Pâmela Bório, 29, diz que incomoda.
Miss Bahia em 2008 e apresentadora de TV, a mulher do governador da
Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), 52, considera-se invejada por sua
"beleza, carreira bem-sucedida, família estruturada, vida acadêmica e
contatos importantes".
Nesses
dois anos como primeira-dama, causou frisson nas redes sociais ao posar
com uma bolsa de grife francesa, bater boca com políticos e, em
especial, quando exibiu na internet um novíssimo jogo de lingeries.
"Presente para mim, mas quem curte é o maridão", escreveu à época, junto com a foto das peças íntimas.
Nos
últimos dias, porém, o frisson em torno de Pâmela não veio de imagens e
declarações na internet, mas de uma auditoria do Tribunal de Contas da
Paraíba sobre gastos na residência oficial do governo, a Granja Santana.
De
acordo com o documento, Pâmela encomendou sem licitação produtos de
cama e banho e acessórios para um quarto de bebê. Pediu orçamentos às
lojas e priorizou seu gosto pessoal, em vez do menor preço, diz o
relatório.
Baiana de Senhor do Bonfim, Pâmela é mãe de Henri Lorenzo, 2, nascido dias antes de Ricardo Coutinho vencer as eleições de 2010.
A
auditoria do TCE, como mostrou a revista "IstoÉ" na semana passada,
acrescenta ser "curiosa" a quantidade de farinha láctea adquirida: 460
latas em menos de 30 dias.
Houve ainda gastos com "cauda de lagosta de primeira", "bacalhau do Porto" e "carne de carneiro sem osso".
"Tudo
do relatório nós compramos. Chama a atenção, mas está dentro da lei.
Não há como não ter despesas com a primeira-dama, que não tem cartão
corporativo", afirma o chefe da Casa Civil, Lúcio Valadares.
Segundo
ele, há questionamentos porque a última criança que nasceu e frequentou
a Granja Santana foi Ariano Suassuna, na década de 1920 --o dramaturgo é
filho de João Suassuna, que governou o Estado de 1924 a 1928.
"Se
assinei algo [para receber os produtos], deve ter sido na correria do
momento, pois sempre estava apta a ajudar. Me recordo que atendi a
inúmeras solicitações da administração da Granja", afirma a
primeira-dama.
PASSARELAS
Pâmela
perdeu o pai quando tinha três anos. Estudou em colégio de freiras e
desde pequena é "muito assediada devido ao seu rosto único", diz a tia
Maria Eudalice, considerada por ela uma segunda mãe. A verdadeira sofre
de depressão e teve dificuldades para se dedicar à filha.
Segundo
a tia, a primeira-dama só não ganhou o Miss Brasil Globo de 2008 por
uma "questão política" --sobre a qual não cita detalhes.
O
concurso é uma espécie de segundo escalão das disputas de misses e o
mesmo em que Marcela Temer, mulher do vice-presidente da República,
Michel Temer, foi vice por São Paulo, em 2003.
Em
um desses concursos, em 2005, na Bahia, organizadores disseram que
Pâmela desfilou com um salto acima do permitido e se trancou em um
quarto de hotel para não ser submetida à medição.
Teria receio de ser considerada baixa pelos jurados e perder pontos. Com 1,64 m, ficou em segundo lugar.
A primeira-dama nega a história. Só reconhece que "sumiu" de um evento para fazer hidratação e bronzeamento artificial.
A BELA E A FERA
Nas
ruas, táxis e repartições públicas de João Pessoa, a Folha perguntou
sobre o casal Pâmela e Ricardo. Como resposta, algumas ironias e o
apelido de "A Bela e a Fera".
A
primeira-dama comenta: "Admiro o caráter, a sensibilidade e o senso de
humor de Ricardo [o governador]. Ele tem porte, um sorriso que me
ilumina". Procurado, o governador não quis falar.
Pâmela
já amamentou em público e diz que não se acha tão bonita. "Juízos de
valor e estereótipos são incoerentes com minha história de vida."
No
staff do governador, a primeira-dama é rotulada como "impetuosa", em
especial quando está diante de um teclado e conectada à internet. Mas
ninguém ousa lhe impor limites ou sugerir que se afaste das redes
sociais.
Durante
o julgamento do mensalão, exaltou o ministro Joaquim Barbosa, do STF
(Supremo Tribunal Federal). Em meio ao caso Rosemary Noronha, bateu
forte no ex-presidente Lula. "Fiquei com nojo dele", declarou via
internet. O PSB do marido é aliado do PT na esfera nacional.
A primeira-dama falou com a Folha por e-mail e por um canal fechado de bate-papo de uma rede social.
"Sou
jornalista e sempre terei compromisso com a informação", diz Pâmela,
apresentadora de um programa semanal de variedades e entrevistas da TV
Tambaú, afiliada do SBT.
"Sou
mulher do meu tempo, emancipada e bem resolvida", diz ela, que vê os
questionamentos sobre os gastos como uma manobra da oposição e afirma
apoiar "qualquer investigação de uso indevido do dinheiro público".
Jornalista
formada pela Uneb (Universidade do Estado da Bahia), em Juazeiro,
atualmente faz mestrado na Universidade Federal da Paraíba, no qual diz
estudar "interconectividade".
Depois
da faculdade, passou a apresentar telejornais. E foi durante uma
entrevista que conheceu o marido, então prefeito de João Pessoa, em
2009.
O que o governador fez para conquistá-la? "Conversas inteligentes a fio...".
folhadosertao
fonte: Folha de S. Paulo
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