Yaçanã Nepomucena
A ponte sobre o Rio Batateiras, na Vila São Bento, teve suas cabeceiras
destruídas, voltando a causar transtornos para a população. (Foto:
Yaçanã Nepomucena)
As chuvas que caíram na região do Cariri nos últimos dias já provocaram
danos a cidade do Crato. As causas são de origem diversa. A topografia
irregular, as deficiências de infraestrutura nas comunidades e a falta
de equipamentos impedem que os órgãos municipais estejam preparados para
enfrentar um inverno rigoroso.
No município, a ponte sobre o Rio Batateiras, na Vila São Bento, que é o
principal corredor de acesso para a população residente na Vila Padre
Cícero, Jenipapo, Sítio Malhada e Quebra, teve suas cabeceiras
destruídas.
Interditado
No local, por mais de um mês, o trânsito, que é intenso, foi interditado
por motivo da obra e devido a grande quantidade de lama que não
permitia a passagem dos veículos.
Para chegar às localidades, os pedestres e motoristas precisaram passar
por debaixo do equipamento. Mas, desde o último dia 2, a travessia
antiga foi retomada, satisfazendo as comunidades locais.
Ainda em 2011, quando aconteceu uma enchente que ocasionou vários
sinistros, como o do Canal do Rio Granjeiro e o desmoronamento de
residências, o Ministério da Integração Nacional destinou uma verba no
valor de aproximadamente R$ 677 mil para a construção de uma nova ponte
na Vila São Bento.
Após a ordem de serviço, que foi dada no final do primeiro semestre
deste ano, a obra foi iniciada. Porém, durante a execução, a sondagem do
terreno indicou que a construção não estava de acordo com o que o
estudo topográfico anterior tinha indicado. O projeto previa uma
fundação direta. No local, segundo o secretário de Infraestrutura do
município, José Muniz, que também é engenheiro, foi necessário fazer um
desvio no manancial e rebaixar o lençol freático para identificar a
profundidade das fundações até encontrar um material seguro.
Paralisação
Por causa disso, há cerca de dois meses a obra foi paralisada. "A gente
precisa de dados técnicos. Estamos aguardando o posicionamento do
geólogo sobre a sondagem do terreno. Só a partir do que ele indicar
iremos redimensionar a fundação da ponte e dar início ao procedimento
construtivo dela. Assim, pedimos a compreensão da população", afirma
José Muniz.
Agora, a Secretaria de Infraestrutura aguarda um novo relatório sobre as
sondagens das fundações para que possa redimensionar os alicerces.
Diante do problema, diariamente, o local está sendo vistoriado pelos
técnicos do órgão. Mas, de acordo com eles, não há riscos de
desabamento.
Depois da indicação dos estudos, a Secretaria irá realizar a
reprogramação da obra e dos prazos de entrega.
Todos os serviços são de responsabilidade da construtora JF Engenharia
Ltda, que ganhou a licitação da obra. O equipamento já não atende mais
as demandas. O plano é construir uma ponte mais larga do que a
existente, com 8,60 metros de largura por 30 de extensão. A atual tem
apenas 2,50 metros de largura por dez de extensão.
A ponte sobre o Rio Batateiras na Vila São Bento é um dos problemas
antigos que se arrasta sem solução. Atualmente, o obstáculo está gerando
também uma desvalorização dos imóveis. Desesperados com a inércia da
obra de requalificação, alguns dos proprietários estão pondo suas casas à
venda. Como conta o aposentado Miguel Sales. "A gente nasceu e se criou
com esse problema. Quando acontecem fortes chuvas, não passa ninguém
por essa ponte. A nossa esperança é que com a mudança de prefeito a
construção seja concluída", revela.
Em épocas de chuvas, os principais problemas enfrentados pelo município
estão relacionados as erosões, existência de casas de taipa, construções
irregulares nas encostas e aos esgotos à céu aberto que ocasionam as
voçorocas. Ao todo, já foram reconhecidas quatro áreas de risco pela
Defesa Civil do município.
Entre as ações que tentam por fim a essas dificuldades estão a
construção de 24 unidades habitacionais, que serão entregues às famílias
que residem no Bairro Seminário, em um prazo máximo de 30 dias. Outras
100 casas serão erguidas.
As obras deverão ter início no próximo mês de janeiro. Para acompanhar a
ocorrência de possíveis sinistros, a Defesa Civil Municipal já está
articulando suas atividades.
O canal do Rio Granjeiro, que é a principal área de risco da cidade,
sofreu novos danos. Desde janeiro de 2011, quando foi destruído, a
população residente nas proximidades fez diversas manifestações para
cobrar um método seguro de reconstrução.
Fiscalização
A obra está sob fiscalização do Departamento de Arquitetura e Engenharia
do Estado (DAE), que vem realizando serviços de retirada dos entulhos e
a concretagem da laje do fundo do canal.
Ao todo, a reconstrução de emergência desta etapa, está orçada em R$7,6
milhões, sendo os recursos provenientes do Governo do Estado.
Entretanto, o Ministério da Integração Nacional liberou R$ 4 milhões
para a realização das obras emergenciais. Do valor, apenas R$
2.520.000,00 foram alocados no primeiro momento dos serviços.
Fonte: Diário do Nordeste
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