segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Tablets impõem um fim à era dos netbooks










A estudante Bárbara Danthéias é fã dos netbooks e se diz frustrada com fim da produção (Foto: JL Rosa)
O ano de 2012 não marcou o fim do mundo como os maias previram, mas determinou a extinção de uma espécie tecnológica em particular. Em 2013, os netbooks dão adeus às esteiras de produção. As duas únicas empresas que ainda continuavam a fabricá-lo, as taiwanesas Acer e Asus, oficializaram o fim da linha para o modelo.

Em 2007, quando surgiram no mercado, os netbooks foram vistos como um bote salva-vidas para a indústria de PCs. Em plena crise econômica mundial, o pequeno computador era uma opção mais atrativa ao consumidor. Em comparação com o principal concorrente à época, o notebook, o "net" oferecia maior portabilidade: a tela, de tamanho reduzido, tinha no máximo 10 polegadas, enquanto a de um "note" tradicional era de, no mínimo, 13 polegadas. Um net pesava algo em torno de 1 Kg e o note, pelo menos, o dobro disso. O preço mais baixo era outra vantagem: no Brasil, os modelos mais baratos saíam por R$ 699.

A universitária Bárbara Danthéias ganhou um netbook no Natal de 2011 e, desde então, é uma grande fã do aparelho. "Às vezes, a gente precisa terminar ou organizar trabalhos na faculdade e o netbook é ótimo para isso, tanto pelo tamanho dele quanto pelo fato de conter programas básicos, como o Word", explica. Mesmo assim, a estudante reconhece as limitações do computador portátil. "A capacidade dele é bem inferior se comparada à de um notebook. Mas, nesses casos, ele já resolvia o meu problema", comenta. Bárbara se refere principalmente ao poder de armazenamento dos netbooks, em média 160 GB, enquanto os principais notebooks já ultrapassaram os 500 GB.

Com o passar dos anos, os fatores de atração dos consumidores para os netbooks foram diminuindo. É o que analisou o jornal inglês "The Guardian", explicando que uma das principais razões para o desaparecimento dos menores modelos foi a recuperação da economia mundial da crise iniciada em 2008. Com o alívio da crise financeira, as pessoas de volta para os computadores mais caros e mais potentes, como os novos "ultrabooks" e notebooks tradicionais. Percebendo isso, companhias como Dell, Samsung e HP já vinham, desde o fim de 2011, parando de produzir netbooks para apostar em aparelhos mais sofisticados.

Onda dos ´sem teclado´

Outro motivo foi o surgimento de tecnologias como os smartphones e tablets no mercado, que substituíram com maior eficácia as necessidades de portabilidade, acesso à internet, trabalho e entretenimento. Em 2011, a empresa de pesquisa Canalys divulgou que as vendas de netbooks caíram 25% em nível global, o que representou 29,4 milhões de produtos. Por outro lado, 63 milhões de tablets foram comercializados.

Segundo o IDC, as quedas são ainda mais antigas. O número de netbooks vendidos nos Estados Unidos cai vertiginosamente desde 2010. Em apenas dois anos, foram 1,25 milhões de unidades vendidas a menos. Além disso, graças ao preço barato, as companhias não conseguiam obter grandes margens de lucro que justificassem continuar a fabricação dos modelos após a diminuição das vendas.

Ronaldo Moura, analista de marketing da loja cearense Ibyte, concorda com a parcela de culpa dos tablets na extinção dos netbooks. "O tablet faz as mesmas coisas que o net e o custo é mais barato", explica. Um computador portátil tem quase o mesmo preço de dois tablets nos modelos mais acessíveis. "Os valores (dos netbooks) têm baixado, mas não tanto para se igualar aos de um tablet", afirma Ronaldo Moura.

Substituição
Segundo Felipe Nogueira, gerente comercial da Cecomil, "as vendas de netbooks na loja caíram em torno de 60% comparado com 2011". Nogueira acrescenta que os tablets aparecem nos registros do estabelecimento com o mesmo percentual, só que positivo, de ascendência na comercialização. Para o gerente comercial, os números só confirmam a substituição de um aparato tecnológico por outro na preferência do consumidor.

Mas nem todos os consumidores compartilham dessa preferência. "Para mim, o tablet não compensa, porque eu nunca me acostumei com o teclado touchscreen. Até mesmo no celular eu acho chato", opina a estudante Bárbara Danthéias. "Fiquei meio chateada quando soube que os netbooks deixariam de ser produzidos em 2013, porque eu tinha planos de comprar um melhor daqui a algum tempo, o que não vai ser mais possível", lamenta a estudante.

Notebooks devem ficar para trás em 2013

Não foram só os netbooks que ficaram para trás na disputa mercadológica com tablets e smartphones. De acordo com previsão da NPD DisplaySearch, as vendas de tablets também vão ultrapassar as de notebooks em 2013. Segundo a pesquisa, a expectativa é de que sejam vendidos neste ano 240 milhões de tablets, em oposição a 207 milhões de notebooks.

Comparativamente, a previsão é de que, neste ano, sejam vendidos 64% de tablets a mais do que em 2012. Os líderes de vendas devem ser os modelos com telas entre sete e oito polegadas, que representam 108 milhões de unidades (45% do total). Dispositivos maiores, como o iPad de 9,7 polegadas, devem perder espaço, alcançando somente 17% das vendas - cerca de 41 milhões de aparelhos.

Os países de economia emergente serão os responsáveis pelo impulso nesse segmento de mercado, prevê a NPD DisplaySearch. Essa ampliação no mercado se deve também pelo aumento no número de modelos em 2012. No ano passado, a Samsung apresentou uma linha de tablets para diferentes gostos e bolsos; a Amazon aumentou a série Kindle Fire; a Apple lançou o iPad Mini; a Microsoft, o Surface; e a Google, a linha Nexus.

As vendas globais de PCs também caíram no fim de 2012, segundo a consultoria IDC. Mesmo o lançamento do Windows 8, novo sistema operacional da Microsoft, não foi suficiente para estimular os consumidores. A IDC justificou a frustração afirmando que os fabricantes não estão conseguindo lançar máquinas atraentes no mercado.

Os fabricantes de PCs venderam 89,8 milhões de unidades no último trimestre do ano passado, 6,4% a menos que o mesmo período de 2011. Esses números marcam o pior resultado dessa indústria em mais de cinco anos.

A indústria vendeu 352 milhões de PCs em 2012, 3,2% a menos do que no ano anterior. A IDC prevê um crescimento de 2,8% em 2013.

´PC Plus´
A chinesa Lenovo, a caminho de se tornar a maior fabricante mundial de computadores pessoais, está se preparando para explorar aquilo que chama de era "PC Plus", com a empresa expandindo sua capacidade de produção em grandes mercados, entre os quais os EUA. A companhia chinesa se movimenta enquanto Hewlett-Packard, Dell e outras empresas líderes do setor de computação enfrentam dificuldades para sustentar seu crescimento.

Para a Lenovo, os computadores não estão a caminho de desaparecer. "Não vivemos em um mundo pós-PC", disse Yuanqing Yang, presidente-executivo da Lenovo, em entrevista à agência de notícias Reuters. "Estamos entrando na era PC Plus", afirmou. Para Yang, o mundo pós-PC só vai surgir para um grupo: as empresas que não inovarem em seus computadores.

A Lenovo, disse ele, redefiniu a categoria com produtos como o Yoga, um laptop com o Windows 8 que pode ser convertido em tablet dobrando a tela para trás, ou o Twist, um laptop cuja tela fica conectada à base por uma dobradiça. Os dois vêm tendo vendas fortes nos EUA, com a Lenovo conquistando 40% de participação no segmento com preços acima de US$ 900.

Desaceleração
25% foi a queda na venda de netbooks em nível global em 2011, afetando 29,4 milhões de unidades. No ano, 63 milhões de tablets foram vendidos

FIQUE POR DENTRO

Aparelho da Asus foi o pioneiro da categoria

A categoria de notebooks compactos, com recursos reduzidos e preço baixo, batizada de "netbooks" (por conta de suas características mais voltadas para o acesso à internet) surgiu em 2007. O "EeePC", apresentado pela fabricante taiwanesa Asus naquele ano, foi um modelo desenvolvido baseado em um projeto de computador para criança. A primeira versão do modelo, o EeePC 700, tinha monitor de 7 polegadas e espaço em disco de apenas 4 GB, do tipo SSD. O modelo EeePC 900 foi lançado no mercado alguns meses depois, com monitor de 9 polegadas e 20 GB de armazenamento em memória SSD.


Fonte: Diário do Nordeste 

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