O taxista que conduziu Suzana até o colégio católico onde o menino estudava e os levou ao hotel disse, na delegacia, que costumava anotar os números dos clientes. Ele já tinha o celular dela, quando combinaram a corrida, e registrou um número fixo, a identificando como “Cliente Medianeira”, ao receber uma ligação dela após o crime. Em depoimento, disse ter ouvido uma mulher ao fundo dizendo: “Devolve essa criança!”. Suzana, então, teria respondido: “Não dá mais”.
- Um senhor tinha me abordado no ponto de táxi e dito que o menino tinha sido sequestrado. Aí, liguei para o número fixo e perguntei: “Suzana, onde está esse garoto?”. Ela desconversou, dizendo que eu tinha confundido o número. Mas era a voz dela. Aí, nos fundos, escutei a voz de outra mulher. Depois, a Suzana desligou - contou o taxista.
O telefone foi entregue à polícia, que já identificou a vizinha de Suzana e irá intimá-la para prestar depoimento na próxima semana. O delegado João Mário de Omena disse que irá investigar se a vizinha soube que o menino tinha sido levado do colégio. Caso a hipótese se confirme, a polícia irá apurar quando isso ocorreu.
- Precisamos saber se ela soube do sequestro antes, durante ou depois. Se soube antes e ajudou de alguma forma, estará comprovada a participação dela no crime. Se houver necessidade, vou pedir a quebra do sigilo telefônico. Nenhum detalhe vai passar batido - garantiu Omena.
Cerca de 40 minutos depois de levar a manicure e o menino do colégio ao hotel, o taxista recebeu uma ligação de Suzana de um número restrito. Ela tentou se passar pela mãe do garoto e perguntou quem tinha liberado João Felipe, porque ele não estava autorizado a deixar a escola. Em seguida, ligou novamente.
Desta vez, do telefone fixo da vizinha, Suzana teria tentado seduzi-lo, dizendo que voltaria a falar com ele. Por volta das 19h de segunda-feira, um parente de João Felipe foi ao ponto de táxi e perguntou a Rafael se era ele quem tinha buscado o menino no colégio. Em seguida, disse que João Felipe tinha sido sequestrado. Rafael, então, fez a ligação para Suzana, identificada no seu celular como “Cliente Medianeira”, e ouviu a voz da vizinha.
Mãe do menino disse se sentir traída
Um relato à polícia dado a portas fechadas sobre a manicure teve tom de desabafo. A mãe do menino, a empresária Aline Eiras Sant‘Ana Bichara, de 38 anos, intercalava com lágrimas os detalhes sobre a relação de amizade com a manicure, cultivada em três anos de convivência: “Me senti traída”, contou.
Num depoimento de cerca de duas horas, registrado na tarde desta terça-feira na 88ª DP, Aline disse que considerava a mulher que matou o seu filho como uma pessoa íntima.
— Ela falava com a manicure sobre coisas que não falava para nenhuma outra pessoa — disse o delegado João Mário de Omena, responsável pela investigação.
Aline lembrou que foi consolada pela assassina quando descobriu o desaparecimento do filho no Instituto Medianeira, colégio católico onde João Felipe foi levado pela manicure para ser assassinado. Horas depois, o corpo do menino foi encontrado dentro de uma mala na casa onde Suzana do Carmo morava, na área central de Barra do Piraí.
— A Aline está destruída. Chorava o tempo todo no depoimento e pedia ajuda, dizendo que essa situação não pode ficar impune. Ela se sentiu traída — explicou o delegado.
Tragédia caiu 'como uma bomba' em família
João Felipe foi enterrado na manha da última terça-feira no Cemitério Parque Recanto da Paz, em Barra do Piraí. Avô do menino, Heraldo Bichara, de 71 anos, disse que a morte caiu “como uma bomba atômica” sobre a família:
- Está sendo muito difícil. Era um menino que tinha uma vida toda pela frente, tinha tudo para ter uma vida feliz. Foi como se tivesse caído uma bomba atômica na nossa cabeça.
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