Pilotado por Almir Bezerra, helicóptero do senador Wilder Morais
(DEM-GO) ficou destruído em dezembro, após acidente em Goiânia (Foto:
Humberta Carvalho/G1)
O piloto que se envolveu no acidente de helicóptero com o sertanejo
Marrone, que faz dupla com Bruno, em junho, no interior de São Paulo, é
investigado em mais caso, que provocou a destruição do helicóptero de um
senador em Goiás. Desde que teve a perna decepada no acidente com o
cantor, Almir Carlos Bezerra, de 51 anos, sofreu restrições como piloto
que o impedem de voar sozinho.
O novo caso ocorreu em 11 de dezembro quando Almir sobrevoava o
Aeroclube de Goiânia com um helicóptero Esquilo AS50. A aeronave
pertence ao senador Wilder Morais (DEM-GO), que ocupa a vaga do cassado
Demóstenes Torres e foi casado com Andressa Mendonça, atual mulher do
bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Além de Almir, outras três pessoas estavam a bordo. Testemunhas
relataram que a aeronave fez várias manobras antes de cair. A destruição
foi total. Ninguém ficou ferido.
Após o acidente com Marrone, Almir fez uma avaliação médica na Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) e teve o certificado de capacidade
física estendido até 6 de junho de 2013, em uma cláusula de
flexibilidade. Apesar de ser habilitado para diversos helicópteros, foi
considerado apto para pilotar apenas Esquilo e proibido de realizar voos
sozinho.
A Anac e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
(Cenipa) apuram se Alrmir descumpriu a restrição e se, supostamente,
poderia estar dando instrução na hora da queda. A Anac informou que
abriu um processo administrativo, pois “há indícios de que o helicóptero
era pilotado por Almir sem a presença de um copiloto, exigido para
operações aéreas em que o piloto apresente restrições para voos solo”.
O caso pode gerar multas, suspensão ou cassação das licenças, tanto de
Almir como do proprietário do helicóptero, disse a Anac.
No acidente com Marrone, a Polícia Civil levantou a hipótese de que
Marrone estaria com os comandos na hora da queda e pediu que o sertanejo
fosse responsabilizado por comandar o helicóptero sem ter a
autorização. Marrone negou, em depoimento, estar comandando o aparelho.
Almir corroborrou a versão.
Ao G1, Almir, que teve uma prótese reimplantada na perna, disse que não
queria falar sobre o novo acidente. “O Cenipa está investigando, o
processo ainda está em análise, não há necessidade de eu me manifestar
agora. Sofro vários problemas com a Anac e, se me manifestar em hora
errada, posso me complicar ainda mais”, afirmou.
O piloto negou que estivesse proibido de voar sozinho. “Colocaram em meu
cheque um médico que me avaliou e ele não me deu nenhuma restrição de
voo”.
Esse é o terceiro acidente em que Almir se envolve: além do de Marrone e
do senador Wilder Morais, Almir pilotava um Esquilo que caiu na mata de
Roraima, em 1998, com o ator Danton Mello. Três ficaram feridos e uma
pessoa morreu.
Helicóptero de senador
O advogado de Wilder Morais, Brandão de Souza Passos, informou que o
Esquilo que caiu, de matrícula PT-YSW, era da construtora Orca, de
propriedade do senador, e que foi apenas emprestada ao piloto. “Almir
ligou para o senador e pediu emprestado o helicóptero e ele consentiu,
são amigos de longa data. O senhor Wilder não sabia para que o Almir
usaria, foi um papo informal. Só falou: ‘pode pegar’”, diz.
“A aeronave estava no pátio no aeroclube, e o Almir pediu para fazer os
treinamentos dele, sem copiloto. O senador não tem nada a ver com o
caso”, diz o advogado.
Segundo boletim de ocorrência registrado na 21ª Delegacia de Polícia de
Goiânia, no banco do copiloto estava um piloto habilitado somente para
voar aeronaves de instrução R22 e R44 e que não podia atuar em um
Esquilo. No banco de trás, estava o coronel reformado da PM Jorge Alves
Sobrinho, piloto oficial do senador Wilder Morais.
“Como Almir pediu direto ao senador emprestado, só fui junto para
acompanhar, porque, se ele mudasse alguma configuração, eu tinha que
saber para não ter problemas depois”, disse Sobrinho.
“Foi Almir quem chamou as pessoas que estavam a bordo, tanto o copiloto
quanto a mulher que sentou ao meu lado”, afirmou.
Sobrinho, que é piloto há 20 anos e implantou o serviço aéreo da PM de
Goiás, lembra ter se sentido impotente diante da queda: “A manutenção
estava em dia, não tinha motivo para o acidente. A sensação de não poder
fazer nada é péssima. Nunca mais voo como passageiro em um
helicóptero”, disse.
Almir não quis falar ao G1 sobre as causas do acidente ou se ele fazia
treinamento ou instrução na aeronave. Disse apenas que “não sabia” que o
piloto ao seu lado não podia voar Esquilo e que ainda está analisando
com a Anac o caso.
Marrone pagou prótese
A prótese implantada na perna de Alrmir, que permitiu que ele voltasse a
voar, foi paga por Marrone, segundo a assessoria do sertanejo. O cantor
também matinha o pagamento de um salário até que ele pudesse voltar a
trabalhar. A assessoria diz que o piloto não presta mais serviços a
Marrone desde que o cantor adquiriu um King Air B-200, ao qual Almir não
é habilitado.
A Aeronáutica informou que enviou à Anac uma notificação sobre o caso e
que ainda está levantando informações sobre as causas do acidente.
Já o delegado José Luís Chain, que apurou a queda do helicóptero de
Marrone em São José do Rio Preto, mostrou-se surpreso com o novo caso
envolvendo Almir: “Mas ele não perdeu uma perna, como pôde continuar
pilotando?”. O sertanejo e o piloto não foram indiciados no acidente
porque não foi possível comprovar quem estava pilotando no momento da
queda.
A apuração do Cenipa, que tem como objetivo mostrar as causas do
acidente e se Marrone pilotava ou não, já foi concluída, mas ainda não
tem prazo para ser divulgada.
Fonte: G1
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