sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Calçadas: Um problema do tamanho de Juazeiro do Norte


02/08/2013






André Costa
Nas principais ruas do centro de Juazeiro do Norte, pôde-se notar a inexistência da acessibilidade. (Foto: Chinês/Agência Miséria)
A chocante imagem do olho machucado da atriz Beatriz Segall, que se feriu após tropeçar e cair em uma calçada danificada no Rio de Janeiro, no último dia 21, expôs um problema conjuntural enfrentado por muitos brasileiros.

A situação das calçadas é preocupante: cheias de buracos; desniveladas; com postes fincados no meio delas obstruindo a passagem e até ambulantes queinvadem o espaço dos transeuntes com suas bancas.

Para seguirem, os pedestres são obrigados a migrar paraas vias, dividindoo espaço com automóveis. O trajeto que seria realizado, teoricamente, com tranquilidade, torna-se um desafio perigoso principalmente para idosos, crianças e cadeirantes.

Nas principais ruas do centro de Juazeiro do Norte, pôde-se notar a inexistência da acessibilidade. Em várias calçadas “o pedestre tem que disputar a vaga com os milhares de produtos expostos; é fruta, eletrônicos, calçados, brinquedos, tudo que se possa imaginar eles [vendedores] põe nas calçadas como se ali fosse um espaço privado”, relata a manicure Laura Gouveia, de 36 anos.

No entanto, o uso e ocupação indevida das calçadas não figuram sozinhas na extensa lista de itens que dificultam a acessibilidade. A má conversação é outro fator preponderante que dificulta o fluxo das pessoas.

Como relatado no início da reportagem, há cerca de duas semanas a atriz Segall ficou gravemente feriada ao tropeçar e cair por conta de um buraco na calçada. Segundo o crediarista Bruno Oliveira, 23 anos, o incidente ocorrido na Cidade Maravilhosa, é comum, também, em solo juazeirense.

Beatriz Segall caiu de cara no chão ao chegar em teatro no Rio. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Devido a minha profissão, ando bastante pelas ruas da cidade e vejo que o problema é grave. A maioria das calçadas apresentam buracos, desníveis, e já cheguei a presenciar queda de pessoas. Os idosos são as principais vítimas”. Bruno afirma, ainda, que “é impossível um cadeirante circular pelas calçadas de juazeiro do norte”.

"É impossível um cadeirante circular pelas calçadas de juazeiro do norte”. (Foto: Chinês/Agência Miséria)

Sua opinião é corroborada pelo casal Francisco Justino da Silva, 81 anos, e Francisca Honório da Silva, 79 anos, casados há 53. Francisco diz que todas as vezes que precisa ir ao centro com a esposa – que é cadeirante há sete anos – eles enfrentam dificuldades e correm riscos ao circularem por entre o corredor formado pelos carros.

Indagado sobre por que não usar as calçadas, Francisco é enfático: “Porque é impossível. Primeiro não tenho mais idade nem força para erguer a cadeira [de rodas] dela a cada rampa que encontrar, depois por a calçada mais parecer um shopping, com tanto produto e vendedor”, explica.

A ambulante Cícera Angelina, vendedora de frutas há 46 anos, reconhece o uso indevido da calçada para exposição de suas frutas e hortaliças, mas, se isenta da plena responsabilidade. “Sei que é errado; mas se não for aqui, a gente morre tudo de fome. O espaço construído pela prefeitura [parte superior do Mercado Central] não presta; já tentamos ir pra lá, mas não há clientes, as vendas eram quase zero”, diz.

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