Atualizado em
29/03/2013 16h25
Comissão de Direitos Humanos da OAB de Rondônia denuncia situação.
Local tem capacidade para 35 pacientes, mas atende 61.
Presa é mantida acorrentada no Hospital de Base em Porto Velho (Foto: Comissão de Direitos Humanos da OAB/Divulgação)
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Rondônia
(OAB-RO) denunciou, nesta sexta-feira (29), a situação de três
pacientes que cumprem pena e estão internados na ala psiquiátrica do
Hospital de Base Ary Pinheiro, em Porto Velho.
Durante vistoria foi constatado que os presos ficam acorrentados junto
aos leitos. A superlotação da ala também é alvo de denúncia. A ala
possui capacidade para atender 35 pessoas, mas possui 61 pacientes.A vistoria foi realizada na quinta-feira (28). A Secretaria de Estado de Justiça (Sejus) afirma que o Tribunal de Justiça de Rondônia, através da vara de execuções penais, é quem determina para onde os presos nessas condições são encaminhados.
De acordo com a comissão, os pacientes em situação de regime de pena são mantidos acorrentados 24 horas por dia, mesmo o hospital não sendo uma instituição para cumprimento de pena. “São pacientes sem o direito a caminharem, sem práticas de atividades físicas ou fisioterapêuticas”, relata Vinicius Valentin Raduan Miguel, advogado membro da comissão. Apenas um agente penitenciário é responsável pela supervisão dos presos, mas de acordo com o relatório este agente fica fora da sala onde os presos estão alojados, cerca de 500 metros de distância.
O relatório aponta que banheiros apresentam vazamento com frequência, a água e o mau cheiro chegam a invadir as salas, onde os pacientes dormem no chão, devido à falta de leitos. O local não possui condicionadores de ar ou mesmo ventiladores. As necessidades fisiológicas, assim como a alimentação, são feitas no próprio local, em vasilhames fornecidos pela equipe médica.
Comissão
denuncia condição insalubre e superlotação em ala de psiquiatria de
Hospital de Base (Foto: Comissão de Direitos Humanos da OAB/Divulgação)
De acordo com Vinicius Miguel, a vistoria na ala foi realizada após
denúncia encaminhada ao órgão. Acompanhados de representados do Conselho
Regional de Medicina (Cremero) e de um psicólogo da Universidade
Federal de Rondônia (Unir), a Comissão de Direitos Humanos constatou a
precariedade no atendimento aos pacientes com problema psiquiátricos e a
superlotação do local.No pedido encaminhado à Justiça, os advogados membros da comissão pedem a soltura dos pacientes mantidos acorrentados pois não podem estar submetidos a constrangimentos. “A sujeição às correntes com cadeados como medida de contenção mecânica não encontra guarida em nosso ordenamento jurídico-constitucional”, diz trecho do pedido.
A Secretaria de Estado de Justiça (Sejus) informou que Rondônia possui uma residência terapêutica para receber presos com problemas psiquiátricos. O G1 tentou contato com o Tribunal de Justiça de Rondônia e com a direção do Hospital de Base Ary Pinheiro, mas nenhum representante dos órgãos foi encontrado para falar sobre o assunto.
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