

Gosto do que faço, sou treinador há muito tempo e tenho a sorte de ter ganho muitos títulos na Argentina. Isso me dá confiança sobre o que faço. Tenho a linda oportunidade de representar um país tão importante pelo que ele representa como nação, com seu povo. Vou defendê-lo e dar o máximo por isso. É futebol, nem sempre o melhor ganha. Já vimos muitas surpresas em partidas internacionais. Tomara que nossa equipe seja a surpresa da vez.

Dá para pedir a camisa do Messi depois que terminar o jogo?

Isso é fácil para nós argentinos (risos). Antes de tudo espero que seja uma grande festa para todos, que não haja violência. Que o melhor ganhe. A Argentina tem uma base de trabalho há muito tempo. Só que não ganha nada com sua seleção principal há anos. Tem suas obrigações também. O Chile é o dono da Copa. Várias equipes jogaram a última Copa do Mundo, estão juntos há anos. Mas confio nos jogadores paraguaios.

Quem você já comandou dessa Argentina atual?

Alguns jogadores, como Mascherano por exemplo. Mas conhecemos todos. É um bom momento do futebol argentino. Estamos felizes porque nesse torneio somos seis técnicos argentinos. Não só os jogadores estão se destacando em nível internacional, mas os técnicos também. Por sua capacidade, responsabilidade, maneira de trabalhar, dedicação que damos a esse esporte. Seguimos orgulhosos de tudo isso. Que ganhe o melhor.

Gerardo Martino era o técnico do Paraguai no vice-campeonato da Copa América de 2011. Hoje está na seleção da Argentina. Sonha fazer o mesmo caminho?

O que me interessa hoje como treinador é ter êxito no que faço. Isso me deixa muito feliz. Vim com a vontade de criar uma equipe e criar uma estrutura que sirva para o país. Não só para nós ou para os jogadores. Para que o país acredite no que estamos fazendo, em como jogamos... Vamos jogar partidas internacionais que serão muito difíceis. Acho que vamos lutar pela classificação pela equipe que temos e por como estamos trabalhando. Vai ser complicado. Jogamos contra Honduras recentemente (2 x 2) e o Brasil só conseguiu ganhar de 1 a 0. Com certeza os brasileiros acreditavam em uma vitória por três ou quatro gols. A verdade é que hoje está tudo muito equiparado.

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