quinta-feira, 5 de julho de 2012

Crato - CE - Novas praças sem acessibilidade






As reformas para requalificação de logradouros públicos não favoreceram acesso para pessoas especiais. (Foto: Diário do Nordeste)

Incoerente. É assim que os deficientes visuais da região do Cariri julgam as obras de requalificação das praças centrais do Crato. Durante a reforma e como medida inclusiva das pessoas com deficiência visual, a Secretaria das Cidades, órgão responsável pela execução, equipou os espaços com módulos de piso tátil, que permite a mobilidade e orientação com segurança. Entretanto, a medida não funcionou. O que deveria servir de orientação direciona o deficiente visual aos obstáculos, como postes de iluminação.

De acordo com o Centro Educativo do Cariri de Apoio às Pessoas com Deficiência Visual (CEC), o piso passou a representar um perigo para quem não enxerga, pois há o risco de bater nos postes ao caminhar pela área destinada aos portadores de deficiência visual.

Grande movimentação

Antes da requalificação das praças centrais, não havia na cidade acessórios que permitissem a acessibilidade nas ruas. O piso tátil foi colocado entre as Praças São Vicente até a Sé, local de grande movimentação de pedestres. A maior reclamação dos deficientes visuais é quanto à permanência inadequada do equipamento de orientação.

Eles solicitam que a obra seja refeita urgentemente, já que pode gerar danos aos usuários. Para estar de acordo com as normas de acessibilidade, o piso tátil precisaria guiar os deficientes por uma via segura e sem obstáculos. Para as pessoas com deficiência visual, outro grande problema está entre as calçadas e as travessias de ruas, onde ainda não existem sinais sonoros e relevos nos percursos, que avisem sobre o fim da pista tátil.

Atualmente, estão cadastrados mais de 30 deficientes visuais no CEC. Todos eles recebem, diariamente, orientações sobre as técnicas de mobilidade urbana. As noções vão desde a locomoção em casa até ao trânsito nas ruas. Segundo a instituição, as principais dificuldades para os deficientes visuais da região do Cariri são a ausência de sinais sonoros nas vias, pista tátil em todas as ruas, além do funcionamento dos equipamentos eletrônicos inclusivos, como o retorno de voz dos caixas eletrônicos instalados nos bancos.

Guias videntes

De acordo com a fiscal de administração do CEC, Elisângela Gonçalves Arruda, a maioria dos deficientes visuais transitam acompanhados de guias videntes. Ela diz, que sem o auxílio das pessoas que enxergam, é impossível andar pelas ruas com segurança. As vias ainda estão inacessíveis. "Muitos deficientes visuais evitam ir às ruas sozinhos temendo acidentes. É preciso que as autoridades entendam que eles só têm dificuldades quando não há acessibilidade", destaca Elisângela.

Ela conta, ainda, que outro grande atraso para a região é a falta de um número suficiente de pessoas capacitadas para treinar os deficientes visuais com relação ao deslocamento.

O valor total da obra de requalificação das praças centrais ultrapassa a ordem de R$ 5 milhões. Segundo a Secretaria das Cidades, antes do início da reforma, foram realizados estudos técnicos sobre a colocação do piso tátil. Mas, em cumprimento de um acordo, quando foi iniciada a instalação do piso, os postes deveriam ter sido realocados pela Coelce.

Sem previsão

Após o erro na obra, a Secretaria reapresentou o projeto à companhia energética e espera que a medida seja atendida. O processo de implantação do piso tátil, atualmente, encontra-se sob responsabilidade do Departamento de Arquitetura e Engenharia (DAE). Ainda não há previsão para a solução do problema.

A rotina de dependência, para os deficientes, é uma limitação que não permite a autonomia e individualidade. Apesar das cidades ainda não atenderem às necessidades das pessoas com visão reduzida, segundo a CEC, a região já avançou no que diz respeito à inclusão escolar destas pessoas.

Salas de aula

Hoje, nas escolas, existem salas de aulas multifuncionais que permitem o ensino de Braille, sistema utilizado universalmente para a leitura e escrita de pessoas com deficiência visual e programas com leitores de telas que capacitam o aluno a frequentarem as salas de aulas regulares.

Além das escolas inclusivas, existe só o Centro Educativo do Cariri de Apoio às Pessoas com Deficiência Visual, com alternativas de inclusão para os que sofre com as limitações visuais.

Mais informações:

Secretaria das Cidades
Avenida Gal. Afonso Albuquerque Lima - Edifício Seplag
Cambeba- Fortaleza
Telefone: (85) 3101.4448

Fonte: Diário do Nordeste

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