A organização do evento esclarece que Barbalha foi escolhida pioneira no Cariri por sua importância e visibilidade durante o mês de junho.
A jornalista Raquel Arraes e a historiadora Jeani Duvall, concederam entrevista ao Jornal da Cetama na sexta-feira (1) e deram todas as informações sobre um movimento legítimo a favor da livre expressão feminina, contra o machismo e a violência contra a mulher. Essa é A Marcha das Vadias, um protesto que acontece no mundo inteiro e que no dia 03 se dará em Barbalha. Segundo a organização do evento, Barbalha foi escolhida como cidade pioneira no Cariri por sua importância e visibilidade durante o mês de junho, quando acontece a Festa de Santo Antônio. Infelizmente o Cariri está entre as regiões em que mais se pratica violência contra a mulher.No Cariri, porque se observou um aumento na incidência da violência contra a mulher, sendo que entre os anos de 2001 a janeiro de 2012, foram registrados 191 casos de femicídios. Já em Barbalha, segundo Raquel Marques, o número de assassinatos contra mulheres é alto em relação ao número de habitantes, sendo considerada a 11ª em homicídio feminino no ranking dos municípios brasileiros com mais de 26 mil habitantes. O Estado do Ceará é o 21º em número de mulheres assassinadas; são cerca de 165 homicídios por ano.
A Baixo, o Manifesto da Marcha das Vadias, escrito pela historiadora Jeani Duvall
Manifesto da Marcha das Vadias. Barbalha – 03 de Junho, 2012.
Por: Jeani Duvall
Marchamos no Cariri, porque se observou um aumento na incidência da violência contra a mulher, sendo que entre os anos de 2001 a janeiro de 2012, foram registrados 191 casos de femicídios. Marchamos no Cariri porque o nosso estado é o 21º em número de mulheres assassinadas; são cerca de 165 homicídios por ano.
Marchamos no Cariri porque a nossa capital é apontada como a 10ª em número de homicídios contra mulheres com cerca de 68 casos.
Marchamos em Barbalha, porque o número de assassinatos contra mulheres é alto em relação ao pouco número de habitantes desta cidade, sendo considerada a 11ª em homicídio feminino no ranking dos municípios brasileiros com mais de 26 mil habitantes.
Marchamos em Barbalha, no dia do Pau de Santo Antônio, pelo direito de sermos respeitadas independente do tamanho dos shorts e vestidos que usamos, pois sabemos que muitas mulheres já foram assediadas sexualmente e moralmente na multidão da Rua do Vidéo ou dentro das topiques e ônibus lotados.
Marchamos no Brasil porque, entre os 84 países, ele ocupa o 7º lugar em número de homicídios contra mulheres.
Marchamos no Brasil porque a cada 5 minutos uma mulher é agredida no Brasil.
Marchamos no mundo porque a violência contra a mulher não é um problema restrito ao Brasil, pois está enraizado num pensamento machista, sexista de que a mulher é incapaz de comandar o próprio corpo, sendo assim submissa ao homem.
Marchamos no mundo porque ainda prevalece no imaginário social a figura da mulher “comportada”, “bem vestida”, que desde cedo está vinculada a regras patriarcais impostas pelos pais, namorados, maridos, irmãos. E uma outra mulher, a “vadia”, que não serve para casar, que sai sozinha de casa, que frequenta bares, que só tem companhias masculinas, que é lésbica, prostituta.
Marchamos porque somos todas VADIAS. Somos mulheres de todas as cores, credos, níveis sociais. Somos seres de LUTA.
Josélio Araújo-cetama
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