Um novo tipo
de lanterna é vendido em lojas de produtos eletrônicos no Centro de
Fortaleza. Parece um objeto inofensivo, mas pode causar sérios danos,
pois dispara descargas elétricas de até 2.000 Volts. Não há legislação
que regule a compra e o porte do equipamento. Entretanto, o dono deve
responder criminalmente por qualquer dano causado pela lanterna que é
vendida sem qualquer restrição.
O POVO não
teve dificuldades para adquirir o objeto. No Mercadão Shopping, pelo
menos cinco lojas de produtos eletrônicos vendem a “arma”. Em duas
delas, estavam expostas nas vitrines. Bastou perguntar o preço do
equipamento e pagar. Sequer foi perguntada qual a finalidade da compra,
e, embora solicitada, a nota fiscal não foi fornecida. O valor inicial
era R$ 50, mas após uma breve negociação, foi possível efetuar a compra
por R$ 40.
O major da
Polícia Militar e especialista em armas Wilson Melo disse que a Polícia
não tem como coibir o comércio e o porte da “arma”. “O Estatuto do
Desarmamento (Lei nº 10.826/2003) seria o meio legal mais eficaz para
abordar o tema, mas não faz nenhuma menção sobre casos assim”, afirma.
Para ele, deveria haver uma legislação específica que tratasse do tema,
inclusive do comércio e porte de outras armas tidas como não letais.
No momento
da compra, pessoas chegavam perguntando pelo produto. Os seguranças do
shopping também portavam as lanternas na cintura, ao lado do revólver e
da tonfa (espécie de bastão utilizado para defesa pessoal). A Servnac é a
empresa que presta serviços de segurança ao estabelecimento. Por
telefone, o gerente operacional, coronel Mauro Aragão afirmou que não é
permitido o uso de nenhum equipamento que não seja fornecido pela
empresa. “Nós nem conhecemos esse equipamento. O vigilante só está
autorizado a portar sua arma de fogo. Essa lanterna é um perigo até para
quem a manuseia”, pontua.
Ele disse
ainda que, ao ser informado por O POVO do uso indevido das lanternas
mandou averiguar o caso. Foi constatado o uso e as lanternas foram
confiscadas.
O barulho da
corrente elétrica percorrendo o pequeno circuito em volta da lâmpada
incomoda pela estridência e luminosidade. Para o major da Polícia
Militar e especialista em armas, Wilson Melo, a descarga elétrica
causada por ela pode gerar problemas. “Causa dor na parte do corpo que
sofreu o choque”, explica.
O major diz
que o funcionamento da lanterna é diferente da pistola Taser, utilizada
pela Guarda Municipal. A Taser imobiliza a pessoa, enrijecendo os
músculos com uma única descarga elétrica de até 5.000 Volts. “O único
intuito dela (lanterna) é causar dor, eventualmente deixando hematomas.
Ela não tem uma utilidade prática que não seja essa”, detalha.
Fonte: O POVO
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