terça-feira, 30 de abril de 2013

PM diz que não sabia de sequestro ao atirar em carro de vítima no ES


Atualizado em 30/04/2013 14h10

Mulher morreu baleada dentro de porta-malas do próprio carro, na Serra.
Investigação militar fica pronta em 40 dias e perícia, em 30.

Amanda Monteiro Do G1 ES
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Um inquérito policial militar foi aberto para analisar as condutas dos quatro policiais envolvidos na morte de uma gerente comercial vítima de sequestro-relâmpago, na noite desta segunda-feira (29), na Serra, Grande Vitória. O resultado deve sair em 40 dias. Nesta terça-feira (30), o comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar, na Serra, coronel Nylton Rodrigues, informou que os policiais não sabiam que havia reféns no veículo e reforçou que os suspeitos começaram a atirar. O caso, também, está sendo investigado pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil.
Vítima de sequestro ao lado do marido, a mulher morreu baleada dentro do porta-malas do próprio carro durante uma troca de tiros entre três criminosos e a polícia. O casal foi abordado em um semáforo na noite desta segunda-feira (29), na saída do bairro Civit, na Serra. O marido da vítima, que preferiu não se identificar, disse que ficou amarrado dentro do carro. Além da mulher morta durante a troca de tiros, um dos suspeitos também morreu. Segundo a polícia, um criminoso conseguiu fugir e outro ficou ferido e foi encaminhado para o Hospital Dório Silva. A vítima ainda foi socorrida pelo esposo e levada ao Pronto Atendimento (PA) de Serra Sede, mas não resistiu.
Investigação Militar
O coronel disse que somente os laudos poderão dizer de quem foi a responsabilidade pela morte da mulher, mas lamentou o fato. "De qualquer forma, a ocorrência foi muito mal sucedida porque nada justifica a morte de um cidadão de bem", afirmou o coronel Nylton.
Os policiais não foram afastados e permanecerão em serviço, segundo o comandante, até que se tenha consistência das responsabilidade deles. As armas utilizadas no tiroteio foram recolhidas e entregues no Departamento de Polícia Judiciária (DPJ), e passarão por exames. No local do crime, a polícia apreendeu duas armas que estavam com os suspeitos e também foram entregues.
Investigação Civil
O laudo da perícia, que vai dizer de onde partiram os tiros que atingiram a mulher, tem previsão de ser concluído em 30 dias. Segundo o delegado Fabrício Dutra, a polícia vai analisar os depoimentos e os laudos, cruzando as informações. Se houver necessidade, os envolvidos poderão ser ouvidos novamente.
Apesar do carro da polícia estar atrás do veículo onde a mulher foi atingida por tiros no porta-malas do veículo, o delegado Fabrício Dutra afirma que não há como ter certeza de que os tiros que atingiram a vítima partiram dos policiais. "O disparo não corre reto. Temos disparos que partiram dos suspeitos e foram revidados. Só a perícia vai informar quais perfurações vieram de qual arma, de dentro para fora ou de fora para dentro", explica.

Perseguição
Segundo o comandante da PM, um sargento, que tinha acabado de sair do serviço e estava fardado, viu um movimento suspeito e começou a seguir o veículo. Ele tentou contato com o 190, mas a bateria do telefone caiu. No caminho, encontrou um carro da PM perseguiu os suspeitos ao lado de um cabo e dois soldados. "Os policiais tinham a informação de que dois suspeitos saíram em alta velocidade em direção a estrada de chão, não sabiam que era um sequestro, nem que havia vítimas no carro", conta o coronel.
Segundo a polícia, os suspeitos atiraram oito vezes contra os policiais e dois tiros atingiram o carro da PM. As armas recolhidas que seriam dos suspeitos são duas pistolas. Segundo o boletim de ocorrência, a arma do sargento tinha sete tiros deflagrados; a de um soldado, oito. Outro soldado estava com duas armas, uma metralhadora, com cinco tiros deflagrados, e uma pistola, com três.
Carro atingido por tiros. (Foto: Reprodução/TV Gazeta)Carro atingido por tiros.
(Foto: Reprodução/TV Gazeta)
Sequestro
O casal foi abordado pelos três criminosos na saída do bairro Civit, na Serra, e foi levado até uma estrada de chão, entre os bairros Divinópolis e São Marcos. No local, o marido tentou negociar a liberação da esposa, mas os suspeitos perceberam a aproximação da polícia e o colocaram, novamente, no carro e fugiram. Neste momento, começou a troca de tiros. A perseguição continuou até a Rua Elisio Miranda, no bairro Nossa Senhora da Conceição, ainda na Serra, quando o suspeito perdeu o controle do carro e bateu.
O marido da vítima disse que a ação da polícia deveria ter sido diferente. “Colocaram minha esposa dentro do porta-malas e me amarraram para eu não reagir. Eu só pensava em proteger ela. A polícia podia ter emparelhado o carro e segurado, sem dar tiros. Mas houve essa troca de tiros, que acertou a minha esposa”, disse.

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