Carla foi acusada de matar por ciúmes (Foto: JB Neto/Estadão Conteúdo)
Por falta de provas, a advogada Carla Cepollina, 47, foi absolvida nesta
quarta-feira (7) da acusação de assassinar seu namorado, o coronel da
reserva da Polícia Militar e deputado estadual Ubiratan Guimarães.
A vítima foi baleada em seu apartamento, nos Jardins (zona oeste de São
Paulo), no dia 9 de setembro de 2006. Ubiratan ficou famoso por ter sido
o comandante da operação conhecida como massacre do Carandiru, que
resultou na morte de 111 presos em 1992.
O júri, formado por seis homens e uma mulher, acolheu a argumentação da
defesa de que não havia provas suficientes para a condenação. O placar
foi 4 a 0 pela absolvição.
A contagem dos votos foi paralisada assim que a decisão majoritária foi
alcançada, não sendo necessária a leitura dos demais três votos dos
jurados. O julgamento começou na segunda-feira (5) e foi realizado no
Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.
Na segunda-feira (5), Cepollina, 46, disse que a acusação não tinha
provas contra ela e que os jurados perceberam isso.
"Eles não têm nenhuma evidência científica, absolutamente nada contra
mim. Eu confio na Justiça", disse aos jornalistas na saída do plenário.
Promotor diz que não vai recorrer
Após a divulgação da sentença, o promotor do caso, João Carlos
Calsavara, afirmou que a ré foi absolvida porque "quem foi julgado foi o
coronel Ubiratan".
"Quem foi julgado aqui hoje foi o coronel Ubiratan. O coronel é um homem
estigmatizado, é um ícone de uma de uma década que foi julgado aqui",
disse Calsavara.
O promotor disse ainda que a absolvição representa "o momento do país" e
disse que não vai recorrer da decisão.
"Não vou recorrer porque entendo que é o momento da vida do país, é o
momento da impunidade. Eu acho que isso reflete um pensamento de que a
polícia é um órgão que não é tão considerado a ponto de que policiais
que são mortos a sangue frio", disse.
Defesa contesta hora da morte
Hoje, um dos advogados de Cepollina encerrou o debate da defesa com um
tom agressivo. Gritando bastante, o advogado Eugenio Malavasi tentou
convencer os jurados de que não havia provas contra a ré e contestou a
hora da morte de Ubiratan.
As investigações apontam que o coronel morreu entre as 19h05 e as 20h26
da noite do dia 9 de setembro de 2006. Para a defesa, porém, Ubiratan
morreu na manhã do dia 10.
A estratégia da defesa era provocar dúvida nos jurados com base no
horário em que foi feita a necropsia --o laudo emitido não contém essa
informação, apenas informa que a morte teria ocorrido no mínimo 18 horas
antes da realização do exame.
“O laudo não revela a hora a hora da necropsia. Façamos, então, um
exercício matemático da hora da morte do coronel”, disse Malavasi.
O corpo, que só foi encontrado na noite do dia 10, foi retirado às 2h17
da madrugada do dia 11 do apartamento do coronel e, de acordo com o
advogado Malavasi, a necropsia só foi feita a partir desse horário, por
volta das 4h.
Dessa forma, ainda segundo ele, o coronel pode ter morrido às 10h do dia
10 --e não na noite do dia 9.
Com isso, a defesa tentou mostrar que Cepollina não estava mais no
apartamento quando o coronel foi morto, já que ela foi vista saindo do
prédio na noite do dia 9.
Antes da argumentação de Malavasi, a mãe e também advogada de Cepollina,
Liliana Prinzivalli, tentou descontruir a imagem de arrogante da ré e
disse que “ela é apenas uma menina que estudou”.
“Eles [acusação] querem que os senhores antipatizem com ela por causa da
diferença de classe”, disse, dirigindo-se aos jurados.
O caso
Cepollina era acusada de homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e
sem chance de defesa). Segundo o Ministério Público, ela matou o
namorado com um tiro no abdome disparado por uma das armas da própria
vítima --um revólver calibre 38 que jamais foi encontrado.
De acordo com a acusação, Cepollina teria disparado contra o policial
depois de uma discussão motivada por ciúme. Ela teria atendido um
telefonema feminino na casa do namorado e atirou, conforme a denúncia,
por ele ter rompido o relacionamento com ela.
O corpo da vítima foi localizado por assessores dele no dia 10 de
setembro de 2006.
Fonte: UOL
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