terça-feira, 14 de maio de 2013

Teste identificará qualidade de água adicionada ao leite em fraude no RS


  Atualizado em 14/05/2013 13h46

Teste vale para o leite que era adulterado por transportadores em Ibirubá.
Para promotor, exame pode apontar que havia mais substâncias no produto.


Esquema de adulteração no leite é desmontado pelo MP no RS (Foto: Reprodução/RBS TV)Esquema de adulteração no leite é desmontado pelo
MP no RS (Foto: Reprodução/RBS TV)
O Ministério Público divulgará na tarde desta terça-feira (14) o resultado da análise da água adicionada ao leite pelos produtores de Ibirubá, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul. O teste é realizado pelo laboratório da Universidade do Vale do Taquari (Univates).
O promotor Mauro Rochenback, que investiga a fraude do leite no estado, afirmou que o exame pode provar que havia mais substâncias prejudiciais à saúde nos lotes não recomendados para consumo.
"Será identificada a qualidade da água que era adicionada ao leite. Como a água era retirada de poços artesianos, que são fontes alternativas, não era tratada. Podem aparecer mais coisas graves", disse ao G1 o promotor, que estima que 90% da água retirada de poços tenha alguma contaminação.
O promotor tomará seis depoimentos sobre o caso nesta quarta-feira (15), dois em Guaporé, na Serra, e outros quatro em Ibirubá. "E pretendo oferecer a denúncia do núcleo de Guaporé amanhã (quarta)", disse Rochenback.

A Operação Leite Compensado, desencadeada na última quarta-feira (8), teve como consequência a retirada de lotes de sete marcas do mercado (veja lista aqui), a interdição de três postos de resfriamento e de uma fábrica em Estrela. Sete pessoas ainda estão presas. Destas, seis já foram ouvidas em Tapera. Cinco delas ficaram caladas e só vão se manifestar em juízo. Duas haviam sido liberadas após os depoimentos.
Adulteração era feita perto de porcos
A água adicionada ao leite em Ibirubá vinha de um poço artesiano e nem sequer era tratada. Do galpão de um sítio, o produto seguia para os postos de resfriamento. A movimentação nos sítios onde a fraude acontecia era maior à noite, quando caminhões deixavam os locais discretamente, acompanhados de batedores.
No mesmo local onde são criados porcos, funcionava um galpão onde a água e a ureia eram misturados ao leite, que eram posteriormente armazenados em caminhões sem qualquer refrigeração. O ambiente é sujo, de chão batido, e sem qualquer condição de higiene. A ureia era acrescentada ao líquido em forma de pó e contém formol, uma substância cancerígena.
A comunicação entre integrantes do esquema era feita muitas vezes através do rádio. Conforme o promotor Mauro Rochenback, a alternativa era utilizada porque o sinal de celular na região é ruim. O artifício era usado principalmente para a comunicação com caminhoneiros do transporte do produto. A música pedida, com dedicatória, servia como código.
"Eles tinham esse código. Como na região existe dificuldade em falar por telefone, eles usavam esse recurso para se comunicar. Ligavam para a rádio e diziam que queriam oferecer uma música para tal pessoa, e aí aquela pessoa sabia para onde tinha que ir, ou então para onde não poderia ir", disse o promotor. "Eram preferencialmente músicas sertanejas", completou.
Empresas serão chamadas pelo MP
Apesar de não estarem envolvidas na fraude, as indústrias serão chamadas pelo MP nos próximos dias para dar explicações sobre os testes feitos nos produtos recebidos. Quatro inquéritos civis investigam a responsabilidade das empresas Italac, Mu-Mu, Líder e Latvida, esta última interditada na quinta-feira (9). A Latvida também produzia o leite das marcas Goolac, Hollmann e Só Milk, que também tiveram lotes recolhidos por contaminação com formol.
A intenção da promotoria é regular o controle por parte da indústria sobre os produtores os transportadores e obter informações sobre como são feitos os testes de qualidade do produto. Para o MP, as indústrias falharam ao não identificar a adulteração no produto recebido.
Quem tiver embalagens fechadas dos produtos dos lotes não recomendados para consumo deve guarda-los e comunicar Ministério Público pelo e-mail consumidor@mp.rs.gov.br.
Confira a lista dos produtos não recomendados
Leite Líder - UHT Integral
SIF 4182 - Fabricação: 17/12/12
Lote: TAP 1 MB
Leite Italac - UHT Integral
Goiás Minas - SIF 1369
Fabricação: 30/10/12 - Lote: L05 KM3
Fabricação: 5/11/12 - Lote: L13 KM3
Fabricação: 7/11/12 - Lote: L18 KM3
Fabricação: 8/11/12 - Lote: L22 KM4
Fabricação: 9/11/12 - Lote: L23 KM1
Leite Italac - UHT semidesnatado
Goiás Minas - SIF 1369
Fabricação: 5/11/12 - Lote: L12 KM1
Leite Mu-Mu - UHT Integral
Vonpar - SIF 1792
Fabricação: 18/01/13
Lote: 3 ARC
Leite Latvida - UHT Desnatado
VRS - Latvida - CISPOA 661
Fabricação: 16/2/2013 Validade: 16/6/2013
O MP não divulgou o número do lote
Leite UHT Semidesnatado
VRS - CISPOA 048/661
Marca: Latvida
Lote 190 - Fabricação: 2/4/2013
Lote 193 - Fabricação: 5/4/2013
Lote 103 - Fabricação: 18/4/2013
Leite UHT Desnatado
VRS - CISPOA 037/661
Marca: Só Milk e Latvida
Lote 188 - Fabricação: 4/4/2013
Lote 198 - Fabricação: 10/4/2013
Lote 202 - Fabricação: 11/4/2013
Lote 104 - Fabricação: 15/4/2013
Leite produzido em 16/2/2013, com validade até 16/6/2013
Leite UHT Integral
VRS - CISPOA 036/661
Marcas: Hollmann, Goolac, Só Milk, Latvida
Lote: 103 - Fabricação: 1/4/2013
Lote: 184 - Fabricação: 3/4/2013
Lote: 189 - Fabricação: 4/4/2013
Lote 190 - Fabricação: 5/4/2013
Lote 196 - Fabricação: 9/4/2013
Lote 200 - Fabricação: 10/4/2013
Lote 201 - Fabricação: 19/4/2013
Lote 202 - Fabricação: 20/4/2013
Lote 204 - Fabricação: 21/4/2013
Lote 205 - Fabricação: 22/4/2013

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