Atualizado em
12/07/2013 15h54
Cinegrafista foi atingido também por granada do pé e ainda sente dores.
'Atiraram indiscriminadamente o gás, como se fosse Parabéns pra você".
no braço e na perna (Foto: Arquivo Pessoal)
Cinegrafista, ele acompanhava a manifestação em frente à sede do Governo do estado do Rio de Janeiro para a produção de um documentário independente. Os protestos reuniram cerca de 6 mil e terminaram com confronto após uma passeata na Avenida Rio Branco, no Centro.
Earp também foi alvejado no pé direito por uma granada de efeito moral, jogada pela PM para dispersar o grupo em frente ao Palácio Guanabara. O artefato provocou cortes e ferimentos na sua perna.
Em nota ao G1, a PM respondeu que os policiais fizeram uso de munição menos letal para reagir a ataques com coquetéis molotov e morteiros. A corporação não se posicionou sobre o caso do cinegrafista (leia abaixo).
Foi lá que ele foi atendido à noite. Vai realizar novos exames no pé, que ainda dói, e pegar um prontuário médico.
“Estou acompanhando os protestos desde o dia 16 de junho, durante a partida entre Itália e México no Maracanã pela Copa das Confederações. Sempre teve confusão, mas o de ontem [quinta] foi o pior de todos. Tinha muito policial (em frente ao Palácio Guanabara) para meia dúzia de gente. Usaram muito gás, foi desnecessário. Atiraram indiscriminadamente, como se fosse um ‘Parabéns pra você’”, diz o cinegrafista ao G1.
Earp diz que caiu ao ser atingido por um granada e que, depois, formou-se uma “nuvem de gás extensa” que o impedia de ver algo.
documentário (Foto: Arquivo Pessoal)
Os tiros de borracha ocorreram a uma curta distância, entre 3 e 5 metros, diz.
“Independente de ser pacífico ou não, eu sempre vou para filmar, buscar imagens melhores para o vídeo. Não tínhamos ideia que ia acontecer o que virou: uma guerra no Centro do Rio”.
atingida no confronto (Foto: Priscilla Souza/ G1)
Segundo Earp, o protesto em frente ao Palácio Guanabara estava pacífico. “Não havia nenhum movimento, os PMs começaram com agressão do nada. Naquele momento todo mundo gritava contra eles. Era muito gás que não tinha como fugir dali. Meu ouvido está apitando até agora”, relembra.
O produtor cultural diz ter marcas de bala de borracha no braço, nas costas e na perna esquerda, além de estilhaços da granada nas duas pernas e que não conseguiu ver os PMs que o atingiram. Com dor no pé e dificuldades para caminhar, foi socorrido por outros manifestantes até um prédio, onde ficou abrigado até conseguir pedir ajuda a um amigo.
“Uma alma caridosa de um prédio abriu o portão, na Avenida Pinheiro Machado (que estava bloqueada) e me jogaram para dentro, fiquei esperando a nuvem de gás passar e respirar”, diz. No hospital, segundo ele, o cheiro de gás era intenso e havia marcas de destruição.
Questionada pelo G1 sobre o caso, a PM não informou se investigaria. Em nota, a corporação disse apenas que “um grupo infiltrado entre os manifestantes arremessou
um coquetel molotov” em direção ao Palácio Guanabara e que “morteiros foram arremessados contra a tropa da Polícia Militar”, que reagiu com o emprego de armamento não letal. Um soldado foi ferido na cabeça por uma pedrada e 46 pessoas foram presas no confronto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário