segunda-feira, 29 de abril de 2013

Fortaleza-CE: Operações já fecharam 300 bares e apreenderam 200 ´paredões´ de som


29/04/2013 às 07:20
Fernando Ribeiro
As blitze envolvem policiais do Ronda do Quarteirão, integrantes da Guarda Municipal e fiscais das Secretarias Executivas Regionais (SER). Bares irregulares são interditados e só podem ser reabertos após obterem o alvará. (Foto: Lucas de Menezes)
Trezentos bares fechados e cerca de 200 aparelhos sonoros, a maioria ´paredões´ automotivos, apreendidos, queda no número de delitos como homicídio, roubo e agressões. Este é o balanço que as autoridades da Segurança Pública do Estado e do Município de Fortaleza fazem depois de dois meses de operações conjuntas em Fortaleza com o objetivo de coibir o avanço do crime.

Iniciadas no começo de março, as ações compartilhadas envolvem policiais militares do Batalhão de Policiamento Comunitário (BPCom), ou Ronda do Quarteirão, fiscais das Secretarias Executivas Regionais (SERs) e da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), além da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF). As blitze são realizadas nos fins de semana nos bairros que concentram o maior número de delitos, conforme os levantamentos estatísticos.

Segundo o comandante-geral da PM, coronel Werisleik Ponte Matias, os resultados dessas "já começaram a aparecer", muito embora o trabalho esteja na fase embrionária. "Havíamos planejado essas ações há oito meses, ainda na gestão anterior (da Prefeitura de Fortaleza), mas só agora, com a nova gestão, estamos concretizando as operações. O comandante do Ronda do Quarteirão realizou um mapeamento de todas essas áreas que estão sendo, agora, alvo das blitze", afirma Matias.

Adolescentes

Um exemplo dessa nova ofensiva ao crime é a Barra do Ceará, onde, segundo o comandante, foi feita uma operação inicial com o fechamento de mais de uma centena de bares que vinham funcionando de forma irregular. Além da falta da documentação legal (alvará), os estabelecimentos vinham funcionando sem horário pré-estabelecido e, em vários casos, havia ajuntamento de pessoas fazendo uso de bebidas e drogas, até adolescentes, e com a presença de ´paredões´ de som. Também houve casos de prisão de pessoas armadas ou que eram foragidas da Justiça, isto é, tinha mandados de prisão em aberto.

"Na Barra do Ceará, já estamos percebendo uma diminuição sensível dos índices de homicídios, isso por conta também da concentração de efetivos, conforme foi planejado e determinado pelo secretário da Segurança (coronel Francisco Bezerra Rodrigues). Aumentamos a presença nas ruas da Barra do Ceará e os crimes caíram", assegura. O mesmo tipo de ação vem sendo realizada, conforme o coronel, em outras áreas de risco, como o Bom Jardim e o Conjunto São Miguel, em Messejana.

Parceria entre Estado e o Município foi firmada

Há 15 dias, o secretário da Segurança Pública do Estado, coronel Francisco José Bezerra Rodrigues, manteve um encontro com o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio. Toda a cúpula da SSPDS também esteve presente na audiência. O objetivo da reunião, segundo Bezerra, foi firmar a parceria entre o Estado e o Município no combate à violência na Capital.

"Recebemos do prefeito Roberto Cláudio e do secretário de Segurança Cidadã do Município, Francisco Veras, todo o apoio necessário para que sejam realizadas ações conjuntas e estas já estão apresentando bons resultados. Temos já percebido a queda dos registros dos homicídios", afirma Bezerra.

Bairros

Conforme o secretário, operações de saturação estão sendo realizadas em bairros como a Barra do Ceará, Bom Jardim e o Conjunto São Miguel, em Messejana, com a presença maciça de efetivos durante 24 horas.

Pelo menos, mais dois bairros deverão ser atingidos com medidas semelhantes, o Pici e o Genibaú. "Já havíamos feito ações dessa envergadura em outros setores da cidade, como o Vicente Pinzón", diz Bezerra.

Para o coordenador da Guarda Municipal de Fortaleza, major Plauto Lima, os números que revelam a queda no número de delitos, após o início das operações conjuntas entre Estado e Município, precisam ainda serem analisados, mas, segundo ele, "os indicadores estão sendo construídos". Ele explica que as blitze fazem parte de uma política municipal de segurança cidadã que é bem mais ampla, e envolve planos e projetos.

"Trata-se de um conjunto de projetos voltados a ações que fogem um pouco de planos convencionais. Não adianta diminuir a criminalidade se as pessoas continuarem com a sensação de medo", afirma.

Conforme Plauto, as ações municipais de prevenção e combate à violência envolvem estratégias multidisciplinares, além de reunir diversos órgãos como as secretarias de Direitos Humanos, de Combate à Fome e a Coordenadoria de Prevenção às Drogas, além do controle urbano. Essa política se subdivide em cinco eixos e um dos principais objetivos "é a antecipação à violência, isto é, agir antes que o conflito se estabeleça".

Para Plauto, a participação do cidadão é de fundamental importância. ´Não podemos deixar que a população siga pelo caminho do medo".

Desobediência provoca prisões

Alguns proprietários de bares que foram fechados durante as ações de fiscalização da Prefeitura e do Estado ainda resistem ao ordenamento e já houve casos de prisão em flagrante pelo crime de desobediência.

Segundo Plauto Lima, os casos de reincidência acontecem. Os comerciantes decidiram, por conta própria, reabrir seus estabelecimentos sem que fizessem sua regularização junto às Secretarias Executivas Regionais (SER).

"Quando é constatada a irregularidade, a Regional aplica a multa e dá prazo para que o dono do bar obtenha a documentação necessária para o seu pleno funcionamento, mas já tivemos casos em que eles reabriram sem autorização legal e foram levados para a delegacia depois de receber voz de prisão pela desobediência", assegura.

Um dos primeiros bairros a receber as operações conjuntas da PM com a Guarda Municipal e SER foi Barra do Ceará, na zona Oeste da Capital. Ali, as autoridades constataram um alto índice de estabelecimentos funcionando de forma irregular. A situação surpreendeu até mesmo as autoridades, que acabaram interditando, pelo menos, uma centena de bares. Um deles, situado na Vila do Mar, que reunia ´paredões´ de som todos os fins de semana. Passados alguns dias, o ponto comercial irregular voltou a abrir e a baderna vem se repetindo, conforme denúncias recebidas pela Reportagem. O local, conhecido como ´Bar das Estouradas´, também é ponto de venda de drogas.

Abusos

O comandante-geral da PM, coronel Werisleik Ponte Matias, explica que a participação da população em fazer denúncias é importante para o combate aos abusos provocados por comerciantes que agem irregularmente, além dos donos de ´paredões´, que causam perturbação ao sossego alheio. Segundo ele, a Capital está divida em 106 áreas operacionais do Ronda do Quarteirão e em cada uma delas as patrulhas estão atuando.

Fonte: Diário do Nordeste

Nenhum comentário: