Madson Vagner/http://www.miseria.com.br
Raimundo Macedo (PMDB) foi eleito com 65.079 votos em Juazeiro. Ronaldo
Matos (PMDB) obteve 39.235 votos no Crato. Zé Leite (PT) obteve 17.079
votos em Barbalha, (Foto: Chinês/Ed Alencar/Agência Miséria)
A eleição deste fim de semana mudou dois terços do panorama
administrativo do Triângulo Crajubar. O município de Barbalha, com a
reeleição do prefeito Zé Leite (PT), foi o único que manteve o projeto,
entre os três municípios. Lá, o atual prefeito venceu com 17.079 votos,
contra 14.269 do candidato do PPS, Argemiro Sampaio. Antonio Hildegardis
obteve 343 votos. Brancos e nulos somaram 2.465 e as abstenções
chegaram a 6.446 eleitores. Barbalha tem 40.602 eleitores.
Em Crato o candidato do PMDB, Ronaldo Matos, derrotou os candidatos do
prefeito Samuel Araripe, o Dr. Cícero, o petista Marcos Cunha e o
candidato do governador Sineval Roque. Foram 39.235 votos para Ronaldo
Matos, contra 14.635 para Dr. Cícero, 7.315 para Marcos Cunha e 4.386
para Roque. Brancos e nulos somaram 5.754 votos e as abstenções
atingiram 14.431 eleitores. O Crato tem 85.806 eleitores.
Em Juazeiro do Norte, o candidato do PMDB, Raimundo Macedo, ganhou a
disputa contra o atual prefeito Manoel Santana, do PT. Demontieux
Fernandes, do PSOL, foi o terceiro. Raimundão obteve 65.079 votos,
contra 45.394 de Manoel Santana e 15.776 de Demontieux Fernandes.
Brancos e nulos somaram 9.477 e as abstenções atingiram 29.814
eleitores. Juazeiro do Norte é maior colégio eleitoral do Cariri com
165.514 eleitores.
Nada de surpresa
Na verdade, não existe nada de surpresa na eleição do Triângulo
Crajubar. Entre os três municípios, apenas Barbalha não se mostrou para o
mundo. Nada saía de informação da terra dos verdes canaviais. O
município se fechou e tudo era blindado. Mas, no fim das contas
prevaleceu a força de lideranças como Zé Leite, Camilo Santana e João
Ilário. Enquanto que do outro lado, de grande vulto, tínhamos apenas
Rommel Feijó que, vale salientar, já vinha derrotado da eleição
anterior.
Agora, não dá para negar o surgimento de uma nova liderança, na pessoa
do Argemiro, como alias, sempre foi a proposta da oposição em Barbalha.
E, aí, quero parabenizar a o grupo liderado pelo professor Maurício
Teles, que construiu uma brilhante discussão em torno do projeto A
Barbalha é do Povo. Acredito que eles cumpriram seu papel democrático e
deram uma aula de como se constrói um projeto popular. Mas, prevaleceu a
força das grandes lideranças que querem ver a continuação do projeto em
curso na Barbalha.
No Crato, deu a lógica apontada nas pesquisas. Ronaldo ganhou com uma
maioria histórica, derrotando, diretamente, um projeto desgastado do
atual prefeito Samuel Araripe. Marcos Cunha cumpriu seu papel
democrático e foi além das expectativas, já que, fez uma campanha “pé no
chão”, com pouquíssimos recursos. A grande decepção ficou por conta do
deputado estadual Sineval Roque que ficou em último, mesmo tendo recurso
e o apoio do governador Cid Gomes. Definitivamente, o povo cratense
disse não ao Roque.
O detalhe é a corrida para 2014. Roque e Samuel saem derrotados e com
poucas perspectivas para disputarem uma vaga na Assembleia Legislativa,
como era pensamento de ambos. Já a derrota de Marcos Cunha, acaba com um
sonho de quase 20 anos, onde a militância do PT dizia, a cada derrota,
que a coisa só daria certo quando Marcos fosse candidato novamente. Já
Ronaldo é uma nova força política que assume o poder, demonstrando o
profundo descontentamento da população com os últimos administradores.
No Juazeiro, também, deu o que apontava a pesquisa. Raimundo Macedo teve
uma grande maioria. A grande “surpresa”, não pelo final da eleição, mas
desde o começo do período eleitoral, foi Demontieux Fernandes. Seus
15.776 votos foram o voto da negação aos dois projetos já experimentados
em Juazeiro e decidiram a eleição.
Santana e Raimundão fizeram administrações com desgastes e cercadas de
muita polêmica. Raimundão saiu derrotado numa convenção para a eleição
de 2008, com a argumentação baseada na sua rejeição que beirava os 70%.
Santana ondulou entre bons e maus momentos. Chegou a ser cassado;
recuperou a Câmara, mas nunca deixou a polêmica de lado. Prevaleceu o
esquecimento do povo e a presença constante de Raimundão no município.
Agora o que chamou a atenção é o grande número de abstenções e votos
nulos e brancos. Para termos uma ideia, Raimundão teve 65.079, enquanto
os que não quiseram escolher somaram 39.291 eleitores, um número muito
grande. É claro que têm os que não conseguiram chagar as urnas; mas,
isso dá o parâmetro de descontentamento com a política.
Esperamos que as propostas não fiquem apenas no papel e que a
responsabilidade com o bem público sobressaia aos interesses pessoais.
Nós anotamos todas as promessas dos três prefeitos eleitos e vamos
cobrar uma a uma. Seremos vigilantes e a sociedade acompanhará aqui
passo a passo o rumo dessas administrações.
Para os vencedores, fica a “certeza” de estar no caminho certo e para os
derrotados a lição de que política é o poder de agregar parcerias, a
disposição para negociar com outras forças e a capacidade de se
relacionar com os vários setores da sociedade. A todos eles boa sorte!
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