Atualizado em
19/02/2013 16h45
Rodolfo Chiarelli presidiu o inquérito que investigou o crime em 2004.
Defensores disseram que há envolvimento de traficantes nos assassinatos.
Márcio Pinho e Kleber Tomaz
Do G1 São Paulo
O julgamento do réu começou na segunda-feira (18) com o depoimento de três testemunhas: um vigilante, um médico e um perito. “Não tenho nenhuma dúvida [de que Gil Rugai matou o casal]”, disse Chiarelli. Segundo o delegado, todos os familiares do acusado jamais disseram o nome de outro suspeito pela morte do casal. As afirmações foram ditas ao promotor Rogério Leão Zagallo, durante uma hora e meia.
Questionado pelo promotor, Chiarelli negou que tenha forçado o vigia da rua a apontar Gil Rugai como o homem que viu saindo da casa onde moravam Luis e Alessandra. O promotor questionou ainda o delegado sobre a qualidade do seu trabalho. "Fizemos inúmeras diligências. Muitas pessoas foram ouvidas. Apuramos dezenas de denúncias anônimas", disse o delegado.
Tráfico
Pela manhã, após o depoimento do instrutor de voo, os advogados de defesa de Gil Rugai reclamaram do fato de a polícia não ter apurado com afinco uma possível ligação do tráfico de drogas com o crime. O advogado Thiago Anastácio afirmou que Luis Rugai fazia aulas de voo em um aeródromo em Itu, no interior paulista, e que o local é ponto de entradas de drogas no Brasil. Luis fazia filmagens da aula e, consequentemente, do local onde ocorreria o tráfico de drogas.
O promotor Rogério Leão Zagallo aproveitou o tema levantado pela defesa para questionar o policial sobre outras hipóteses na época do crime. Chiarelli respondeu que ninguém, entre os familiares de Gil ouvidos, apontou à época outra pessoa ou causa que indicassem outra linha de investigação para o crime.
Chiarelli contou que durante a investigação, a arma usada no crime foi encontrada numa caixa coletora de águas pluviais do prédio onde Gil tinha escritório, na Rua José Maria Lisboa. Dez cápsulas encontradas na casa onde houve o crime bateram com a arma, segundo perícia.
O delegado afirmou que nos depoimentos Gil sempre afirmava que tudo era "mentira", como por exemplo a questão do estelionato (por ter falsificado assinaturas do pai em cheques) e também o fato apontado por seu sócio de que havia visto uma arma no escritório e que depois do crime a arma havia desaparecido. "Ele negou a autoria."
O advogado de defesa Macelo Feller também reforçou a hipótese de envolvimento de traficantes no crime e pediu investigações. "Acredito que existem coisas importantes que aconteceram na época, como o próprio fato de ter tido aulas de voos em lugar bastante suspeito, um lugar que é citado pela CPI do Narcotráfico como um ponto de chegada e saída de drogas do Cartel de Cáli, o que causou espantos. Membros do Gaerco há anos tem essa informação", disse.
O julgamento
Desde segunda até a tarde desta terça-feira (19), foram ouvidas as cinco testemunhas de acusação. A previsão do juiz Adilson Paukoski Simoni é que o julgamento termine até sexta-feira (22).
A primeira testemunha foi o homem que trabalhava como vigia na rua onde o crime ocorreu. Ele confirmou ter visto o réu saindo da casa junto com outra pessoa na noite de 28 de março de 2004.
Na sequência, o perito Daniel Romero Munhoz, professor de medicina legal, confirmou que o réu tinha uma lesão no pé após o assassinato de seu pai e de sua madrasta. A testemunha, porém, evitou apontar o que causou tal machucado.
O terceiro a depor foi o perito criminal Adriano Iassmu Yonamine. Ele disse que a perícia apontou “a presença inequívoca de Gil Rugai” no local do crime. O réu, segundo o perito, teria desferido um chute que arrombou a porta de uma sala de TV, na qual Luiz Carlos Rugai teria se refugiado para evitar ser morto. “Não resta dúvida que o chute foi desferido pelo réu.”
O instrutor de voo Alberto Bazaia Neto foi ouvido por cerca de uma hora e quarenta minutos nesta terça-feira (19). Ele declarou que Luis Carlos Rugai, pai do réu, lhe falou dias antes de ser morto que o filho o havia "roubado" e era "perigoso".
Nesta tarde é ouvido o delegado Rodolfo Chiarelli, que presidiu o inquérito que investigou o caso. Em seguida, estão previstas o depoimento de ao menos nove testemunhas da defesa e, por último, mais uma do juízo.
Caberá a sete jurados – cinco homens e duas mulheres, escolhidos por sorteio - decidirem, a partir das provas da acusação e da defesa, se Gil Rugai matou ou não pai, Luiz Carlos Rugai, e a madrasta Alessandra de Fátima Troitino. Além do homicídio, o réu também é acusado de estelionato. O processo tem 19 volumes, com 200 folhas cada um. Recentemente, a defesa acrescentou 1,8 mil folhas com provas que atestariam que o estudante não cometeu o crime.
O réu, que atualmente tem 29 anos de idade, responde ao processo em liberdade, mas já chegou a ficar preso por dois anos.
crime. (Foto: Adriano Lima/Brazil Photo
Press/Estadão Conteúdo)
O casal foi morto com 11 tiros na residência em que morava na Rua Atibaia, em Perdizes, na Zona Oeste da cidade. No mesmo processo pelo homicídio, Gil Rugai responde ainda a acusação de ter dado um desfalque de mais de R$ 25 mil, em valores da época, à empresa do pai. Razão pela qual havia sido expulso do imóvel cinco dias antes do crime. Ele cuidava da contabilidade da ‘Referência Filmes’.
Contra o réu, a Promotoria diz ter como provas: a arma do crime, achada no prédio onde Gil Rugai mantinha um escritório e uma pegada na porta da casa das vítimas que foi arrombada pelo assassino. Quem acusa é o promotor do caso, Rogério Leão Zagallo.
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