Acadêmicos de Direito da Universidade Regional do Cariri (Urca) enviaram à nossa redação manifesto com pedido de divulgação pelo Site Miséria. No artigo, se queixam da falta de estrutura adequada e das constantes faltas de professores considerando, inclusive, ausência de compromisso destes em relação ao curso. Os alunos defendem a mobilização de todos em nome de melhorias. Eis o manifesto na íntegra:
É um absurdo ver que a terceira melhor faculdade do Ceará, em termos de aprovação no Exame da OAB seja, paradoxalmente, tão relapsa em suas funções educacionais. A realidade que se faz diante dos olhos reflete a imensa falta de respeito e compromisso por parte de alguns com os alunos do curso de Direito da Universidade Regional do Cariri (Urca). Não são recentes as queixas e os dilemas sofridos pelo corpo discente. Tendo em vista que, seguindo os meios burocráticos, nada ou muito pouco é feito para que as melhorias aconteçam. Cabe, então, fazer ouvir o nosso grito através deste artigo.
Dentre os aspectos falhos da instituição, vale ressaltar a péssima infraestrutura à qual os alunos são submetidos. A falta de um número adequado de salas e de conforto acrescida das condições precárias na qual se encontra a biblioteca, em que há restrito acervo bibliográfico e predomínio de livros desatualizados, não condizem com as expectativas que o curso provoca nos recém-ingressos. Para os que desejam participar de atividades complementares como projetos de extensão, de pesquisa, a situação é desconfortável visto que o apoio a essas práticas ainda é diminuto, mesmo após aprovação da Portaria nº 1.866, de 30 de dezembro de 2004, que instituiu novas diretrizes curriculares, entre as quais se destaca a implementação do tripé ensino, pesquisa e extensão de maneira satisfatória.
Outra questão pertinente, quiçá a mais relevante, é o contínuo descaso de alguns professores que exercem de modo errôneo os seus ofícios. Uns ausentam-se de suas atividades sem prestar justificativa aceitável, cabendo aos alunos assumirem os papéis, simultaneamente, de professor e estudante. Desse modo, não devem exigir de forma alguma serem respeitados como tais quando os próprios “brincam” com a arte de educar. Outros se acham no direito de ministrar o conteúdo superficialmente. As vezes tratando de assuntos que nada condizem com o que, de fato, deveria ser lecionado.
Ainda assim, consideram-se profissionais brilhantes cujo esplendor, no entanto, é ilusório. “É preciso reconhecer que, em muitas faculdades de direito, os professores são escolhidos apenas por critérios de prática profissional, encarando a docência como uma atividade secundária sem a preparação pedagógica devida e, portanto, tornam-se apenas improvisadores, contratados apenas para proferirem alguns discursos semanais, que deverão ser repetidos fielmente em provas e trabalhos”. (Sousa Santos, Boaventura em Para uma revolução democrática da justiça, São Paulo, 2010, p.90).
Universidade pública não é sinônimo de “cada um por si e nenhum por todos” embora, muitas vezes, aparente ser essa a situação vivenciada por esta casa. Solicitamos apenas a devida atenção que o curso merece por acreditarmos no potencial que essa instituição possui. Excelentes profissionais egressos dessa faculdade têm conquistado notoriedade no âmbito jurídico. Por isso, ela, também, é digna de prestígio e reconhecimento. Contudo, não podemos nos esquivar de apontar as questões a serem solucionadas. Embora o ensino superior não esteja entre as preferências de algumas autoridades, conforme proferiu o governador cearense a um grupo de estudantes, priorizamos o bom ensino como meio de lograr o sucesso profissional e é por esta causa justa que nos manifestamos. Comecemos, então, a luta por nossa faculdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário