domingo, 28 de abril de 2013

Travestido, Laerte fala de censura em palestra no Flipoços: ‘É inaceitável’


  Atualizado em 28/04/2013 18h37

Ele, Caco Galhardo e Rafael Coutinho debateram humor e quadrinhos.
Bate-papo aconteceu durante a programação da 8ª edição do festival.

Jéssica Balbino Poços de Caldas, MG

Vestido de mulher, Laerte participou de palestra no Flipoços (Foto: Jéssica Balbino / G1)Vestido de mulher, Laerte participou de palestra no
Flipoços (Foto: Jéssica Balbino / G1)
Em um clima descontraído e intimista, o público que acompanhou – e lotou o Teatro da Urca – durante a palestra dos cartunistas Laerte, Caco Galhardo e Rafael Coutinho, se sentiu à vontade com o bate-papo no palco principal do Festival Literário de Poços de Caldas (Flipoços). As três gerações de histórias em quadrinhos foram discutidas pelos autores, que com bom humor, destacaram fatos políticos brasileiros, como o deputado Marcos Feliciano à frente da Comissão dos Direitos Humanos e a presença de Laerte como transgênero.
“A censura é inaceitável. A proibição só torna mais visível o que você quer reprimir”, destacou o cartunista. “Eu sou uma mulher experimental. Uma noviça”, completou Laerte, vestido de mulher.
Ainda no bate-papo envolvendo censura, os quadrinistas comentaram que “o papo de censura já não cabe mais”, disse Caco Galhardo. “Eu faço o meu humor, faço o que eu quero, mas tenho a minha responsabilidade. Eu não quero ofender ninguém, não gosto. É fazer humor e saber que está na mídia”.
Para Laerte, o jornal em que eles estão e assinam tirinhas diárias é bastante liberal. “Muito do que é publicado seria impublicável em muitos outros jornais”.
Laerte e o filho Rafael Coutinho durante palestra no Flipoços (Foto: Jéssica Balbino / G1)Laerte e o filho Rafael Coutinho durante palestra no Flipoços (Foto: Jéssica Balbino / G1)
Embora a discussão tenha caminhado para questões de gênero, que acompanham Laerte há anos e envolvem o episódio dele ao usar um banheiro feminino em 2012. “Para mim, a discussão de gênero é diferente de orientação sexual. Eu sempre fui bissexual, mas não há sentido para discutir isso”, pontuou.
O papo sobre história em quadrinhos e tirinhas ficou em segundo plano, ofuscado também pela presença do filho de Laerte, Rafael Coutinho, que respondeu perguntas sobre como foi crescer e viver ao lado do quadrinista e se tornar um também. Entretanto, os questionamentos voltaram-se para o mundo digital.
“Atualmente são os blogs, sites e flickrs que sustentam as produções de tirinhas no Brasil. Elas estão desaparecendo dos jornais, mas é infindável a quantidade de gente produzindo quadrinhos e tirinhas para a internet”, destacou Coutinho.
Por outro lado, Laerte defende o estilo brasileiro de se fazer tirinhas, mesmo que em menor escala nos últimos anos. “O que se faz nas tirinhas no Brasil não se faz em nenhum outro lugar do mundo”, disparou.
As três gerações de histórias em quadrinhos foram discutidas pelos autores (Foto: Jéssica Balbino / G1)As três gerações de histórias em quadrinhos foram discutidas pelos autores (Foto: Jéssica Balbino / G1)
Serviço – O Flipoços  começou em 27 de abril  e vai até 5 de maio no Espaço Cultural da Urca em Poços de Caldas. A entrada no espaço e para as palestras é gratuita. Mais informações sobre a programação do festival e do Flipocinhos podem ser obtidas pelo site www.feiradolivropocosdecaldas.com.br.

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